Acontecimentos desarmoniosos são sempre oportunidades para a cura. Em minha experiência, algumas curas foram instantâneas, ao passo que outras pareceram como o descascar de uma cebola, camada após camada sendo descartada, até chegar ao âmago da questão: demonstrar a verdade eterna e imutável, Deus perfeito e homem perfeito.
Vou relatar uma cura em que foram necessárias algumas semanas de oração contínua e diligente, mas que me levou a compreender melhor a natureza do Amor divino, e a perceber cada um de nós como sendo a imagem refletida do Amor.
Há alguns anos, caí do topo de uma pequena escada. Tentei amortecer o tombo com a mão e braço esquerdos, mas acabei caindo pesadamente sobre todo o lado esquerdo do corpo. Meu marido ouviu o barulho e veio ajudar, mas agradeci e pedi que ele me deixasse sozinha, para eu ter um momento de quietude e orar silenciosamente, antes mesmo de tentar me levantar.
Felizmente, não senti medo. Tendo aprendido, por meio do estudo e prática da Ciência Cristã, que o homem (a identidade verdadeira de todos nós) é obra de Deus, o Espírito, e que, portanto, é espiritual, recusei-me a aceitar a crença falsa de que um acidente pudesse ter qualquer efeito em mim, uma filha de Deus.
Sendo Deus totalmente bom, Ele não conhece nem causa acidentes. Orei, reconhecendo que sempre estou em união com Deus, que Ele mantém o homem, ou seja, cada um de nós, sempre como uma ideia ao abrigo da Mente divina.
Depois de lentamente levantar-me, notei que mal podia respirar. A dor na costela do lado esquerdo era quase insuportável, especialmente quando eu tentava ficar ereta. Além disso, o braço, punho e quadril também doíam.
Senti-me tentada a diagnosticar as lesões, mas esse é o modelo mortal de cuidado da saúde, com base na crença de que a vida esteja na matéria, e que a matéria necessite de ajustes. A cura por meio do Cristo começa com a verdade: a harmoniosa união de Deus e o homem; e continua com essa verdade até que o corpo corresponda à saúde normal.
Sempre que me vinha ao pensamento a sugestão de que sentia dor, eu focava mentalmente, e com firmeza, na “declaração científica sobre o existir” que se encontra na página 468 do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy; essa declaração começa assim: “Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria. Tudo é a Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo”.
Eu sabia que não estaria apoiando a cura se falasse a respeito da dor ou da dificuldade para respirar. Dar detalhes de um machucado ou doença pode gerar a compaixão dos outros, mas quando falamos dos sintomas, a tendência é implantarmos no pensamento a dificuldade como sendo real e assustadora. Então, em vez disso, eu orava silenciosamente, a sós com Deus.
Este trecho do livro Ciência e Saúde me ajudou particularmente: “Quando compreendemos que a Vida é o Espírito e nunca está na matéria nem é constituída de matéria, essa compreensão se expande até ser completa em si mesma, achando tudo em Deus, o bem, sem necessitar de nenhuma outra consciência” (p. 264).
Sendo o reflexo da Mente, o homem é sempre governado pela lei de Deus, a lei da harmonia eterna, por isso, não houve sequer um momento em que eu tenha sido uma mortal desastrada ou tenha caído, separada de Deus e suscetível às crenças do acaso ou das circunstâncias, da insensatez ou distração. A Mente sempre ativa é a origem de todo movimento e, na verdade, o homem reflete a atividade consciente da Mente.
Sendo o Espírito a única substância, raciocinei que minha identidade individual, meu verdadeiro corpo, é indestrutível e eternamente manifesto. Isso significava que a queda e seus maus efeitos eram ilusões sem nenhum poder. Acreditar que eu pudesse estar realmente machucada seria igual a derrubar do topo de um edifício uma cerâmica representando o número sete, e lamentar depois a perda do próprio número sete. Seria uma impossibilidade, já que o sete é um conceito mental! Lemos no livro Ciência e Saúde: “As ideias espirituais, como os números e as notas, partem do Princípio e não admitem crenças materialistas. As ideias espirituais conduzem à sua origem divina, Deus, e ao senso espiritual do existir” (p. 298).
Quando as sugestões de dor persistiam em chamar a atenção, eu me voltava de todo o coração para o amor de meu Pai-Mãe, cujos braços sempre presentes me seguravam em perfeita paz e harmonia.
Em menos de uma semana, voltei a desempenhar todas as atividades usuais, inclusive tocar piano na igreja. Logo cessou a dificuldade de respirar. Após três semanas, não havia nenhum resquício de dor, eu tinha liberdade de movimentos, e minha postura voltara a ser ereta.
