Certo dia, notei que a frase: “O perigo está à espreita em cada esquina” era o cabeçalho de muitos artigos e manchetes de vários sites na Internet. Os tópicos abrangiam desde a preocupação com as mudanças climáticas até o alerta contra motoristas irresponsáveis e o medo da criminalidade. É uma tentação achar que o perigo esteja em toda parte e que isso seja cada vez mais o modo normal de ver a vida.
Mas, ao longo dos anos, a ideia de que somos cuidados por Deus, como foi mostrado nas obras de cura de Cristo Jesus, tem me infundido esperança e confiança. Jesus ensinou que Deus é o Espírito sempre presente, inteiramente bom, e que a verdadeira natureza de todos nós é a de filhos de Deus completamente bons, amados e espirituais. A compreensão de Jesus de que somente a lei divina governa a criação de Deus permitiu-lhe acalmar situações violentas, impedir pessoas de praticar más ações e até curar doenças graves.
Em nossas orações, podemos afirmar o fato espiritual de que Deus criou somente o bem. Isso nos ajuda a ver que nenhuma forma de mal e seus inerentes perigos têm autoridade divina, que é a autoridade suprema. Cada um de nós pode ouvir a mensagem do Cristo, o bem todo-poderoso de Deus, que incute equilíbrio mental e pensamento destemido, e que guia a todos de acordo com a necessidade.
Ninguém está fora do alcance do bem infinito proveniente do Amor divino.
Muitas vezes, em minha própria experiência, tenho visto que reconhecer a supremacia de Deus, o bem, torna-se uma fonte de inspiração, proporcionando ideias que me permitem sentir segurança. Eu me inspiro nas histórias bíblicas de pessoas que encontraram proteção em circunstâncias difíceis. Uma experiência animadora e instrutiva, relatada na Bíblia, é a do Apóstolo Paulo, que àquela altura já havia se tornado um dedicado seguidor dos ensinamentos de Jesus. Por ter sido alvo de falsas acusações, ele havia sido preso e tinha apelado ao Imperador de Roma; ele estava em um navio que se dirigia para lá com outros prisioneiros, quando surgiu uma violenta tempestade, ameaçando a vida de todos (ver Atos 27).
Mas, nessa altura dos acontecimentos Paulo já havia alcançado a convicção inabalável de que a luz divina nos guia, luz essa que o guiara em meio a outras experiências difíceis. Nessa situação, ele se dirigiu corajosamente ao pessoal do navio e disse: “...agora peço que tenham coragem. Ninguém vai morrer; vamos perder somente o navio. Digo isso porque, na noite passada, um anjo do Deus a quem pertenço e sirvo apareceu a mim e disse: ‘Paulo, não tenha medo! ... E Deus, na sua bondade, já lhe deu a vida de todos os que estão viajando com você’ ” (Atos 27:22–24, Bíblia versão Nova Tradução na Linguagem de Hoje).
Há uma maneira de entender o conceito de anjos que pode nos esclarecer ainda mais essa experiência. Mary Baker Eddy, que descobriu a Ciência Cristã, escreveu: “Os anjos são pensamentos puros que emanam de Deus, alados com a Verdade e o Amor...” e “Esses anjos nos livram dos abismos. A Verdade e o Amor ficam mais próximos na hora da aflição, quando a fé poderosa, a força espiritual, luta e prevalece graças à compreensão a respeito de Deus” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, pp. 298 e 567).
Paulo, que aprendera a permanecer bem receptivo às orientações de Deus, o Amor divino, ouviu claramente a mensagem da presença protetora de Deus, mesmo em meio a essa violenta tempestade. A absoluta certeza de Paulo a respeito da veracidade dessa mensagem o levou a encorajar os outros a se alimentarem, pois havia dias em que nada tinham comido, e isso confortou e elevou o ânimo deles. No momento do naufrágio, os soldados a bordo tinham a intenção de matar os prisioneiros para que eles não fugissem, mas o capitão do navio os convenceu a não fazer isso. Todos, ao todo 276 pessoas a bordo, chegaram em segurança na praia.
Ninguém está fora do alcance do bem infinito proveniente do Amor divino. A disposição de prestar atenção e ceder à direção do Amor divino tem um efeito sanador e protetor.
