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Romper o apego

Escrito especialmente para esta seção

Da edição de novembro de 1991 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando Sinto Perplexidade perante questões de família, desde decisões financeiras até escolhas pessoais, como cuidar de familiares idosos ou como lidar com a preocupação com um adolescente, muitas vezes recordo estas palavras, escritas pela Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã: "A meu ver, o Sermão do Monte, lido a cada domingo sem comentários e cumprido no decorrer da semana, seria suficiente para pormos em prática o Cristianismo. A Palavra de Deus é um pregador poderoso e não é por demais espiritual para ser posta em prática ..." (Message to The Mother Church for 1901, Mary Baker Eddy).

Sei que provavelmente meus pensamentos e motivos têm de aproximar-se muito mais do exemplo de Cristo Jesus e seu Sermão do Monte. A meu ver, os ensinamentos de Jesus repetem, como um eco: "Deus é Amor. Nosso pai ama a cada um de Seus filhos. Podemos amar-nos uns aos outros. O homem é reto. A Vida inclui perfeitamente a cura e a destruição do pecado."

Sempre achei que o âmago dos ensinamentos de Jesus com relação à família encontra-se na parábola dos dois filhos, no Evangelho de Lucas. Pode-se dizer que tal parábola destila amor cristão e lei cristã, vindos de uma testemunha ocular de nome Jesus.

Muito embora a parábola seja um recurso didático, tem por objetivo dar impulso ao aluno, não coagi-lo. Não é muito difícil identificar-nos com tal lição. Ela ilustra que, graças à regeneração e à reconciliação, foram curados laços familiares que se haviam rompido, pobreza, inveja, apatia, rebeldia, justificação própria. É quase como a biografia de uma família, que se lê século após século.

Quando eu era adolescente, identificava-me mais com o filho caçula, o que se rebela, sai de casa e depois, caindo em si, volta ao lar.

Mais tarde, quando meus próprios filhos eram jovens, passei a ler a história do ponto de vista do pai. Compreendi, então, o quanto ele tinha ansiedade por aqueles rapazes, desejando respeitar-lhes a identidade, embora ciente de que cada um deveria achar o caminho por si mesmo.

Sentimo-nos assustados diante da necessidade de saber quando permitir aos jovens tomarem suas próprias decisões, quando interferir a fim de protegê-los de conseqüências terríveis, como esperar até eles acordarem de suas ilusões.

Na parábola, o pai decerto sabia aonde o caçula tinha ido e o tipo de vida que levava. Todavia, somente quando o filho havia despertado por si mesmo e já se dirigia à casa paterna, só então, correu o pai ao seu encontro. E lhe estendeu seu amor incondicional, confiante de que as duras lições tinham sido aprendidas.

O filho lembrou-se de casa tão logo reconheceu ter pecado "contra Deus". A não ser que estivesse certo de que os pais ainda o amavam, provavelmente não se teria arriscado a que o rejeitassem.

Talvez o Mestre quisesse assim transmitir algo sobre aquilo que caracteriza o sentimento de um pai ou mãe, ou seja, o de fazer com que os filhos sempre conservem a esperança de que em casa o tratarão com amor. As ações de um filho podem talvez partir o coração de um pai ou mãe, talvez os pais julguem essas ações pior que a morte, mas jamais deixarão de amá-lo.

Considerando a parábola no contexto atual dos anos noventas, talvez nos façamos toda sorte de perguntas sobre o que teria levado o irmão mais moço a fazer uma coisa tão descabida. Por que se rebelou? De quem era a culpa de ele não querer mais ficar em casa?

Quem sabe a mãe era muito severa. Quem sabe o jovem se sentia inseguro e pouco preparado e não conseguiu entrar numa faculdade realmente boa. Talvez tenha sucumbido às tentações das drogas e das relações sexuais fáceis, numa sociedade que não valoriza o senso de responsabilidade. É possível que o irmão mais velho o maltratasse.

Seja o que for que o tenha influenciado, a cura não vem pela análise humana, mas sim pela luz da Verdade que põe a mente mortal e a dependência material a descoberto, mostrando o que são: desprovidas de poder, arrogantes e autodestrutivas.

Para as famílias aflitas, afigura-se às vezes como se nossa cultura toda tivesse se tornado um filho pródigo, tomado sua herança e partido para uma terra distante. Todavia, quando tudo houver sido gasto, quando o encanto do sensualismo deixar cair a máscara, quando já não houver mais amigos nem sustento, o espírito do Cristo estará presente, levando os filhos (todos nós) de volta a nosso Pai-Mãe.

Todos conhecemos pais ou mães que nunca desanimam dos filhos. Esses pais aprenderam a deixar de lado os próprios planos sobre como o jovem deve voltar. Em geral, eles expressam uma humildade conseguida a duro preço e um amor que reflete a paz proveniente da confiança em Deus.

Na história bíblica não há nenhum indício de que os pais tenham recebido o filho pródigo com repreensões. "Mateus, olhe só esses trapos imundos com que você se apresenta. Seu cabelo é um horror! E por que usa esse brinco na orelha? Espero que não tenha trazido nenhum daqueles seus amigos insuportáveis. Entre em casa depressa, antes que os vizinhos o vejam."

