A Bíblia nos fala de um empregado que foi desonesto com seu patrão. Esse patrão era o profeta Eliseu, que havia curado de lepra a Naamã, comandante do exército do rei da Síria. Eliseu recusou pagamento pela cura, mas seu servo Geazi aceitou, sem que seu patrão o soubesse. Então, Geazi foi atacado de lepra (Ver 2 Reis 5).
Os africanos costumam dizer que o vírus da África é a corrupção. Certo dicionário define “vírus” como “tudo aquilo que corrompe ou envenena o pensamento ou o caráter, uma influência nociva ou prejudicial”. Atualmente, a lepra pode ser representada pela SIDA (AIDS), e é interessante observar que a causa de Geazi ter sido atacado pela doença foi a corrupção. A corrupção ocorre quando somos desonestos, como indivíduos ou como governo.
Tomar posse da propriedade, das idéias ou do dinheiro de outra pessoa sem permissão, é desonesto e ilegal. Roubar, mesmo que seja um valor pequeno ou coisas insignificantes, transgride o mandamento bíblico: “Não furtarás” (Êxodo 20:15). Ao invés de ganhar algo, aquele que faz isso perde o direito às bênçãos divinas de paz e felicidade.
Podemos acabar com a corrupção no serviço público de uma forma realista? Sim. E Ciência e Saúde nos diz: “A honestidade é poder espiritual. A desonestidade é fraqueza humana, que perde o direito à ajuda divina” (p. 453).
A corrupção e a espiritualidade são incompatíveis. O primeiro capítulo da Bíblia diz que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus (Ver Gênesis 1:27). Essa imagem, ou reflexo, é espiritual e pura. Aquilo que vemos na forma de uma pessoa desonesta e corrupta é o oposto da verdadeira natureza do homem e da mulher que Deus criou. Para Deus, existe somente honestidade, integridade, amor e verdade. A desonestidade, o suborno, o nepotismo e o tribalismo não fazem parte da composição dos filhos e filhas de Deus, criados à Sua imagem. Honestidade, veracidade, integridade e incorruptibilidade são qualidades que fazem parte da nossa identidade real. Reconhecer isso é uma forma de oração, que destrói a noção de que exista outro poder a interferir na criação perfeita de Deus. Quando nossas atitudes são honestas, percebemos a atividade regeneradora da espiritualidade na nossa vida. E Deus nos mostra o que devemos fazer para promover o progresso moral e espiritual nas famílias, nas comunidades e nos governos.
Durante a vigência do apartheid, os negros recebiam salários muito menores do que o salário mínimo estabelecido. Para compensar essa situação, começou a ser adotado um sistema ilegal denominado, no meu idioma nativo, o setsuana, "mokabelo". As pessoas roubavam dos brancos, de suas empresas e de seus empregadores e vendiam as mercadorias a preços reduzidos nos distritos reservados aos negros. Essa atitude era baseada na idéia de que os fins justificam os meios. Quem fazia essas coisas utilizava trapaças, fraudes, transgressão às leis, além de omitir e ocultar a verdade. Dessa forma, contrariava a Regra Áurea ensinada por Jesus: “Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles” (Lucas 6:31).
A maneira de eu me opor a isso era não comprar mercadorias roubadas. No entanto, eu não condenava os que faziam isso. Não concordava com seu modo de agir e orava por eles, buscando reconhecer sua identidade espiritual como filhos honestos de Deus. Como resultado, eles pararam de me abordar. Outros também despertaram para o fato de que estavam a sacrificar um valor moral ao comprar os artigos roubados.
A oração ajudará a acabar com o sofrimento de todo um continente, quer estejamos a pedir que Deus nos proteja para não nos tornarmos vítimas da corrupção, quer desejemos auxiliar os que praticam esses crimes a se reformarem. Todos podemos ajudar a resolver esse problema. Um compreensão mais elevada das Escrituras nos guiará a soluções permanentes, afastará nossa vida da situação de desespero e a conduzirá na direção da coragem, da honestidade e da felicidade. O governo humano se alinhará então com o governo de Deus, que é sempre harmonioso e justo.
