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Como curar-se do desapontamento

Da edição de julho de 1975 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando uma pessoa nos desaponta e lhe perdoamos a ofensa apenas superficialmente, talvez continuemos feridos secretamente, sentindo-nos decepcionados com alguém cuja conduta importa-nos profundamente.

Se aceitarmos tal estremecimento de relações, isso facilmente nos poderá tornar excessivamente cautelosos em nosso relacionamento com outros. Para evitar a mágoa que ulteriores desapontamentos nos possam causar, talvez estabeleçamos nossas esperanças em nível deliberadamente baixo e, em vez de olhar para amizades vitais, optemos meramente por relações com pessoas a quem chamamos nossas conhecidas, relações superficiais, sem interesse recíproco e pouco compensadoras. No entanto, tal atitude não contribui para nossa verdadeira realização. Significa permanecer pobre de amizades quando poderíamos tê-las abundantemente.

Certo dia fiz uma descoberta que me dizia respeito e que me surpreendeu. Durante um período de meditação devota, ao encarar-me sob luz mais intensa, veio-me a idéia um tanto perturbadora, de que havia anos eu me sentia profundamente desapontado com os seres humanos em geral.

Enquanto pensava nisso conjeturei que talvez na minha juventude, o idealista em mim, almejando ter um mundo povoado de homens e mulheres nobres e perfeitos, se tenha ajustado com dificuldade à cena humana, com sua mistura de bem e de mal. Esse ajustamento foi, sem dúvida, relutante e emocionalmente caro, e o resultado foi um desapontamento que eu não havia reconhecido, profundamente recalcado, com relação aos homens com os quais eu lidava.

Esse desapontamento, trazido à superfície pela ação reveladora da oração científica e cristã, eu o compreendia agora claramente ser empecilho ao meu progresso. Apanhei um vislumbre de como esse sentimento recalcado, durante os anos de sua atividade insuspeitada, havia exercido uma influência limitadora e paralisante sobre minhas relações com outros.

Mas a Ciência Cristã não se limita a trazer os males à superfície e deixá-los aí para que vivamos com eles consciente em vez de inconscientemente. A revelação que Mary Baker Eddy teve de que a criação, inclusive o homem, é espiritual e perfeita, fornece a ferramenta universal com a qual se abrem as comportas da Verdade, pelas quais o erro — o mal de toda espécie — pode ser levado de roldão pelas águas que purificam completamente.

Enquanto eu aplicava a compreensão espiritual adquirida pelo estudo da Ciência Cristã, o profundo desapontamento que eu havia nutrido, foi completamente eliminado e elevei-me a um nível mais alto de alegria de viver. Tinha comprovado que alguma compreensão da verdade de que o reflexo de Deus, o homem, é espiritual e impecável, não só cura nossos sentimentos de mágoa ou frustração, mas também transforma toda nossa perspectiva.

Referindo-se à visão de S. João, em que este viu um novo céu e uma nova terra, a Sr.a Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Esse testemunho das Sagradas Escrituras sustenta o fato, na Ciência, de que os céus e a terra são espirituais para uma certa consciência humana, aquela consciência que Deus outorga, ao passo que para outra, isto é, a mente humana não iluminada, a visão é material.”

No parágrafo seguinte ela diz: “Essa consciência científica veio acompanhada de outra revelação, a saber, a declaração vinda do céu, harmonia suprema, de que Deus, o Princípio divino da harmonia, está sempre com os homens, e que estes são Seu povo.” Ciência e Saúde, p. 573;

Assim somos deveras o povo de Deus, todos nós — formados e governados pelo “Princípio divino da harmonia”. Isso oferece uma opção não é? Podemos olhar para os homens ao nosso redor como pessoas físicas com muitos defeitos, vendo-os com “a mente humana não iluminada”; ou podemos empenhar-nos em nos elevarmos até a “consciência que Deus outorga” e vê-los como filhos perfeitos e espirituais do único e divino Pai-Mãe.

