O verdadeiro autogoverno é inalienável; não pode ser cedido a outrem. Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss), escreve: “Deus dotou o homem com direitos inalienáveis, entre os quais estão o governo de si mesmo, a razão e a consciência. O homem só é propriamente governado por si mesmo quando bem guiado e governado por seu Criador, a Verdade e o Amor divinos.” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 106; É importante saber o que realmente significa esse direito dado por Deus de governarmo-nos a nós mesmos, e como podemos exercê-lo a fim de gozar nossa herança divina de liberdade, saúde e harmonia.
Os seres humanos geralmente gostam de acreditar que possuem uma mente pessoal, um ego pessoal e uma vontade pessoal; que pensam e agem independentemente de qualquer autoridade de fora. Mas isso não é o verdadeiro governo de si mesmo. Em realidade existe apenas uma Mente só, um só Ego, uma só vontade, uma só fonte de ação, uma só inteligência governante, a saber, Deus. O homem, a imagem espiritual de Deus, reflete Seu governo e, por isso, se governa a si mesmo. O homem está sempre consciente de que Deus o está governando. Nosso reconhecimento deste fato eterno habilita-nos a demonstrar a liberdade e a realização inerente ao governo de si mesmo.
Cristo Jesus exemplificou a verdade de que a autonomia é o reflexo do governo de Deus. Ele declarou: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” João 5:17; Jesus trabalhou para revelar a todos os homens o relacionamento deles mesmos com o Pai, com o único Princípio divino que carinhosamente governa tudo. A obra de toda sua vida provou que a consciência de ser governado por Deus liberta ilimitadas capacidades para praticar o bem, e nos dá o domínio sobre o pecado e o sofrimento.
Desapercebidos ou ignorantes de que Deus governa o homem, os homens e as mulheres pensam que exercem controle pessoal sobre suas vidas e que isso constitui autonomia. Mas de fato eles são, muitas vezes, governados pelo medo, escravos do egoísmo, cativos do pecado ou oprimidos pela tirania de crenças médicas e por limitações materiais — todas elas fases desse hipotético opositor da Mente divina, chamado a mente mortal.
A doença e o pecado evidenciam a perda de autonomia, a falta de controle próprio, a ausência de domínio. Como, então, pode a compreensão de nosso direito inalienável à autonomia corrigir males físicos ou morais e trazer à luz a saúde radiante e a pureza inata do verdadeiro eu?
Em casos de infortúnio físico parece que a matéria está no controle da situação. A mente mortal sugere que o corpo é uma entidade separada que age independente do pensamento. A Ciência Cristã, porém, mostra que a mente mortal e o corpo mortal constituem uma unidade; que o corpo simplesmente espelha consciente e inconscientemente os temores ou falsas crenças que lhe foram incutidos e que habitam a mente mortal. Esta Ciência corrige a desarmonia física pondo a descoberto a causa mental da dificuldade e substituindo-a pelas verdades espirituais específicas acerca de Deus e do homem.
Por exemplo, o infortúnio físico que resulta do medo, é curado quando compreendemos que Deus governa o homem carinhosa e ininterruptamente; que o homem está livre do medo, da doença e da dor. A enfermidade evidentemente causada pelo ressentimento ou pela amargura é curada quando compreendemos que o homem é governado pelo Amor divino, não pelo ódio; que a Mente infinita, o bem ilimitado, é a causa única e verdadeira. Os efeitos de acidentes são erradicados quando vemos que o homem nunca pode passar pela experiência de qualquer coisa desconhecida para a Mente única, que governa tudo em harmonia e sem cometer erros.
Quando a consciência humana abandona suas crenças em desarmonia física e o medo que lhes tem, e se põe a favor das realidades espirituais que dizem respeito à perfeição atual e inatacável do homem, isso produz a cura. Por cedermos ao governo da Mente imortal passamos a ser bem governados por nós mesmos. E conseguimos muito mais do que a volta da harmonia física. Volta-nos também o vigor espiritual e mental, porquanto a ação restauradora do Cristo, a Verdade, envolve e abençoa o nosso ser por inteiro.
