“Um dia, quando eu tiver filhos”, disse meu filho de vinte e poucos anos, “como poderei me sentir seguro em deixá-los na escola, quando parece que todas as escolas são vulneráveis à violência armada?”
A pergunta dele não tratava de quais tipos de proteção poderiam ser implementados para garantir a segurança pública. Percebi que o que ele e muitos outros anseiam é se livrarem do medo, da espiral de preocupação e ansiedade, que nos leva a pensar que o mundo seja um lugar inseguro e que não haja nada que possamos fazer a esse respeito. Esse clima de medo é tão predominante que até mesmo um jovem sentado na varanda com os pais, em uma noite de primavera, em um bairro tranquilo, estava se debatendo com ele.
Embora as leis e outras medidas de segurança sejam comuns, em uma sociedade civilizada que procura proteger seus cidadãos, é oportuno perguntar se essas medidas, por si mesmos, serão suficientes, tanto individual como coletivamente, para nos tranquilizar por completo e eliminar nosso medo. Mary Baker Eddy, que descobriu a lei eterna do cuidado divino, que se revelou eficaz para libertar as pessoas do medo e para protegê-las do perigo, fez uma pergunta semelhante no livro de sua autoria, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Porventura são os meios materiais o único refúgio contra as probabilidades fatais? Não haverá permissão divina para vencer toda espécie de desarmonia por meio da harmonia, da Verdade e do Amor?” (p. 394).
O que a revelação feita pela Sra. Eddy, com base na Bíblia, indica é que sentir-se seguro e estar protegido do perigo depende de algo que está sempre a nosso alcance, qualquer que seja nossa localização física ou situação. Esse algo é a consciência do fato de que somos filhos de Deus e de que nosso Pai divino sempre presente está continuamente protegendo cada um de nós. Na verdade, estamos ainda mais próximos de Deus do que um filho está do pai ou da mãe, porque Deus, que é o Espírito, está em toda parte e a nosso redor, e nós nunca estamos fora do Espírito. Habitamos no permanente abraço protetor do Pai-Mãe divino, cuja infinita sabedoria nos guia com inteligência, e cujo perfeito amor envolve cada um de nós em segurança.
À medida que percebemos a orientação de Deus e sentimos que o Amor divino está envolvendo nossa vida, reconhecemos cada vez mais que a segurança está incluída naquilo que somos como a criação espiritual de Deus. Compreendemos que a segurança é um elemento permanente de nosso existir, não uma condição que dependa de algo externo. Por isso, ela nos acompanha onde quer que estejamos. Quando adquirimos essa compreensão espiritual e nos elevamos acima das sugestões de perigo e de medo, em qualquer situação, nós não só nos sentimos protegidos e nos acalmamos, mas nosso senso espiritual da proteção de Deus para com Seus filhos se estende a nossos entes queridos e aos outros também.
O impacto prático dessa compreensão do cuidado de Deus, mesmo em uma atmosfera de pensamentos apreensivos e de ameaças físicas, é ilustrado na história épica de Moisés, contida na Bíblia. Enquanto Moisés conduzia os israelitas para fora do Egito, parecia não haver fim para as ameaças à vida deles. E eles não hesitavam em dizer a Moisés que estavam com medo ― com frequência e, às vezes, desesperadamente. Seus receios pareciam justificados, claro. Imagine ser perseguido por todo o exército egípcio ou enfrentar a possibilidade de ficar sem comida e sem água!
No entanto, Moisés deixou tão claro que Deus era o grande Eu Sou — a verdadeira Vida e Mente de Seus filhos, o Amor todo-poderoso que os guiava, tal como agora aprendemos na Ciência Cristã — que eles sentiram a presença protetora de Deus de muitas maneiras, sendo esta uma delas: “O Senhor ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite” (Êxodo 13:21).
