Como podemos saber a diferença entre a verdade e uma mentira? Diante de tantas fontes que alegam informar a verdade, cada uma apresentando versões muito diferentes dos acontecimentos, como podemos saber o que é fato e o que é ficção? Existe alguma fonte confiável?
Séculos atrás, Cristo Jesus disse: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Ele conhecia tão profundamente a verdade do controle amoroso de Deus, que acalmou uma tempestade, confortou e curou pessoas, e até venceu a morte, tudo em meio às agitações políticas, religiosas e sociais de sua época. No entanto, o que ele sabia ia muito além de uma crença cega ou de uma compreensão intelectual. Ele defendia o que é divinamente real, diante de qualquer evidência em contrário.
Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, explica como isso também é possível para nós hoje: “Nem a Ciência nem a Verdade agem pela crença cega, como também não age pela crença cega a compreensão humana do divino Princípio sanador, tal como este se manifestou em Jesus, cujas orações humildes eram profundos e conscienciosos protestos a favor da Verdade — da semelhança do homem com Deus e da unidade do homem com a Verdade e o Amor” (p. 12).
Os ousados “protestos a favor da Verdade”, que Jesus levantava, desafiavam as alegações do mal, e dessa forma ele curou e abençoou pessoas. Ele mostrou à humanidade o que a Verdade, Deus, realmente é. Hoje mesmo, tais orações de protesto têm o poder de conduzir seus seguidores à atitude correta, quando é imprescindível que seja revelada a verdade sobre uma situação.
Certa ocasião, tive a oportunidade de pôr em prática esses protestos. Na empresa em que eu trabalhava, circularam mentiras que resultaram em perdas financeiras significativas em determinada transação comercial. Minhas orações me mostraram que eu não precisava lutar com uma fé cega, nem me valer de uma compreensão humana limitada. A verdade não dependia de mim para torná-la verdade. Com um protesto mental, eu podia confrontar cada mentira que surgia.
Compreendi que as mentiras não têm fundamento. De onde vêm? Não de Deus. Sem dúvida, no mundo há desafios relevantes que não podem ser ignorados. Assim como Jesus, precisamos ter compaixão e consideração por aqueles que estão enfrentando dificuldades. No entanto, a tristeza e o sofrimento — ou até a tentação de ludibriar — resultam de um falso conceito sobre o universo, uma crença errônea sobre o que tem substância e realidade.
Na Bíblia, o segundo capítulo do Gênesis bem como os subsequentes expõem a mentira básica de que homens e mulheres estejam separados de Deus, e vivam em um mundo de sofrimento e desonra. A serpente, a primeira a mentir, alega criar uma distância devastadora entre o bem de Deus e a experiência do homem. Jesus, no entanto, pôs essa mentira a descoberto, dando testemunho muito claro da união do homem com Deus, a ponto de seu ministério de cura não ter sido afetado por agitações políticas, doutrinas religiosas ou tumultos de qualquer tipo. Sua profunda e total confiança em Deus teve efeito prático na experiência humana, ao eliminar todo tipo de mentira ou erro com que ele se defrontou, até mesmo a mentira de que a vida tenha um fim: ele saiu do túmulo.
Quanto à situação em meu trabalho, eu sabia que as mentiras não poderiam perdurar nem se vangloriar de controlar os negócios, ou de engendrar manobras políticas, tampouco poderiam impedir a paz e o progresso. Na realidade, exatamente onde parecia haver turbulência, o Cristo, a ideia divina de Deus, estava atuando para ajustar as circunstâncias humanas.
Vários funcionários perderam o emprego devido a suas atitudes, e prolongadas investigações foram implementadas. Coube a mim resolver vários problemas pendentes e dar andamento a transações comerciais que precisavam ser finalizadas. Continuei firme em reconhecer o poder da Verdade para vencer cada sugestão de perda, desonestidade e turbulência que surgiram. Os silenciosos protestos a favor da semelhança do homem com Deus, e do fato da união inquebrantável entre Deus e o homem, gradativamente trouxeram à luz as melhores formas de ação corretiva. Diariamente eu afirmava que o homem era um com a Verdade, e isso fez com que meus pensamentos fossem calmos e focados em soluções sábias.
Também reconheci que as pessoas envolvidas na fraude eram, em realidade, filhos de Deus, apesar dos erros que pareciam privá-los de reconhecer sua herança divina. As pendências entre a empresa e aqueles funcionários foram resolvidas sem litígio. Durante todo o processo eu fui totalmente protegida.
Em uma carta, a mim enviada, o presidente da empresa afirmou que meus elevados padrões éticos e morais tinham sido fundamentais para ajudar a organização a pôr a descoberto o que havia ocorrido. Esse reconhecimento foi para mim uma prova concreta do poder de persistir em espírito de oração no que é divinamente verdadeiro.
Com essa experiência, fortaleceu-se minha compreensão de que conscienciosos e profundos protestos a favor da união do homem com Deus destroem toda falsidade; a mentira desaparece naturalmente porque nunca fez parte do que é espiritualmente verdadeiro. Todo conceito equivocado se dissolve à medida que a união do homem com Deus é firmemente declarada com sólida convicção, quer a situação envolva questões políticas ou religiosas, problemas pessoais ou de saúde.
Embora seja importante sermos guiados por uma bússola moral, eu vim a entender que é fundamental compreender a fundo a natureza imutável, sempre presente e todo-poderosa da Verdade, bem como sua capacidade de transformar e redimir a experiência humana. Essa compreensão é uma poderosa fonte diária de um senso espiritual de bem-estar, de progresso e de crescimento espiritual.
Imbuídos das ideias que a todo momento a Mente divina provê a cada um de nós, podemos confiar em que o Cristo comunicará ideias espirituais específicas que dissolverão mentiras. Nossas orações, nossos “profundos e conscienciosos protestos a favor da Verdade” nos conduzem à atitude correta, quando somos confrontados pela falsidade. Os ajustes necessários são assegurados porque, silenciosa ou audivelmente, a sabedoria orienta, e a Verdade fala mais alto do que o ruído de qualquer tempestade.
