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Quatrocentos falsos profetas ou o ‘cicio tranquilo e suave’

Da edição de maio de 2016 dO Arauto da Ciência Cristã

Tradução do original em inglês publicado na edição de novembro de 2015 de The Christian Science Journal.


Seria possível que um evento relatado na Bíblia, e que aconteceu há quase três mil anos, pudesse me ajudar a resolver um problema difícil em minha própria vida? Foi o que descobri logo no início da minha carreira profissional. Eu estava muito infeliz com o cargo que estivera ocupando fazia quase um ano. Foi então que abriu uma vaga em outro departamento, com uma faixa salarial mais elevada. Essa posição me parecia muito atraente, e um gerente conhecido meu havia discretamente me encorajado a me candidatar a ela. Essa parecia ser uma solução fácil.

Fui criada na Ciência Cristã, mas não havia me dedicado plenamente a esse modo de viver senão depois da faculdade. Na época em que surgiu esse desafio, eu já havia, em espírito de oração, recorrido a Deus em várias outras situações difíceis e havia encontrado as respostas de que necessitava. Eu também me conhecia o suficiente para perceber que meus motivos para mudar de emprego talvez não fossem os corretos. Estaria eu simplesmente tentando fugir?

Eu sabia que a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, que se dedicava ao estudo das Escrituras, algumas vezes procurava a orientação de Deus abrindo a Bíblia com um desejo honesto de saber qual era a vontade de Deus e, em seguida, lendo o versículo ou os versículos que mais se destacavam. Afirmando que a orientação de Deus nunca é aleatória, peguei minha Bíblia, que se abriu em uma história que consta do capítulo 22 do primeiro livro dos Reis e que relata algo que aconteceu na vida de Josafá, rei de Judá, e na vida de Acabe, rei de Israel.

Acabe desejava guerrear contra a Síria, para recuperar a cidade de Ramote-Gileade, e pediu que Josafá se unisse a ele nessa guerra. Josafá declarou sua lealdade a Acabe, mas insistiu: “Consulta primeiro a palavra do Senhor”. Então, Acabe reuniu devidamente cerca de quatrocentos profetas que serviam em sua corte e perguntou a eles se deveria guerrear contra Ramote-Gileade. Eles responderam: “Sobe, porque o Senhor a entregará nas mãos do rei”. Isso, naturalmente, era o que Acabe desejava ouvir.

Josafá, contudo, não estava convencido. Ele perguntou a Acabe: “Não há aqui ainda algum profeta do Senhor para o consultarmos”? A história continua: “Respondeu o rei de Israel a Josafá: Há um ainda, pelo qual se pode consultar o Senhor, porém eu o aborreço, porque nunca profetiza de mim o que é bom, mas somente o que é mau”. Josafá persistiu, e, assim, Micaías foi chamado para profetizar diante dos dois reis. Quando chegou, a princípio Micaías repetiu aos reis o que os outros profetas haviam dito, muito provavelmente para evitar a desaprovação de Acabe. Mas quando o pressionaram para que falasse mais francamente, Micaías disse a Acabe: “Vi todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o Senhor: Estes não têm dono; torne cada um em paz para sua casa”.

Acabe não ficou satisfeito ao ouvir essa profecia e ordenou que Micaías fosse colocado na prisão e que não o soltassem até que tivesse retornado “em paz” e vitorioso da batalha. Micaías respondeu: “Se voltares em paz, não falou o Senhor, na verdade, por mim”. Ambos os reis realmente foram guerrear contra a Síria e por pouco Josafá não foi ferido. Mas, como Micaías havia profetizado, Acabe, o rei de Israel, muito embora tivesse tomado a precaução de se disfarçar, foi morto durante a batalha.

A princípio, eu não conseguia imaginar o que esse acontecimento bíblico tinha a ver com a minha situação. Mas depois de orar para compreender a mensagem da história bíblica, ocorreu-me que talvez, como Acabe, eu estivesse ouvindo meu próprio coro de falsos profetas, ou inclinações pessoais, ao invés de ouvir ao único Deus. Cristo Jesus adverte: “...se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mateus 24:23, 24). E João aconselha: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1 João 4:1).

