Eu não conseguia me lembrar de quase nada. Eram onze e meia da noite e eu tinha uma prova de jornalismo no dia seguinte. O que eu havia aprendido nas aulas durante todo o semestre?
Eu havia estudado, feito todas as leituras, seguido o programa ao pé da letra. Mas agora eu estava tendo uma espécie de lapso de memória. Meu estômago estava dando um nó e eu não conseguia sequer pensar direito. Será que eu devia ir à biblioteca? Ou tentar desesperadamente estudar tudo de novo às pressas?
Então, em meio a toda aquela preocupação, eu ouvi...
Você pode orar.
Resisti, porque não achava que teria tempo.
Mas o pensamento voltou: Você pode orar.
Assim, abri o Hinário da Ciência Cristã no Hino 134, que começa assim:
A Ti eu busco, ó Senhor,
E nunca busco em vão.
Ao toque de Teu puro amor,
Exulto, forte e são.
(Samuel Longfellow, tradução © CSBD)
Li cada linha absorvendo as verdades, como nunca tinha feito antes.
Na primeira estrofe, o que se destacou para mim foi a ideia de que podemos contar com Deus. Podemos nos volver a Deus todas as vezes em que nos sentirmos perdidos ou com medo, e Sua ajuda está presente. O amor de Deus é tangível para nós, reconfortante e sanador.
O começo da segunda estrofe me fez lembrar que eu não tinha de entrar em pânico:
A tua doce calma traz
A paz ao meu viver,
E vida plena Tu me dás,
E animas meu querer.
Mas o que significava “animas” neste caso? Eu sabia que não tinha nada a ver com pulso acelerado ou com pensamentos acelerados!
O verbo animar é sinônimo de vivificar, e a Bíblia fala a respeito de ser “vivificado no espírito” (1 Pedro 3:18). Vivificado, inspirado.
Assim, percebi que ser vivificado espiritualmente era muito diferente de fazer as coisas na correria, ainda que fosse com as melhores intenções. Ser vivificada espiritualmente significava ser vivificada por Deus e inspirada a ficar alerta aos meios com os quais eu podia expressar amor, inclusive em uma situação difícil; significava também expressar e glorificar a Deus a cada passo que eu dava.
A terceira estrofe calou fundo em mim, com esta promessa: “As Tuas mãos em tudo estão, E tudo em Tuas mãos”. Será que aquela prova não seria uma oportunidade de ver a “mão” de Deus, de ver o poder da inteligência divina, ou a Mente, em ação? O pânico que eu sentia diminuiu quando compreendi que meu êxito nesse teste não dependia exclusivamente de mim.
Com esses pensamentos, eu me acalmei e fui para a cama. Quando acordei, veio-me o pensamento de caminhar até o outro lado do campus e ir a uma padaria na rua principal. Estávamos apenas os esquilos e eu, caminhando pelo campus naquelas primeiras horas da manhã. Mas eu me sentia diferente; não me sentia sobrecarregada ou preocupada, mas muito mais confiante em que eu realmente sou o reflexo de Deus e de que Deus é a fonte de toda a inteligência verdadeira. O tempo que passei estudando na padaria foi produtivo. Pouco a pouco, comecei a me lembrar do que havia aprendido nas aulas de jornalismo. Mas eu não estava mais obcecada em lembrar todas as respostas. Eu estava sentindo um pouco mais minha unidade com a Mente divina, e isso estava lançando fora o medo de fracassar.
Mais tarde, com o caderno da prova na mão, respirei fundo e li a primeira pergunta. Essa eu sabia! E a próxima. E a próxima. Enquanto escrevia, as ideias simplesmente fluíam. Quando o professor disse: “tempo esgotado”, eu consegui apanhar minha mochila e sair da sala de aula com uma sensação de confiança e paz.
Algumas semanas depois, saiu a lista da qual constava minha nota, que foi muito boa. Mas a vitória que permaneceu comigo foi a compreensão mais profunda de que Deus realmente está presente nos momentos de pânico ou de luta, para acalmar nossa inquietação, para tranquilizar nosso medo e para nos amar, nos guiar e nos curar.
Tradução do original em inglês publicado na edição de 22 de fevereiro de 2016 do Christian Science Sentinel.
