Conquanto seja incomum encontrar vigias armados postados diante dos santuários em qualquer parte do mundo, não é nada raro vê-los em bancos, instalações militares ou em alguns estabelecimentos industriais.
Ora, as igrejas, mesquitas, pagodes e sinagogas geralmente não têm necessidade de serem defendidos. Na verdade, a maioria desses locais se acha de portas abertas para todos os que procuram obter mais estreito relacionamento com Deus.
E, no entanto, há necessidade de defesa, não da defesa de um prédio, mas da defesa de um santuário bem mais fundamental — o santuário a que Cristo Jesus se referia, quando disse: “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade.” João 4:23; Como Jesus sabia, o verdadeiro culto a Deus é mais do que mero culto exterior. É a comunhão genuína com Deus, bem no imo de nossa consciência. Entramos em nosso santuário a todo o instante, à medida que somos conscientemente receptivos à Sua presença.
A consciência como santuário pode prover um ambiente santo. Paz, tranqüilidade, quietude, domínio, todos eles são qualidades naturais da verdadeira consciência. Se nosso pensamento está devidamente guardado e protegido, ele refletirá essas qualidades. Se nossa igreja como instituição precisar ser protegida, não hesitaremos em prover-lhe a defesa necessária. De igual modo devemos estar dispostos a guardar o nosso pensamento.
Defesa sugere proteção contra ataques. Mas o que haveria de atacar nosso santuário em nossa consciência? Que haveria de destroçar a alegria de nos voltarmos com gratidão a Deus em oração? A Bíblia diz-nos: “O pendor da carne é inimizade contra Deus.” Romanos 8:7; O pendor da carne, ou mente mortal como a Ciência Cristã o descreve, constitui o todo da limitação inerente à crença de haver mente na matéria. Por carecer de fundamento e no entanto pretender ser substancial, o pendor da carne é antagônico ao reconhecimento de Deus e de Sua criação, é antagônico ao culto natural à Verdade.
Mas como nos defenderemos e nos afastaremos desse assim chamado pendor da carne — essa mente carnal espúria — com sua resistência e oposição à Mente única? Não há lugar aqui para combater o fogo com o fogo — erro com o erro. Só a Mente divina é a solução para a mente mortal. A Bíblia aconselha: “As armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em Deus, para destruir fortalezas.” 2 Cor. 10:4;
Às vezes somos tentados a definir o inimigo como uma pessoa ou um grupo de pessoas que procura perturbar nosso santuário — a nossa consciência. Ainda assim, o inimigo é sempre a mente carnal com seus esforços no sentido de invadir e perturbar o pensamento. A vítima é sempre aquele que deixa indefeso o seu santuário. A mente carnal haveria de enfraquecer ou mesmo de romper a devoção pacífica a Deus. Dentre os seus muitos estratagemas, temos:
O ATAQUE PESSOAL — A mente mortal por natureza define o homem de acordo com seus próprios termos — como um mortal. Põe-se a julgar e condenar, em vez de elevar e apoiar. Põe-se a plantar no pensamento — nosso santuário — a suspeita, a dúvida e a desconfiança. A mente mortal insulta a verdadeira natureza do homem e lhe lança um libelo. Esse tipo de ataque não só agita o pensamento mas também nubla a capacidade de trazer, clara e solicitamente, à luz os fatos espirituais curativos. O reconhecimento da presença do Amor divino proporciona ao nosso pensamento um efeito apaziguador e estabilizador. Dá-nos a capacidade de reconhecer que o homem não é o mal. O Amor contrange-nos a agir de maneira caridosa e propensa a perdoar. O Amor, Deus, desperta-nos para o uso da verdadeira arma cristã — uma atitude amável de cura — em vez de ao emprego do sistema da mente carnal, que é o de alegar mal pessoal.
INFLUÊNCIAS ERRADAS — A mente carnal procuraria colocar sua vítima numa posição de influenciar pessoal e erroneamente a outrem ou de ser influenciada pessoal e erroneamente por outrem. O Espírito é a única influência genuína. Permitir que nossos pensamentos sejam influenciados por pontos de vista pessoais destrutivos a respeito de outra pessoa, causa profunda perturbação à nossa maneira incomparável de adorar ao Espírito. A Sr.a Eddy diz-nos: “As opiniões humanas não são espirituais. Procedem do ouvir dos ouvidos, da corporalidade e não do Princípio, do mortal e não do imortal.” Ciência e Saúde, p. 192; Recusar-se a ser levado pela opinião pessoal não é fechar os olhos ao mal. É abrir os olhos; só à medida que verdadeiramente vemos o Espírito é que adoramos realmente de modo a destruir a crença no mal.
O PROFETIZAR CAPCIOSO — Predizer a ruína inevitável, antecipar acontecimentos funestos, impor sobre o pensamento incertezas e temores — todos esses são métodos da mente carnal. Que inimigo sutil, que nos rouba de nosso santuário calmo e confiante! A Mente, Deus, conhece tudo o que é conhecido. Revela à consciência individual toda faceta de Sua criação perfeita. Os mortais podem preocupar-se na incerteza quanto ao futuro, mas a Mente, em sua eternidade, está ciente da perpetuidade da presença da perfeição.
A Sr.a Eddy fez constar do Manual de A Igreja Mãe um Estatuto que, quando obedecido, estabelece forte defesa para nosso santuário. Escreve ela: “Nem a animosidade nem o afeto puramente pessoal devem ditar os motivos e os atos dos membros de A Igreja Mãe. Na Ciência, só o Amor divino governa o homem, e o Cientista Cristão reflete os suaves encantos do Amor, repreendendo o pecado, em verdadeira fraternidade, caridade e perdão. Os membros desta Igreja devem vigiar e orar diariamente para se livrarem de todo o mal, para se livrarem de profetizar, julgar, condenar, aconselhar, influenciar ou serem influenciados, erroneamente.” Man., § 1° do art. 8°.
É nosso amor a Deus e ao homem o que nos impele a defender ativa e continuamente o nosso santuário e a ver nosso irmão de modo correto. A mente carnal procuraria enfraquecer o grande vigor que prepondera quando cada um de nós, serenamente, expressa sua devoção a Deus.
Embora não tenhamos necessidade de guardas armados postados às portas de nossa igreja, certifiquemo-nos de que estamos armados da perceptibilidade e do discernimento à porta da consciência. Devemos vigiar para termos certeza de que não deixamos sem defesa o nosso santuário interior e assim reduzimos o significado e a eficácia de nosso culto a Deus.