Quem gosta que suas qualificações como funcionário, professor, ou mesmo como pessoa, sejam avaliadas — na expectativa de que você então corrija suas falhas — e com resultados incertos? Mesmo que seja um exame de si mesmo, sem a avaliação de terceiros, a perspectiva de que inúmeras deficiências venham à tona pode parecer uma sentença de prisão.
Mas o que dizer se o exame de si mesmo não for negativo e, em vez disso, revelar boas qualidades que antes eram desconhecidas?
Quando conheci a Ciência Cristã e comecei a ler os escritos da Fundadora, Mary Baker Eddy, percebi que o exame de si mesmo era encorajado como necessário para manter nosso pensamento focado e para progredirmos em nossa experiência humana. A Sra. Eddy escreveu em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “São divinos ou humanos os pensamentos? Essa é a questão importante” (p. 462). Essa percepção nos impele a examinar nossos pensamentos, identificar sua origem e ver como progridem.
Talvez seja difícil avaliar nossa perspectiva atual de modo a encorajar nosso crescimento, sem nos sentirmos desanimados por não ter havido progresso com o que ainda não alcançamos. É provável que vejamos a nós mesmos e aos outros como moldados por circunstâncias e limitações humanas. A abordagem do exame de si mesmo a partir dessa premissa pode ser negativa e contraproducente.
Afinal, qual é a lente que apoia o crescimento que traz bons resultados? A perspectiva que conduz à transformação deve encorajar, e não condenar. Alcançamos melhores resultados quando olhamos não apenas para o que precisa ser mudado do ponto de vista humano, mas quando nutrimos pensamentos divinos que revelam que nosso Pai-Mãe Deus criou cada um de nós íntegro, reto e espiritual.
A Mente divina sempre presente capacitou-nos a enxergar, através da lente espiritual, o progresso imutável, sem limites.
Então ficamos mais conscientes de que precisamos melhorar nosso caráter e conduta. Viver de maneira mais compassiva, misericordiosa e humilde, como Jesus ensinou e viveu, exige a disposição de examinar a nós mesmos e reconhecer o que não está de acordo com a natureza espiritual do Cristo, natureza que nos é inata como filhos de Deus. Ao mesmo tempo somos encorajados a reconhecer que temos a capacidade, dada por Deus, de abandonar velhas maneiras de pensar e agir que simplesmente não são vistas através das lentes do Espírito, Deus.
Lembro-me de uma experiência que me aproximou conscientemente de Deus. Como jovem mãe, recente no estudo da Ciência Cristã, eu estava tendo curas, mas também precisava me desvencilhar de uma vasta bagagem mental e emocional. Com frequência eu fazia um exame de mim mesma.
De início, no entanto, eu não estava me identificando como a semelhança espiritual do Amor, um nome bíblico para Deus. Eu estava me identificando com os problemas — era assim, pensava eu, que as pessoas me viam. O resultado foi a desesperança e a condenação própria — não o progresso feliz por estar começando a compreender que eu era o que nosso Pai-Mãe Deus, infinitamente amoroso, planejou para Seus filhos
Fiz contato com uma praticista da Ciência Cristã — uma pessoa que se dedica a orar para ajudar a outros — e despejei meus problemas. Eu esperava me livrar do peso e da falta de alegria. Todavia, não estava compreendendo seus comentários e tive uma sensação de desesperança a tomar conta de mim. Quando eu estava saindo de seu escritório, a praticista percebeu que eu ainda sentia o peso que desejava fosse tirado de mim, e ela fez este doce comentário: “Você não percebeu que recebe uma folha em branco todos os dias?”
Fiquei maravilhada. Dei-me conta de que o Amor divino nunca mantém um placar de erros e falhas. O exame de mim mesma, com base no senso pessoal, não me permitira olhar para fora e para cima, mas para dentro, onde eu via inaptidão. Ao ser tocada pelo abraço sempre presente do Amor, senti a verdade do que lera em Ciência e Saúde, de que eu era “…livre ‘para entrar no Santo dos Santos,’ — o reino de Deus” (p. 481). Senti que estava enxergando através de uma nova lente, a lente pela qual tive um vislumbre da realidade espiritual de que vivemos devido ao bem que Deus proporciona, não o nosso.
Minha vida mudou naquele momento e assim permaneceu. Foi um impacto no contínuo exame de mim mesma, o que me levou a sentir profunda e humilde gratidão; tive inúmeras curas de problemas físicos; superei problemas de relacionamento; questões financeiras foram solucionadas; encontrei orientação sobre passos a tomar na vida.
É verdade, Deus não registra os erros e as falhas de nossa experiência humana. A Mente infinita, que ama a cada um de nós, conhece nossa força, nossos talentos e nosso potencial. A Mente divina sempre presente capacitou-nos a enxergar, através da lente espiritual, o progresso imutável, sem limites. O exame de si mesmo significa desfazer-se de bagagens que nunca pertenceram ao filho de Deus e viver como a expressão de Deus, a Mente divina, o Amor, que se expande sempre. Para isso fomos criados.