Acabe, influenciado por seus próprios desejos, optou por seguir o conselho dos profetas de sua própria corte, ao invés de dar atenção à opinião contrária de Micaías. Afinal, como é que quatrocentos profetas poderiam estar errados?! Será que eu também estava sendo enganada? Como poderia eu saber a diferença entre o falso e o verdadeiro?

No Glossário de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, a Sra. Eddy define a palavra profeta como: “Aquele que vê espiritualmente; desaparecimento do senso material ante os fatos conscientes da Verdade espiritual” (p. 593). O que o profeta verdadeiro, “aquele que vê espiritualmente”, estava me dizendo? Estaria eu disposta a ouvir os “fatos conscientes da Verdade espiritual”? A Sra. Eddy escreve: “Os efeitos da Ciência Cristã se fazem sentir, mais do que ver. É o ‘cicio tranquilo e suave’, a voz da Verdade a se manifestar. Ou estamos dando as costas a essa manifestação, ou lhe estamos dando atenção e nos elevando” (Ciência e Saúde, p. 323).

O desejo crescente de discernir a vontade de Deus e de ser obediente a ela, levou-me a pôr a descoberto, em meu próprio pensamento, uma forte tendência de ignorar a Deus e de seguir minhas próprias opiniões. Travei uma batalha difícil contra a vontade humana, que argumentava veementemente que mudar de emprego era a melhor escolha. Mas a terna voz do Amor divino era tão encorajadora, tão clara e estava tão de acordo com a Verdade, que eu estava finalmente disposta a ceder completamente e a ouvi-la. Meu Pai-Mãe Deus estava guiando a minha intuição espiritual, que estava ternamente me levando a colocar de lado a vontade humana e a permanecer no emprego em que eu estava. Essa orientação foi tão significativa para mim que não tive a menor dúvida de que era a resposta certa.

Permaneci naquele emprego por mais seis anos e aprendi muitas lições espirituais. Também adquiri experiência em outras áreas, o que veio a ser uma ferramenta muito útil em cargos que ocupei depois. De fato, a posição que ocupei logo depois incluiu tarefas desafiadoras das quais eu gostava muito e que me proporcionaram oportunidades de desenvolver, ainda mais, muitas das lições que eu havia aprendido.

Essa experiência não foi uma questão de vida e morte, como a de Acabe, mas foi fundamental para o meu crescimento espiritual. Aprendi a estar alerta contra os falsos profetas, ou sugestões agressivas, pensamentos persistentes que nos vêm à mente disfarçados, como se fossem a vontade de Deus, mas que em realidade não passam de desejos humanos desorientados, que não foram questionados nem examinados. A desobediência ignorante ou intencional traz consequências, mas Deus, o bem, está sempre presente e oferece tantas oportunidades quantas forem necessárias para que aprendamos a reconhecer o “cicio tranquilo e suave” e obedecer a ele.

Necessitamos de muita humildade para reconhecer que existe somente uma única Mente e que, como ideias perfeitas da Mente, não temos inteligência, vontade nem sabedoria próprias. Na história relatada na Bíblia, Acabe não aprendeu essa lição, nem mesmo com a ajuda de Josafá, mas nós podemos aprendê-la. Nossas orações sinceras, juntamente com as ideias encontradas na Bíblia e nos escritos de Mary Baker Eddy, nos proporcionam tudo de que necessitamos para a jornada. Compreender que nosso Pai-Mãe Deus realmente nos capacita a reconhecer Sua voz, e seguir a orientação espiritual para sabermos o que é melhor para nós, é um grande passo na direção correta.

Esta declaração da Sra. Eddy nos dá confiança: “...Deus é quem nos ajuda. Ele se compadece de nós. Usa de misericórdia para conosco e guia cada acontecimento de nossa carreira” (A Unidade do Bem, pp. 3-4). Quando aprendemos a distinguir entre a voz agressiva das sugestões errôneas e obstinadas, e a terna voz do Amor divino, e fazemos as escolhas certas, descobrimos que o plano de Deus para nós é sempre, e somente, bom.

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