Eu vivia no Uruguai, meu país natal. Sou soprano e deveria dar um recital muito importante, acompanhada de um quarteto. Três ou quatro dias antes, precisei levar minha filha de quatro anos para o ensaio comigo. Quando saímos de casa e chegamos à esquina, desci da calçada para chamar um táxi. Não pensei que os veículos viriam da esquerda, pois a rua era mão única, no sentido contrário. Ouvi alguém gritar: “Senhora, cuidado!” Não deu tempo nem para pensar. Senti um golpe forte, como se uma parede tivesse caído em cima de mim. Era um caminhão. O motorista estava bêbado e me atropelou.
O eixo cardan do veículo me prendeu na altura do tórax e não me permitia falar ou respirar com facilidade. Debaixo do caminhão, a única coisa que conseguia pensar era que no reino de Deus não há acidentes.
Apesar de ser mais e mais difícil respirar, consegui pedir às pessoas que tentavam me ajudar, que fizessem o caminhão avançar. Assim o fizeram e o metal que estava sobre o peito não mais me pressionou. Minha filha e eu fomos tiradas de debaixo do veículo pesado e com um fio de consciência pude ver que minha filha estava a salvo. As rodas tinham passado a alguns centímetros de sua cabeça, mas não a tinham tocado. Ouvia pessoas perguntarem como me sentia. Eu não estava muito bem, porque não conseguia respirar facilmente, só pude responder: “bem”.
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