Decisões a tomar são tantas e tão complexas. A maioria das pessoas toma várias decisões por dia, e o dilema de Hamlet, “ser ou não ser”, pode parecer elementar a chefes de estado, a juízes e jurados, a homens de negócio modernos que precisam selecionar equipamento de vários milhões de cruzeiros, e até mesmo a compradores domésticos diante das múltiplas opções de um supermercado. “Se ao menos existisse uma inteligência infalível a quem eu pudesse consultar?”, é um desejo muito comum.
A Ciência Cristã afirma que tal inteligência existe. Revela Deus como Mente divina onisciente e o homem como a manifestação de Deus, em eterna união com Ele. Assim, qualquer que seja o nosso problema, sempre podemos voltar-nos a Ele em busca de orientação. Quando temos que decidir o que, qual, quem, quando ou onde — não importa quão pequena ou grande seja a questão — devemos estar confiantes de que Deus, a Mente, a inteligência infinita, pode mostrar-nos a solução.
E, como podemos habilitar-nos a essa orientação?
Talvez seja útil considerar alguns incidentes na Bíblia, que mostram como a humanidade foi se tornando mais esclarecida e passou a confiar cada vez mais na orientação de Deus nos assuntos humanos.
Um dos antigos relatos das Escrituras refere-se ao método de escolha por sorteio. Arão foi instruído a apresentar dois bodes à porta do tabernáculo para serem ofertados ao Senhor. Um para ser sacrificado e o outro para ser solto no deserto. O destino dos bodes seria determinado por lançamento de sorte. Ver Levítico 16:7–10; Aparentemente era uma questão de sorte, qual deles sobreviveria. Um método primitivo, poder-se-ia pensar, mas que é freqüentemente empregado hoje em dia.
Mais tarde, amadureceu bastante o conceito dos israelitas sobre Deus como guia e consolador espiritual presente. Quando Samuel foi incumbido da tarefa de encontrar o “ungido” do Senhor e anunciá-lo, voltou-se a Deus por orientação e intuitivamente soube que Davi, o mais moço dos filhos de Jessé, era o escolhido. A Bíblia relata: “Disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, pois este é ele.” 1 Samuel 16:12;
Embora o costume de lançar sortes estivesse profundamente arraigado nos antigos ritos, o Antigo Testamento não menciona seu uso pelos seguidores de Deus após a era de Davi. Presume-se que o conceito, recémdespertado nos profetas, de comunhão direta com Deus, tenha tornado obsoleto o velho método do sorteio sagrado. Contudo, após a crucificação de Cristo Jesus, antes que o influxo de luz espiritual viesse aos discípulos em Jerusalém no dia de Pentecoste, estes combinaram o antigo método de lançar sortes com a oração quando Matias foi escolhido para tomar o lugar de Judas. Primeiro oraram e, então, “os lançaram em sortes” Atos 1:26;.
Hoje em dia, sempre podemos contar com a orientação divina em nossas tomadas de decisão, se em oração nos voltamos a Deus para conhecer Sua vontade. Podemos estar tão seguros como Samuel de que “este é ele”, ou de que o outro é em quem devemos votar, ou de que isto é o que devemos fazer. Mesmo nas menores questões de escolha, não necessitamos recorrer à adivinhação ou ao acaso, mas podemos confiar na inspiração para chegar a uma conclusão correta. Em eleições — nacionais, locais ou na igreja — podemos estar seguros de em quem votar. Em qualquer encruzilhada da experiência humana podemos contar com a clara orientação quanto ao caminho a tomar.
A Ciência Cristã mostra que Deus é a Mente divina, onipotente, onisciente, onipresente, e que Ele conhece tudo o que realmente existe. Mas também deixa claro que Ele não conhece — nem pode conhecer — dilemas mortais, ou seres e fatores humanos e objetos materiais que parecem entrar nesses dilemas. Esses são apenas figuras projetadas na consciência humana pela falsa crença mortal. Deus é Espírito, Princípio imortal, e Seu universo é espiritual, planejado e governado perfeitamente. Em Seu reino não há problemas sem solução, nem dilemas, nem incertezas. Ele é a fonte de toda inteligência, e a inteligência é uma característica de todas as Suas criações.
A Sr.a Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Inteligência é onisciência, onipresença e onipotência. É a qualidade primária e eterna da Mente infinita, do Princípio trino e uno — Vida, Verdade e Amor — chamado Deus.” Ciência e Saúde, p. 469; Em outra parte ela explica que o homem, criado por Deus à Sua imagem, reflete inteligência. Em realidade, nunca existe um momento no qual o homem de Deus não expresse a perfeição que verdadeiramente existe e dela não esteja consciente. Graças ao poder de Deus, da Mente, ele sabe tudo o que precisa saber. Dá testemunho a favor do fato de que no reino da Mente onisciente não há problemas sem solução, nem decisões a tomar. Tudo já é do conhecimento de Deus e Sua idéia.
Quando aceitamos esses fatos da Verdade imortal, sentimos seu poder curativo. A experiência humana é o estado subjetivo da mente humana; assim, quando humildemente afirmamos que refletimos a inteligência da Mente onisciente, vemos que estamos ficando mentalmente mais esclarecidos. A ignorância, a incerteza e a indecisão desaparecem, e tornamo-nos mais inteligentes no trato dos afazeres diários, mais aptos a tomar decisões sábias e a dar respostas corretas. A Sr.a Eddy diz: “Um conhecimento da Ciência do ser desenvolve as faculdades e possibilidades latentes do homem. Estende a atmosfera do pensamento, dando aos mortais acesso a regiões mais amplas e mais elevadas. Eleva o pensador a seu ambiente nativo de discernimento e perspicácia.” ibid., p. 128.