No verão de 2005, após um trimestre especialmente desafiador e árduo que enfrentei como professora universitária, percebi que algo em meu corpo começava a perder equilíbrio. A estranha sensação de desequilíbrio intensificou-se a ponto de eu perder a confiança em andar de bicicleta.
Continuei com minhas atividades diárias, caminhando mais devagar, utilizando transporte público ou o carro. Como Cientista Cristã, costumava recorrer à oração para todos os problemas de saúde. No início, porém, dei pouca atenção ao problema, não levando a oração tão a sério como deveria. Após algumas semanas, a situação piorou.
Em uma manhã ensolarada, meu marido e eu decidimos passar aquele lindo dia nos maravilhosos jardins de Sanssouci, um castelo na cidade de Potsdam, perto de Berlim. Lá, precisei me apoiar em seu braço durante todo o passeio, enquanto lhe pedia com frequência para fazermos uma pausa e me sentar. Mal podia mover minha cabeça sem me sentir tonta e completamente fora de controle. Nós dois tentávamos sentir a presença de Deus.
Ao voltar para casa naquele dia, caí no corredor e em seguida perdi a consciência, depois que meu marido e meus filhos adolescentes me colocaram na cama. Ele e eu havíamos combinado, alguns anos antes que, caso algum dia um de nós se encontrasse em uma situação em que não fosse possível manifestar nosso desejo com relação aos cuidados com a saúde, um tratamento pela Ciência Cristã seria a nossa escolha. Portanto, meu marido, que é Praticista da Ciência Cristã, sabia como proceder. Ele não apenas orou durante esse período desafiador mas, com a ajuda de nossos filhos, também cuidou de mim. Ele frequentemente se sentava à cabeceira da minha cama para ler versos dos hinos, a Lição Bíblica Semanal da Ciência Cristã e artigos inspiradores das revistas da Ciência Cristã.
No decorrer das duas semanas seguintes, a maior parte do tempo eu ficava inconsciente ou adormecida, incapaz de comer, mas, a cada dia, conseguia ir ao banheiro com a ajuda da família e beber um pouco de água.
Mesmo durante os períodos de inconsciência, compreendia que estava inconsciente. Via-me ou sozinha em um quarto completamente escuro ou sentia como se estivesse caindo de cabeça para baixo dentro de um interminável tubo de redemoinhos, no qual acontecimentos passados e rostos familiares ou desconhecidos me vinham à mente, ininterruptamente. Também ouvia a voz do meu marido, enquanto lia para mim.
Durante todo o tempo, bem no íntimo, eu sabia e sentia que Deus era Amor e que não me deixaria ficar para sempre naquela situação assustadora.
Há três aspectos metafísicos importantes nessa experiência, que me ajudaram a seguir em frente rumo à cura. Primeiro: durante todo o tempo, bem no íntimo, eu sabia e sentia que Deus era Amor e que não me deixaria ficar para sempre naquela situação assustadora.
Segundo: havia um hino do Hinário da Ciência Cristã que sempre me vinha à mente, embora não me lembre de té-lo aprendido de cor. Repassava-o mentalmente, talvez uma centena de vezes, ponderando as múltiplas facetas de sua bela mensagem. Ele diz em parte:
"Derrama sobre todos nós
Teu bálsamo eficaz;
Dissipa nossas vãs tensões,
E mostra aos nossos corações
Quão bela é Tua paz."
(Hino 49)
Sentia como se o significado desse hino gotejasse lenta, mas constantemente em minha consciência, como se estivesse me alimentando com conceitos espirituais e uma visão à qual eu podia me ater. Meu senso espiritual aguardava que a beleza da paz de Deus se manifestasse na minha experiência.
Terceiro: sempre que estava consciente e conseguia orar, meu marido e eu ponderávamos o que chamamos de nossos "links" (ligações). Mary Baker Eddy escreveu em Ciência e Saúde: "Como o homem real está ligado pela Ciência ao seu Criador, os mortais só precisam volver-se do pecado e perder de vista o eu mortal para acharem o Cristo, o homem real e sua relação com Deus, e para reconhecerem a filiação divina" (p. 316). Isso me encorajava a ser muito clara com relação à minha origem espiritual e à causa divina da criação. A fim de realmente compreender que somos filhos de Deus, ou seja, ideias da Mente divina, expressões da Vida, tínhamos de nos afastar de uma origem material. Todos nós só podemos ter uma única ligação com a Vida divina.
Nosso Professor de Ciência Cristã havia recentemente expandido o significado espiritual dessa ideia de estarmos ligados a Deus, na reunião da minha Associação de alunos da Ciência Cristã; a ideia fez muito mais sentido para mim. Ajudou-me a ver a magnitude e o poder de uma causa espiritual agindo como lei na minha experiência.
Considere o exemplo de um site da Internet: Se você remover o hyperlink (hipertexto de ligação ou vínculo), você remove o acesso a outro site.
Da mesma forma, compreendi que tinha de eliminar em meu pensamento o conceito material de passado, presente e futuro. Desejava me livrar do pensamento temeroso que enfocava a incapacidade de estar no controle. Minha mãe, também Praticista da Ciência Cristã, ajudou-me a tornar esse conceito mais concreto, encorajando-me a me livrar desse estado e a imaginar que estava cortando qualquer pensamento de medo com uma tesoura. Pensar dessa forma me ajudou muito.
Sentia que precisava me movimentar de acordo com o ritmo da Mente, não apenas apreender as verdades superficialmente, mas compreendê-las de forma completa e honesta.
No começo da terceira semana, meu marido perguntou se havia algo de que eu especialmente precisasse ou que desejasse. Respondi: "O mar". Ele altruisticamente organizou uma viagem para o Mar Báltico, envolveu-me em um cobertor e me levou de carro para o litoral, cerca de quatro horas de distância de onde vivemos. Entramos na ilha de Rügen por uma linda e sinuosa estrada e, de repente, do topo da encosta íngreme, contemplamos o mar em sua plenitude. Ele estava tão belo, majestoso e vivo; águas azuis até onde a vista conseguia alcançar. Irrompi em lágrimas, que lavaram com gratidão e admiração toda a angústia e os temores dos dias passados.
Ao longo dos dias seguintes, não fizemos nada a não ser ler, orar e conversar sobre textos bíblicos e artigos relacionados ao Cristo. A certa altura, senti-me confiante o bastante para dar uma longa caminhada, inclusive descendo ribanceiras, embora ainda lentamente. A cada dia a vertigem ia se dissipando de forma gradual e o controle e a força iam retornando. Logo estava curada e, desde aquela ocasiao, tenho permanecido livre de todos os sintomas.
Não me importei absolutamente com o ritmo lento dessa cura, nem mesmo nos piores momentos, porque sabia o tempo todo que essa era uma grande oportunidade para aprender, progredir e desenvolver raízes espirituais mais profundas do que nunca. Sentia que precisava me movimentar de acordo com o ritmo da Mente, não apenas apreender as verdades superficialmente, mas compreendê-las de forma completa e honesta. Continuo a afirmar diariamente minha ligação espiritual com a Verdade, a praticar o autoconhecimento, a confiar em que tenho um bom equilíbrio de renovação espiritual, no trabalho, nos relacionamentos, e no cuidado apropriado com o corpo.
Nisso tudo, sou guiada pelo que o Apóstolo Paulo escreve na Bíblia: "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformaivos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:1, 2). *