O apóstolo Paulo, referindo-se ao pecado que nos mantém cativos, advertiu: “Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Romanos 6:16; Que verdade espiritual específica precisamos conhecer a fim de reaver o autocontrole quando se nos defronta a tentação; ou como tornar a conseguir o autocontrole se temporariamente tivermos cedido ao pecado; ou como ajudar a alguém na sua luta para se libertar do cativeiro?
Temos de reconhecer nosso direito inalienável à autonomia e exercê-lo! Um dos significados de “alienar” é cassar. Acaso não é isso o que o pecado pretende fazer — cassar nosso direito à autonomia? A autonomia, porém, não pode ser cedida a outros nem cassada. O homem não pode ceder a capacidade de bem governar-se nem tampouco pode cessar de ser o reflexo do seu Criador. Quando exercemos o direito inalienável desse autogoverno, podemos vencer a fraqueza moral.
Além disso, descobriremos a liberdade de sermos o que de verdade somos, homens e mulheres criados por Deus, satisfeitos, completos e que estão em paz consigo mesmo e com outros. Pela disciplina do autogoverno descobrimos as qualidades cristãs compreendidas em nossa identidade genuína — a pureza, a inocência, a santidade, a integridade, a sabedoria e o amor. Ao desenvolver essas qualidades em nós mesmos e ao expressá-las em nossas atividades diárias, sentimos a alegria do viver abundante e cheio de propósito.
As teorias que dizem respeito à doença e às drogas, às predições astrológicas e às várias formas de ocultismo querem violar o direito que nos foi dado por Deus de gozar da liberdade e da realização que dá o governo de nós mesmos. Temos de estar constantemente alerta a tais intrusões.
Como nos defenderemos das influências mentais agressivas ou ocultas? A Sr.a Eddy escreve: “O homem está convenientemente governado, e não deve ser guiado por nenhuma outra mente senão a Verdade, a Mente divina.” E mais adiante, no mesmo trecho, acrescenta: “O Cientista Cristão está a sós com seu próprio ser e com a realidade das coisas.” Message to The Mother Church for 1901, p. 20. A compenetração do que significa estar a sós com seu próprio ser proporciona sólida defesa contra influências malfazejas; habilita-nos a preservar o nosso precioso direito à autonomia; e revela-nos que Deus e Sua idéia espiritual, o homem, são inseparáveis.
A oração — na qual estamos conscientes de nosso verdadeiro ser, intocados por influências más — não é isolamento, mas santa solidão. Não nos produz alienação do bem, mas sim separação do mal. Nenhuma sugestão mesmérica de medo, vontade humana, superstição, maldade ou imoralidade pode perturbar-nos ou desapossar-nos da habilidade de controlarmos os nossos próprios pensamentos quando estamos conscientes de nossa união com o Princípio divino, o Amor.
Estar a sós com nosso próprio ser não implica em solidão ou falta de amigos, mas sim, em sermos completos, íntegros e felizes. Fica-se inteiramente dependente de Deus e completamente independente das falsas pretensões do eu material. Estar a sós “com a realidade das coisas” significa percepção espiritual, receptividade a tudo o que é bom e verdadeiro, dando testemunho somente à Verdade divina, à perfeição, à harmonia, à saúde, à santidade e à felicidade espiritual. Na pureza da solidão em que estamos a sós com a fonte divina do nosso ser, compreendemos nossa união com a inteligência criadora que governa o universo. Refletindo essa inteligência divina governamo-nos acertadamente.
Quando exercemos fielmente o nosso direito inalienável à autonomia, libertamo-nos de toda espécie de opressão e desenvolvemos nossas capacidades, dadas por Deus, para sermos bons e fazermos o bem.