Cristo Jesus disse: “Não julgueis segundo a aparência, e, sim, pela reta justiça.” João 7:24; Deus estava na vanguarda de sua vida. Ele via a evidência da presença de Deus em toda parte. Se nos apegamos a um julgamento humano não esclarecido sobre nós mesmos e sobre nosso próximo, estamos adotando o imperfeito e não deveríamos ficar surpresos se às vezes somos desapontados e magoados. Se procurarmos a imperfeição, provavelmente ficaremos convencidos de que a estamos vendo, pois, como a Sr.a Eddy escreve: “A mente mortal vê o que crê, tão certamente como crê no que vê.” Ciência e Saúde, p. 86;

Esperando que as pessoas nos decepcionem, descobriremos nossa experiência humana a exemplificar o ditado bíblico: “Aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” Gálatas 6:7; Mas se humildemente nos dirigirmos a Deus, a Mente infinita, pedindo-Lhe para dar-nos a capacidade de julgar “pela reta justiça”, cresceremos em consciência espiritual, aquela intuição espiritual que pertence à nossa identidade real e interior que Deus conhece para sempre como sua obra espiritual e perfeita.

A aquisição e a manutenção de tal perspectiva requer disciplina de pensamento, escolha mental. Mas, acaso isso não vem a ser uma extensão de nosso hábito normal de fazer escolhas? Todos escolhemos aquilo em que aprendemos a confiar, aquelas coisas que a inteligência nos diz valer a pena que as tenhamos.

Acaso não é importante confiar em perspectivas verdadeiras sobre o homem, em vez de em perspectivas falsas? Podemos chamar a isso de escolha inteligente — ou, melhor ainda, de escolha feita para a eternidade. O modo de conseguir a camaradagem satisfatória da existência puramente espiritual consiste em aprender a percebê-la, pois ela já é nossa na Verdade, e precisa apenas da nossa visão inspirada para tornar-se conscientemente nossa.

Será que, para nós, as outras pessoas são apenas seres humanos imperfeitos? Ou será que podemos vê-las — não com a visão corpórea mas com o discernimento da compreensão espiritual — como filhos perfeitos de Deus? E o que dizer de nós mesmos? Acaso vemo-nos como mortais imperfeitos ou como filhos e filhas de Deus, portanto espirituais e imortais? Será que conhecemos e expressamos a alegria que essa compreensão produz?

Não há dúvida, as ilusões da carne ainda estão ao nosso redor! A materialidade não desaparece instantaneamente só porque estamos aprendendo que ela é irreal. Mas há uma grande diferença entre acreditar na sua realidade e em compreender que ela é apenas crença mortal, que não tem fundamento na Verdade.

Acaso significa isso que devemos ignorar o mal que parece prevalecer entre os homens? Não. Jesus não ignorava o mal, mas conhecia sua natureza inverídica e não o reforçava mediante revide ou vingança. Instruiu seus discípulos dizendo: “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas.” Mateus 10:16; E para Judas, seu traidor, disse: “O que pretendes fazer, faze-o depressa.” João 13:27.

À medida que aprendermos a enxergar e a amar o homem a quem Deus fez e ama, não ficaremos decepcionados com as grotescas caricaturas do verdadeiro homem, caricaturas essas que a mortalidade nos apresenta. Cresceremos na compreensão de que não há homem que desaponte ou fique desapontado.

Quando aqueles com quem mantemos relações descobrem que recusamos ficar desapontados com eles, isso contribui para que vejam a si mesmos e a outros numa luz mais benévola. Porventura todos nós não achamos mais fácil exibir nossas melhores qualidades humanas quando estamos com aqueles que têm boa opinião a nosso respeito?

Se a outras pessoas — ou a nós mesmos — é difícil viver sempre à altura de nossos desejos ou esperanças, não é preciso cometer o engano de pensar que nossas relações humanas estejam estremecidas. Podemos reconhecer que as únicas relações verdadeiras são aquelas que Deus mantém no relacionamento harmonioso de Suas idéias imortais.

Como conseqüência disso, as reações humanas que se poderiam chamar de desapontadoras, serão menos intensas — ou até serão transformadas — e essa é a evidência abençoada de que a Verdade não só nos curou de nossos próprios desapontamentos, mas que também nos deu a capacidade de curar o desapontamento em outros.

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