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Deixe a energia do Espírito encher a Igreja

Da edição de abril de 2017 dO Arauto da Ciência Cristã

Tradução do original em inglês publicado na edição de março de 2017 do The Christian Science Journal.


O romance clássico de Charles Dickens, intitulado “Um conto de duas cidades”, começa com algumas frases, tais como: “Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos... foi a época da Luz, foi a época das Trevas, foi a primavera da esperança, foi o inverno do desespero, tínhamos tudo diante de nós, não tínhamos nada diante de nós...” Eu sempre gostei da igreja, mas houve uma época em que essa descrição de dois extremos opostos definia muito bem minha experiência, no que se refere à igreja. No meu caso, essa descrição teria sido intitulada “Um conto de duas igrejas”.

A primeira dessas igrejas me dava a sensação de algo verdadeiramente sagrado. As boas-vindas entre os membros eram muito mais do que sorrisos alegres e apertos de mãos. Havia alegria e apoio genuínos, e uma energia que fazia as pessoas sentirem que estavam trabalhando juntas para trazer a cura Cristã à própria vida e à comunidade. A oração nos cultos era potente e de longo alcance. O sermão nos elevava. Nós simplesmente sentíamos a presença de Deus ali, e não tínhamos o desejo de estar em nenhum outro lugar.

Mas a outra igreja me dava a sensação, na falta de uma expressão melhor, de algo mecânico. Os membros se sentiam preocupados e sobrecarregados pelo esforço de cumprir as obrigações e resolver os assuntos da igreja, ao invés de realmente amar a Deus e uns aos outros. O pequeno número de membros me fazia imaginar por quanto tempo mais aquela igreja conseguiria manter as portas abertas. Eu saía dos cultos me sentindo desanimado e cabisbaixo.

A questão é: na verdade, essas não eram duas igrejas. Essa era apenas a impressão que eu tinha. Era o mesmo edifício, os mesmos membros, a mesma igreja. Então, por que tanta diferença?

Obviamente, nenhum de nós acreditava que Deus estivesse menos presente naqueles dias “difíceis”. Ao longo do tempo, percebi a necessidade de encarar de frente um problema que era muito fácil deixar em segundo plano, isto é, tudo o que está relacionado a uma maneira material de pensar e viver, cujo efeito é sufocar o que vivenciamos na igreja, e que nos leva a não gostar da igreja ou, no mínimo, a ficar imaginando como a igreja poderia ser melhor. O problema é que, em momentos como esses, é muito fácil acreditarmos naquilo que parece que estamos sentindo, ao invés de despertarmos para o fato de que estamos sendo enganados.

A razão pela qual a verdade tem mais poder do que a mentira, a razão pela qual o amor triunfa sobre o ódio, a razão pela qual sempre persistiremos em desfrutar de saúde, ao invés de sucumbir ao sofrimento, consiste em algo que sabemos bem no âmago de nosso existir: que o bem é real. E desejamos dedicar nossas melhores energias ao bem. Mas obviamente, o fato é que precisamos estar bem despertos, espiritualmente, para poder discernir o que é verdade e o que é simplesmente o mal, agindo em nome do bem, para sufocar nosso senso espiritual. 

Cristo Jesus fez uma declaração determinante a respeito da natureza da igreja de nossa época. E quando imaginamos esse cenário, vemos que a maneira informal como ele parece levantar o assunto é surpreendente. Ele tinha acabado de chegar a uma nova região e então pergunta aos discípulos: “Quem dizem as multidões que sou eu”? (Lucas 9:18). A obra de cura e os ensinamentos de Jesus haviam causado bastante alvoroço, por isso os discípulos naturalmente sabiam o que estava sendo dito nas ruas. E eles disseram a Jesus que tinham ouvido as pessoas dizerem que ele era possivelmente um profeta ou, talvez, João Batista.   

Mas então Jesus coloca a pergunta em um nível mais elevado e indaga quem eles achavam que ele era. Sem hesitação, Pedro declara: “...Tu és o Cristo...” (Mateus 16:16). Jesus elogia a resposta de Pedro e deixa claro que a qualidade do discernimento espiritual que permitiu a Pedro reconhecer a presença do Cristo, ali mesmo onde o turbilhão da opinião humana estava obscurecendo a verdade, era o fundamento para se vivenciar a verdadeira igreja. Ele disse que sua igreja seria edificada exatamente sobre essa capacidade de discernir o Cristo, a verdadeira ideia de Deus, a qual fala ao nosso coração e se manifesta em nossa vida ao revelar a prova do que significa ser filho de Deus (ver Mateus 16:13–18 e Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, pp. 136–138).

