A Maioria Das pessoas de mentalidade espiritual que eu conheço têm uma vitalidade especial.
São pessoas que têm vivido procurando colocar a obediência a Deus em primeiro lugar, verificando que isso as leva a um tipo de experiência diferente dos estereótipos tradicionais relativos à vida religiosa.
É possível sentir uma certa riqueza de vida junto de tais pessoas. Percebe-se, sem sombra de dúvida, que sua humanidade não foi atrofiada pela espiritualidade. Ao contrário, foi grandemente enriquecida e ampliada.
Vários desses conhecidos meus a que estou me referindo são praticistas da Ciência Cristã, ou estão ativos procurando se dedicar a esse ministério de cura. (A propósito, essa não é uma atividade "religiosa" que os mantém reclusos do resto do mundo.)
Um dos argumentos mais sutis e demoníacos é o de que nós poderíamos de alguma forma ficar de fora da vida normal, se fôssemos longe demais em nossa obediência espiritual. Há o medo de perder algo de bom da vida, ou de deixar de lado algo importante.
Essa sugestão acerca de aproveitar menos a vida não é, decerto, uma tentação nova. É o truque mais velho que existe. Afinal, a serpente, na história de Adão e Eva, argumentou que os dois inocentes estavam perdendo sabedoria e satisfação por obedecerem a Deus e não comerem da árvore do conhecimento do bem e do mal. A serpente mentiu!
A sugestão mentirosa de que viveremos menos intensamente se obedecermos a Deus, o Espírito, não é mais do que uma variação da mentira básica da mente carnal: que Deus está ausente e que outra coisa, chamada existência material, está bem presente aqui.
Houve um relato impressionante que foi publicado no Arauto, anos atrás, que, como todos os outros testemunhos de cura, inclusive os que aparecem neste número, dá-nos muito que pensar a respeito dos conceitos generalizados de que vivemos na matéria. A narrativa se passa nos Estados Unidos, durante a depressão dos anos trintas. Um homem, que estava desempregado, travou conhecimento com a Ciência Cristã e, por meio da oração, conseguiu trabalho como eletricista na construção da represa Hoover.
Um dia, porém, ao carregar equipamento elétrico pesado, as pranchas sobre as quais ele estava atravessando uma escavação cederam e o homem se viu caindo no vazio. A princípio, toda a sua vida lhe passou pela mente, como sempre ouvira dizer que acontece nesses casos. Mas numa fração de segundo, enquanto caía, lhe ocorreu que Deus estava presente e que Ele, tendo-o guiado de forma maravilhosa a encontrar trabalho naquele lugar, não iria agora deixá-lo naquela situação. Não sentiu medo e percebeu a presença e o amor de Deus à sua volta. Ele disse ter percebido que podia virar-se sobre si mesmo em pleno ar. Conseguiu agarrar-se a uma armação na parede da escavação e a seguir seus pés se apoiaram num andaime. Pôde então subir para onde estava antes, para grande surpresa dos colegas de trabalho, que observavam.
Está claro, nesse testemunho (agosto de 1988), que tal experiência não lhe deixou a impressão de ter menos vida como resultado de sua obediência a Deus! Nós também temos muito a ganhar ao nos livrarmos da falsa impressão de que as circunstâncias materiais constituem a moldura de nossa vida. Foi Paulo que, no livro dos Atos dos Apóstolos, falou de Deus como Aquele em quem "vivemos, e nos movemos, e existimos."
Os primeiros seguidores do Cristo, a Verdade, não calculavam suas próprias perspectivas, nem as de outrem, com base nas circunstâncias materiais. Eles viviam na luz poderosa de um novo ensinamento, o do Salvador da humanidade, que disse: "O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita." Cristo Jesus disse que veio "para que tenham vida e a tenham em abundância."
O cristianismo científico ensina que devemos manter esse mesmo ponto de vista ainda hoje. Fazer isso implica deixarmos de acreditar na mentira que tenta nos sugerir que perderemos contato com o bem concreto, se escolhermos a totalidade de Deus, o Espírito. Também implica, muitas vezes, no desmascarar a tentação de que uma ou outra forma de imoralidade nos ajuda a viver com mais plenitude. (Não ajuda, não.) É possível também que precisemos reconhecer com maior clareza que orar para superar circunstâncias adversas não é "não fazer nada". (Em verdade, é fazer tudo, é fazer a única coisa que pode nos despertar para ver que o homem espiritual criado pelo Espírito, isto é, você e eu, literalmente não está nas circunstâncias aparentes.)
A Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: "Quando nos compenetrarmos de que a Vida é Espírito e nunca está na matéria nem é de matéria, essa compreensão se expandirá até a sua autocompletação, achando tudo em Deus, o bem, sem necessitar de nenhuma outra consciência."
É importante notar que a vida, isto é, a riqueza e a essência real do ser, está exatamente na direção oposta àquela sugerida pela mente carnal. À medida que estivermos dispostos a abandonar o erro de pensar que o bem visível está na matéria e dela depende, encontraremos muito mais realização humana. Não poderemos deixar de ter mais vida e mais substância, se começarmos a compreender a fonte real de tudo o que sempre amamos. Essa fonte é o Espírito onipresente.
Não é de admirar que a espiritualidade proporcione mais vida.
