Certa ocasião, comecei a pensar qual o significado do Natal, e então vi dois aspectos. Primeiro, o nascimento histórico de Jesus, claramente relatado nos evangelhos de Mateus e de Lucas. Segundo, as festas, trocas de presentes e a alegre reunião de família. Nem todas as pessoas, porém, vêem essa época assim. Em alguns lares há tristeza pela ausência de entes queridos, por desarmonia familiar ou por dificuldades financeiras. Mas, compreender que Deus é Pai, e que ama todos os Seus filhos da mesma maneira, traz-nos alento.
O Natal também me faz pensar muito nas crianças, pela inocência e pureza de pensamento que expressam.
Recordo-me bem dos meus tempos de infância. Quando eu tinha uns três anos de idade, ganhei meu primeiro presente de Natal. Meus pais me disseram que eu deveria, secretamente, pedir meu presente de Natal, atrás da porta, para que somente o Papai Noel ouvisse. Então, lá fui eu e disse bem baixinho: “Papai Noel, eu quero um caminhão para carregar terra.” Na minha inocência, eu não percebia que eles me interrogavam depois para saber o que eu havia pedido.
Eu ficava na expectativa do dia tão esperado, não vendo a hora que pudesse receber o meu pedido tão secreto.
Na véspera de Natal, as horas custavam a passar... Eu ficava impaciente e todos me alertavam para a hora tão esperada: “Olhe, fique bonzinho que o Papai Noel vai chegar logo, logo.”
Com meus ternos pensamentos, arquitetava um plano para não dormir, pois esperava surpreender o bom velhinho sem que ele percebesse. Por sua vez, meus pais insistiam para que eu fosse para o quarto, caso contrário o Papai Noel não viria. E entre a curiosidade de ver o Papai Noel e a dúvida de não receber meu pedido, eu preferia ir para a cama.
Ao amanhecer, eu corria para a sala onde deveriam estar os presentes, e via ali, à minha frente, a realização do sonho, a confirmação de meus desejos, a concretização de um pensamento puro.
Como é bom ter a pureza de pensamento de uma criança! Quando somos crianças, não nos preocupamos com doenças ou com a falta de dinheiro no final do mês.
Quando criança, nunca questionei se o Papai Noel teria condições financeiras para me trazer presentes, ou se ele poderia atender a todas as crianças ao mesmo tempo. Afinal, a dúvida e o medo não pertencem à mente pura e cheia de amor.
Bem, os anos se passaram e muitos natais vieram. Não me recordo quando foi quebrada a doce ilusão infantil dos acontecimentos sem ônus. Talvez tenha ouvido alguma conversa entre adultos ou algum amiguinho tenha me contado. Cada um de nós pode ter descoberto a verdade de forma diferente, mas a inocência de um pensamento puro de criança nunca pode ser perdida. Jesus disse certa vez: “Deixai vir a mim os pequeninos ... porque dos tais é o reino de Deus” (Marcos 10:14). Essa solicitação de Jesus me faz pensar que devemos abrigar em nossa consciência os pensamentos puros, isentos de medo, de ódio, de mágoa e de rancor, pois a pureza ajuda a alcançar os objetivos e a reconhecer a única hereditariedade verdadeira, a espiritual.
Nem sempre isso é fácil. Às vezes, os problemas nos abalam, mas é justamente aí que devemos ter mais fé, pureza e amor.
Quando meus filhos e meus netos eram bem pequenos, eu os pegava no colo e eles se esforçavam para tocar algo que era inatingível para eles, pela altura. Não desistiam, e levantavam seus bracinhos na certeza de alcançarem o objetivo. E essa é uma lição de perseverança que me acalenta. É importante perseverar e reconhecer que todos são a imagem e semelhança de Deus.
Mary Baker Eddy escreveu em Ciência e Saúde: “A Mente divina, que fez o homem, mantém Sua própria imagem e semelhança” (p. 151). E qualidades como pureza, força, coragem, inteligência e perseverança são qualidades da Mente divina, portanto, como Sua imagem e semelhança, as refletimos sempre, desde a mais tenra idade.
Com o estudo da Christian Science comecei a ver a importância de superar os obstáculos, compreendendo que não foram criados por Deus. Se eles parecem muito difíceis, certamente exigirão muita fé. Mas a recompensa será repleta de bênçãos.
As vezes me pergunto: O que devo fazer para voltar a ser criança? Como possuir a pureza e a inocência de então? Descobri que o segredo está em ser humilde e ter amor no coração, ou seja, a todo momento, estar atento e almejar vivenciar o verdadeiro Natal, o nascimento do Cristo, uma idéia nova de libertação, de rompimento dos grilhões que nos prendem aos problemas e ao passado.
Neste Natal, concretize um sonho, mantenha desejos puros. O Natal é a luz que aponta para o reino de Deus em seu coração. Deixe essa luz chegar a você e brilhar.
