As crises nacionais às vezes trazem consigo experiências positivas inesperadas. Podem ser um catalisador para a cooperação, o desprendimento pessoal e a unidade nacional. Atos inspiradores de coragem e de demonstrações espontâneas de desprendimento do ego às vezes surgem em meio a circunstâncias extremas. Aliás, esses eventos inspiram um senso renovado de unidade que talvez esteja adormecido, apenas esperando para ser reavivado.
Um dos aspectos mais belos que testemunhei em tempos de conflito global foi o mundo se unindo em oração. Embora não haja duas orações iguais, o motivo é o mesmo, ou seja, recorrer a um poder superior, em busca de orientação e ajuda. Nossas orações pelo mundo encontram amplo apoio nas palavras inspiradas do salmista, que declarou: “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém...” (Salmos 24:1). Ao reconhecermos e aceitarmos esse fato, colocamos todas as nações sob a asa protetora do Todo-Poderoso, cujo reinado nunca pode ser ameaçado ou deposto, pois, como diz um hino que muito aprecio: “Seu reino é eterno” (Frederic W. Root, Hinário da Ciência Cristã, 10, trad. © CSBD).
Quando surge uma crise, sinto que é minha responsabilidade reconhecer, de maneira fervorosa e consciente, o governo e o controle de Deus, e refutar quaisquer sugestões de que exista um governo ou uma força que, com ele, compita por poder. Quando agimos movidos pela inspiração que nos advém desse senso iluminado e humilde, nossas orações e nossas ações ficam imbuídas de um poder que excede o mero esforço humano. Vislumbramos a realidade de que existimos para expressar a sabedoria divina de Deus, e esse conhecimento expande nossa capacidade de abençoar os assuntos humanos.
Não precisamos procurar muito além da Bíblia para provar isso. Nela lemos que o homem mais poderoso do mundo na época, o faraó do Egito, não teve poder para deter o êxodo dos israelitas desarmados; que o pequeno grupo de trezentos homens de Gideão derrotou completamente um exército de mais de cem mil homens que os atacava; como também aquele outro homem, Eliseu, que neutralizou pacificamente uma força militar inteira. Ezequias, que confiou em Deus ao enfrentar inimigos poderosos, explicou seu domínio sobre esses pretensos invasores com uma declaração que ecoa ao longo dos tempos: “Com ele está o braço de carne, mas conosco, o Senhor, nosso Deus, para nos ajudar e para guerrear nossas guerras” (2 Crônicas 32:8).
As palavras do Salmista: “Ao Senhor pertence a terra” significam muito mais do que Deus pegando em armas no campo de batalha. Representam um impressionante reconhecimento de que o universo não é em absoluto uma criação física, mas sim uma criação espiritual. Isso desafiaria a lógica, se acreditássemos que Deus, o Espírito, que é o próprio Amor, pudesse criar um universo material sujeito a ser derrotado pela violência, pela destruição e pelo ódio. Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, faz esta observação, quando escreve: “As Escrituras declaram que tudo o que Deus fez é ‘bom’; portanto, se o mal existisse, existiria sem Deus. Mas, isso é impossível em realidade, pois Ele fez tudo o ‘que foi feito’ ” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos], p. 178).
Os objetos da criação de Deus são ideias. As ideias são mentais, não materiais. Não podem ser perdidas, divididas nem removidas. Nossa compreensão limitada acerca do Espírito talvez não nos permita compreender perfeitamente isso, mas não muda o fato de que a terra é indestrutível, que todas as coisas nela contidas são ideias indivisíveis criadas por Deus, pertencentes a Ele e controladas por Ele.
Por isso, uma nação ou país é uma ideia ou, mais precisamente, uma coleção de ideias. Essas ideias incluem democracia, liberdade de expressão, liberdade de religião, igualdade, oportunidades iguais e diversidade. Essas ideias não podem ser possuídas, suspensas ou suprimidas. Por serem derivadas de Deus, existem em perpetuidade e não estão sujeitas aos caprichos mutáveis e autodestrutivos do partidarismo e do poder pessoal. As ideias espirituais triunfam sobre todas as maquinações humanas, porque são expressões de uma Mente infinita, Deus, que reina sem oposição. A própria existência de Deus é a garantia de que Suas ideias nunca podem ser destruídas.
Ao reconhecermos o governo de Deus e nos esforçarmos para ceder à Sua vontade, temos a capacidade de ver a obra de Deus em nós mesmos. Josafá, rei de Judá, enfrentou a ameaça assustadora de uma aliança de inimigos que pretendiam atacá-lo (ver 2 Crônicas 20:1–23). Reconhecendo suas próprias inadequações, recorreu a Deus com a mais profunda humildade e disse: “Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti”. Sua total negação da fé em recursos físicos, entre eles sua própria capacidade, abriu a porta de sua consciência para testemunhar o que ali sempre estivera — a supremacia e a autoridade de Deus sobre a sugestão de qualquer oposição a Seu governo. Como ideia, uma expressão de liberdade da tirania, da idolatria e da adoração pagã, Judá foi salvo da ameaça da dominação ou destruição humana. Isso lhe permitiu ouvir a resposta de Deus: “Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus”.
Ver uma nação essencialmente como um conceito mental apresenta uma oportunidade de contribuir ativamente para sua defesa. Não importa onde residamos fisicamente, a primeira linha de defesa não está em um campo de batalha físico, mas em nossa própria consciência. Podemos afirmar em oração a fonte, a permanência e a indestrutibilidade das ideias que parecem estar sitiadas. Essa é uma defesa ativa, não passiva, que lida com a ameaça exatamente onde ela afirma existir — no pensamento.
Ao afirmar mentalmente que a terra é verdadeiramente do Senhor, vemos como a totalidade de Deus exclui a possibilidade de um centro de poder oposto. Isso nos guiará na defesa correta daquilo que é, em última análise, de Deus, assim como aconteceu com Moisés, Eliseu, Gideão e Jesus. A forma dessa defesa pode parecer totalmente não convencional pelos padrões do mundo, mas tem uma vantagem distinta sobre todos os que são considerados seus inimigos — essa defesa é onipotente e, portanto, não tem inimigos reais.
As palavras imortais do Salmo 91 são tão válidas e aplicáveis nos dias de hoje como quando foram escritas, séculos atrás: “Pois disseste: O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos” (versículos 9–11).
Quando renunciamos a qualquer senso de responsabilidade pessoal e nos comprometemos a refletir o governo de Deus, começamos a ver evidências desse eterno governo — mesmo em meio a tempos turbulentos.