Repetidas vezes foi provado que o Amor divino estava com eles, e as respostas e o cuidado de Deus, que estavam prontamente disponíveis, foram trazidos à luz. Os olhos dos israelitas foram abertos para o suprimento de suas necessidades e para a orientação necessária para chegarem com segurança a seu destino. Ao se aproximarem do fim da jornada, Moisés abençoou cada uma das 12 tribos de Israel e lhes assegurou que a proteção divina que os havia acompanhado continuaria com eles. Por exemplo, a respeito da tribo de Benjamim, ele disse: “…O amado do Senhor habitará seguro com ele; todo o dia o Senhor o protegerá, e ele descansará nos seus braços” (Deuteronômio 33:12).
É oportuno considerar que a presença sustentadora e protetora de Deus demonstrou ser uma constante, mesmo quando parecia não haver maneira de os israelitas evitarem o desastre. O que era necessário era uma mudança de pensamento ― indivíduos que conseguissem ver muito além do medo, que percebessem o cuidado de Deus e confiassem nesse cuidado (e pode ter havido muitos além de Moisés). Isso também é necessário hoje, e cada um de nós pode fazer a diferença. Quando confrontados com o clamor do medo, podemos desviar nossos pensamentos da falta de confiança ou do terror, e focar no fato espiritual de que o poder protetor de Deus está a nosso alcance.
Há vários anos, nossa família teve a oportunidade de colocar isso em prática. Chegamos ao aeroporto no mesmo dia em que uma conspiração terrorista havia sido descoberta e desmantelada. Como estávamos viajando em um avião operado pela mesma companhia aérea, no mesmo aeroporto onde ocorrera o incidente, o pessoal da mídia cercou nossa família e me entrevistou para saber se continuaríamos nossa viagem naquela manhã. Eles pareciam estar em busca de uma frase de efeito, indicando que as viagens aéreas não mais seriam seguras. Mas, eu havia orado a respeito da viagem, e essa oração me assegurara que poderíamos nos sentir tranquilos em relação a nossos planos. Expliquei calmamente que gostávamos muito de viajar e nunca havíamos tido uma experiência em que tivéssemos nos sentido em perigo.
Mesmo assim, os repórteres continuaram a me pressionar, então eu lhes contei como havia orado. Quando as câmeras e o pessoal da mídia finalmente se afastaram, meu filho, contrariado, disse: “Puxa, mãe! Agora não vamos aparecer no noticiário!” Contudo, ele e outros membros da família deixaram claro que estavam gratos pela perspectiva pacífica e alegre que permitiu que todos nos sentíssemos seguros para prosseguir com a viagem.
Embora existam muitas coisas no mundo, hoje em dia, que poderiam nos deixar inseguros ou com medo, é útil reconhecer que focar insistentemente esses possíveis perigos pode nos levar, como acontecia com os israelitas, a um estado de pânico e desespero, em que é muito mais difícil viver sentindo o domínio e a alegria que são parte de nossa verdadeira identidade. Naquela noite de primavera, na varanda, dissemos a nosso filho que talvez o medo desta geração, embora aparentemente justificável, esteja fundado em circunstâncias que não são realmente mais generalizadas ou mais perigosas do que as que estavam presentes em outros momentos da história. O que aumentou foram as conversas sobre possíveis perigos e a atenção contínua neles. E é aí que nós, como indivíduos, temos a oportunidade de ajudar a neutralizar esse clima mental de medo, com nossa própria insistência em focar o que é espiritualmente verdadeiro. A verdadeira constante, em todos os tempos, é a presença e o poder de Deus, a Vida e o Amor divinos, que ilumina nosso caminho e faz com que nossos passos sejam dados com segurança, em qualquer situação.
Nós não fomos criados por Deus para sermos frágeis ou vulneráveis, mas para estarmos em segurança e sermos alegres e determinados. Com a certeza de que nosso Pai amoroso está sempre cuidando de nós, podemos nos libertar do medo que nos levaria ao pânico ou à paralisia, e tomar uma posição firme alicerçada na verdade comprovada de que estamos naturalmente seguros, e de que todos também estão.