Então, realmente temos uma escolha a fazer a respeito de como nos sentimos com relação à igreja e da maneira como nós a vivenciamos. Não temos de concordar com os murmúrios da opinião material sobre as coisas, mas podemos nos elevar para ver mais do alto, para olhar acima de todos os obstáculos que nos estavam impedindo de ver o Cristo. Quando cumprimentamos os visitantes e os membros, com certeza estamos sendo simpáticos. Mas quando nos permitimos sentir amor por eles e reconhecer em nosso coração que eles são a própria expressão do Espírito, Deus, estamos ouvindo e vivenciando o Cristo. É bom prestar atenção ao sermão, mas quando deixamos a verdade a respeito daquilo que estamos ouvindo entrar em nosso coração e formar o fundamento daquilo que pensamos do mundo ao nosso redor, então estamos sentindo a influência vivificadora do Cristo. É bom entender bem as palavras e cantar corretamente a melodia quando oramos e cantamos na igreja, mas quando deixamos essas palavras fluírem de nossos mais ardentes e profundos desejos de conhecer a Deus e sentir o efeito coletivo resultante, quando os outros na igreja se aproximam de Deus com a mesma sinceridade, então estamos vivenciando algo do fato de que o Cristo é um com Deus, e isso não apenas nos faz ter a esperança de cura, como também persistir em reivindicar nosso direito divino de vivenciá-la. 

Quer estejamos considerando nossa própria vida ou a vida de nossa igreja, a Sra. Eddy nos diz o que é necessário, agora mesmo, ao escrever: “Sintamos a energia divina do Espírito, que nos traz a uma vida nova e que não reconhece nenhum poder, mortal ou material, capaz de praticar destruição” (Ciência e Saúde, p. 249). A palavra “sintamos”, neste caso, inclui permissão e disposição. A perspectiva mortal é bem capaz de declarar: “Sim, eu gostaria muito de sentir a renovação que essa energia divina traz, mas não sei como fazer para deixar que isso aconteça”.

A palavra deixar, ou permitir, geralmente é usada para transmitir a ideia de ceder a algo ou consentir em que algo aconteça, mas também pode ter a força de um comando. Quando lemos no Gênesis que Deus disse “...Haja luz, e houve luz” (1:3), fica muito claro que Deus não estava simplesmente permitindo que a luz se estabelecesse. Ele estava dando a ordem para que isso ocorresse. Poderíamos até mesmo dizer que esse senso espiritual proveniente de permitir transmite a graça que cede à vontade de Deus e, ao mesmo tempo, dá ordens para que seja cumprida.

Consentir em que sintamos a energia do Espírito exige a disposição de admitir que tudo o que Deus define como verdadeiro e real é mais válido do que aquilo que o pensamento mortal acredita ser verdade. Consiste em abrir mão do que cada um pensa com relação às coisas, e obter a compreensão do que realmente está ocorrendo. Significa deixar para trás os meros esforços humanos, para que somente o Espírito, a Verdade, encha nosso coração. Esse tipo de trabalho mental talvez seja o que mais esforço exige de nossa parte. 

Sentir a energia divina do Espírito provém de uma reivindicação fundamental do coração que insiste no fato de que temos o direito de possuir o bem que Deus provê. É a profunda convicção de que, se Deus deseja que tenhamos algo, então nada pode nos impedir de vivenciar isso.

De certa forma, o versículo bíblico “...Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gênesis 1:26) expressa o comprometimento e o poder que Deus tem para assegurar que Sua criação é exatamente como Ele quer que seja: totalmente boa e exatamente semelhante a Deus em cada uma das qualidades da identidade do homem. Então, nós também podemos dizer que esta declaração de Ciência e Saúde, “Sintamos a energia divina do Espírito, que nos traz a uma vida nova e que não reconhece nenhum poder, mortal ou material, capaz de praticar destruição”, expressa nossa dedicação a nos comprometermos a exercer nossa capacidade inviolável de sentir que somos um com Deus, e também nossa capacidade de não sermos enganados e levados a pensar que em nossa vida a matéria tenha poder sobre o Espírito.

Ao longo deste ano, os Cientistas Cristãos de todo o mundo estarão trabalhando com esse trecho de Ciência e Saúde, visto que ele é o tema da Assembleia Anual de 2017. Dá-nos muita tranquilidade saber que esse trabalho de “permitir” não depende apenas de mim ou de você, mas de “nós”. E que vasto poder terá esse “nós”, ao trabalharmos juntos para sentir a energia do Espírito, trazendo-nos a uma vida nova, e ao realmente percebermos e reconhecermos que a longa história de um senso errôneo de igreja nunca pode destruir a verdadeira Igreja de Cristo, Cientista, que estamos edificando hoje.

Scott Preller

Tradução do original em inglês publicado na edição de março de 2017 do The Christian Science Journal.

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