Samuel começou a aprender violino com a idade de seis anos. Ele e sua irmã cantavam juntos. Em Bordeaux, na França, onde estudou Ciências da Computação, Samuel tocou em vários conjuntos — de rock, jazz e música clássica. Ele agora trabalha no ramo de computadores de bordo para automóveis e toca contrabaixo num grupo de rock alemão.
Arauto: Quais são alguns dos conjuntos de que você gosta?
Samuel: Gosto da música dos The Red Hot Chili Peppers, The Skin Doctors, Alanis Morissette, Lenny Kravitz, Sinclair (grupo francês de funk), Seal, Joe Jackson, Billy Joel. Também gosto de cantores de outras épocas, como Diana Ross, Aretha Franklin e os The Jackson 5 e Stevie Wonder. Meu grupo favorito, no momento, é o Jamiroquai, um conjunto britânico de “acid jazz”.
Eu só gosto realmente de alguma música quando ela mexe com meu coração; quando consigo sentir as emoções do cantor, através da melodia da voz do artista, ou através da beleza da letra. A música é uma expressão da Alma, que é um outro nome para Deus. É um sentimento que nos eleva, algo que não podemos tocar ou ver fisicamente. A música ilumina meu dia. Faz com que eu me sinta melhor, quando não estou me sentindo muito bem. Vejo a música como uma das maneiras pelas quais Deus se comunica conosco.
Arauto: Você se interessa mais pela música ou pela letra?
Samuel: Geralmente pela música, porque a melodia e o som me tocam mais. Não sinto a necessidade de palavras. Mas, quando realmente presto atenção, prefiro alguns temas a outros. O tema do amor aparece na maioria das canções. Por exemplo, gosto muito de “Love lifts us up where we belong” (O amor nos eleva para o lugar a que pertencemos). Gosto também da canção “Let love rule” (Deixe o amor governar) de Lenny Kravitz. Muitas letras estão baseadas em amizade, como “Lean on me” (Apóie-se em mim) de Bill Withers e “That's what friends are for” (Para isso é que servem os amigos) de Stevie Wonder.
E sempre há canções sobre felicidade e paz. Esses temas aparecem muito nas canções do grupo Jamiroquai, como em “Stillness in time” (Tranqüilidade no tempo), ou no início de “The return of the space cowboy” (A volta do caubói espacial):
“Tudo é bom e marrom. / Aqui estou eu de novo com esse sorriso de felicidade na face. / Meus amigos estão bem perto e todas as minhas inibições / desapareceram sem deixar traço, estou contente, / encontrei alguém em quem posso me apoiar.
Algumas pessoas talvez digam: “Você só pode atingir um bom estado de espírito pelo uso de drogas” Mas senti realmente uma forte sensação de felicidade, como a des-crita nessa canção, quando me volvi com sinceridade a Deus. Essa canção tem a ver com minha vida. Ela descreve como me senti nas muitas vezes em que fui curado, ao orar a Deus.
Existe, também, uma canção de Alanis Morissette — “Thank U” (Obrigado). A letra fala sobre ser grato pelo que temos, ao invés de nos queixar sobre o que está faltando.
A gratidão a Deus ajuda a resolver problemas, faz com que nos conscientizemos de que Deus é a fonte do bem, e nos ajuda a ver que nenhuma coisa boa pode nos faltar. Quando canto “Thank U” lembrome de ser grato. A maioria das canções de que gosto me ajudam espiritualmente, quando as canto para mim mesmo.
Uma outra maneira pela qual a música me toca é dando-me vontade de dançar. Ciência e Saúde fala sobre o ritmo espiritual: "Quanto mais deveríamos procurar perceber as idéias espirituais de Deus, em vez de nos determos nos objetos dos sentidos! Para discernir o ritmo do Espírito e para ser santo, é preciso que o pensamento seja puramente espiritual" (p. 510).
Gosto muito quando a guitarra elétrica ganha realce, como nas canções dos The Red Hot Chili Peppers ou Rage Against the Machine. Você alguma vez já teve uma guitarra elétrica nas mãos? Dá uma sensação de poder e força quando você consegue produzir aquele som, simplesmente com o movimento dos dedos sobre as cordas. É um pouco como uma orquestra sinfônica. Todos os instrumentos tocando alto e ao mesmo tempo, como o som de poderosos vagalhões quebrando-se na praia. Esse tipo de música me faz pensar no Salmo: "Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os confins da terra; aclamai, regozijai-vos e cantai louvores" (Salmos 98:4).
Arauto: Você costuma passar algum tempo com seus próprios pensamentos?
Samuel: Sim. Escrevo canções, a maioria das vezes na guitarra. Sozinho, contemplando as nuvens (gosto de olhar para as nuvens), aproveito para ouvir os pensamentos que me vêm e me inspiram a escrever a música ou a letra de uma canção. Depois disso, sempre me sinto tranqüilo e feliz.
A música é uma das dádivas mais maravilhosas que Deus nos deu. Muitas, muitas canções tocaram meu coração e as levarei comigo por toda a vida. Compreendo profundamente as palavras desta canção:
A música foi meu primeiro amor
e será o meu último,
A música do futuro e a música do passado.
Para mim, viver sem música seria impossível, porque neste mundo de sofrimentos, minha música me leva adiante.