Às vezes é necessário que a família exerça muita paciência com aquele que volta, pois este provavelmente precisa de muito apoio, de repetidas manifestações de carinho. Terá, talvez, passado por maus bocados.

A confiança do pai tinha sido desrespeitada. É possível que o pai tenha temido pela vida do filho e tenha se irado. Mas na hora de perdoar, seu perdão foi instantâneo, incondicional. Cristo Jesus esperava que seus seguidores fossem capazes de um perdão igual a esse.

Quer se considere o cenário familiar desde o ponto de vista do filho pródigo, quer da perspectiva do irmão, pai, mãe, padrasto, madrasta, avô ou avó, a regeneração e a reconciliação são necessárias e possíveis. Graças à oração, rompemos o apego aos projetos pessoais, materiais, sobre aquilo que deve acontecer.

Como Deus jamais abandona Seus filhos, como poderíamos abandonar os nossos, ou os de qualquer outra pessoa? Se desejamos viver como Cientistas Cristãos, procuramos manter a fé; empenhamo-nos em erradicar os motivos do pecado; dedicamo-nos a seguir o que a Sra. Eddy aconselha: "Amados Cientistas Cristãos, conservai vossas mentes tão cheias de Verdade e Amor, que o pecado, a doença e a morte nelas não possam entrar.... Os bons pensamentos são uma armadura impenetrável; assim revestidos, estareis completamente resguardados contra os ataques do erro de qualquer espécie. E não só vós estareis protegidos, mas também todos sobre quem repousarem vossos pensamentos, serão por esse meio beneficiados" (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany).

A história de um filho pródigo da atualidade ilustra o quanto é prático confiar na oração. Certo jovem que conheço começou a ter sérios problemas de alcoolismo, quando ainda cursava o segundo grau. Logo passou a usar outras drogas e, pouco depois, as vendia.

O rapaz tinha uma avó que lhe era muito afeiçoada e que mantinha seu próprio pensamento firmado na Verdade e no Amor. Com a permissão dele, freqüentemente orava pelo rapaz. Este a amava e gostava de ouvir as explicações sobre o amor de Deus, sobre a identidade real dele próprio como filho de Deus.

"Vovó, você é a única pessoa que acredita em mim. Gosto de ouvi-la falar sobre Deus. Eu realmente não quero fazer coisas ruins", dizia-lhe.

"Sei que você não é ruim," respondia ela, "e eu amo você. Mais importante ainda, Deus também o ama."

Quando James foi preso e acusado de tráfico de drogas, os pais dele telefonaram para a avó. Pediram-lhe que orasse e que chamasse "um desses praticistas da Ciência Cristã". Um deles, de fato, foi visitar James na prisão. Muito amor e muita oração espiritual entraram em campo. A avó simplesmente recusou-se a deixar que seu querido neto ficasse "perdido" na ilusão do sensualismo, da rebelião e da rejeição. Orou para enxergar o filho a quem Deus criou, não um mortal aflito.

O jovem não se recuperou imediatamente, mas naquela "terra distante", James foi readquirindo um pouco de seu domínio dado por Deus. Desejava sinceramente reformar-se. A sentença foi suspensa. Paulatina e palpavelmente, a cura do ressentimento e do distanciamento dos pais se iniciou. Dentro de alguns anos houve a reconciliação e alcançou-se um ponto de vista mais elevado para governar as relações familiares.

O jovem assumiu um trabalho de responsabilidade, casou-se, formou uma família e tornou-se elemento útil na sociedade. Para a avó, as lições, tão longas e difíceis, ressaltaram a disposição de confiar em Deus e abandonar tudo o que é material.

Esta mensagem do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria da Sra. Eddy, permeava os pensamentos da avó: "Desprendendo-te das mutações do tempo e dos sentidos, não perderás os objetivos concretos nem as finalidades essenciais da vida, nem a tua própria identidade. Fixando o teu olhar nas realidades supernas, elevar-te-ás à consciência espiritual do ser, tal como o pássaro que saiu do ovo e alisa as asas para alçar vôo rumo ao céu."

O autoconhecimento que leva à percepção espiritual e à correção abre nossos braços ao puro amor de Deus, o Pai-Mãe. Para o Amor divino, o ponto de vista do perdão é este: não há vida material, amor sensual, nem tendência autodestrutiva. Por ser Pai e Mãe, Deus diz: "Eu sou Tudo. Conheço apenas o bem. Vejo Meu filho perfeito. Sou a lei que destrói tudo o que sugere o mal. Não pode haver o descaramento do vício nem atração mesmérica. O filho tem a inteligência do Pai, o amor forte da Mãe, porque sou toda a substância e inteligência. Por isso Meu filho deve ser sempre capaz de exercer domínio."

Como precisamos dar atenção aos problemas da família, quer se trate de um filho mais velho indignado com injustiças, quer de um pai preocupado ou de uma mãe tímida demais para argumentar, quer, ainda, de um jovem que saiu de casa, a oração realmente nos ajuda. Os motivos para o pecado, a confiança nas coisas materiais, o amor pessoal, podem ser banidos pela pureza do amor espiritual. Nós somos capazes de abrir nossos próprios olhos ao amor incondicional de Deus. Rompendo o apego ao quadro humano, conseguimos distinguir com maior clareza aquilo que, para nosso Pai-Mãe Deus, é verdadeiro acerca de Seus filhos.

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