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Original para a Internet

Perdão e cura

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 17 de setembro de 2020


Alguns acontecimentos na vida podem virar tudo de cabeça para baixo, violar o senso que a pessoa tem de segurança espiritual e abalar a confiança em um Deus protetor.

Essses mesmos acontecimentos, contudo, também podem se transforrmar em experiências que fortalecem a fé, renovam a devoção a Deus e ajudam a sentir, de maneira bem direta, o poder sanador do Amor divino que tudo abrange.

Quando eu estava ainda no ensino médio, fui violentada por um amigo próximo, em quem eu confiava.

Fiquei por demais amedrontada para procurar a ajuda de minha família, da escola ou da polícia.

Embora eu tenha crescido em uma família de dedicados Cientistas Cristãos, sentia-me incapaz de procurar conforto espiritual, como sempre fizera.

O estupro não foi denunciado, mas eu fiquei profundamente afetada.

Senti-me completamente desamparada por Deus, na época, e passei muitos anos destroçada pela raiva e pelo ódio contra o homem que me havia violentado.

Sentia-me justificada nessa raiva.

A violência e a dor me oprimiam.

Eu não via nenhuma razão para perdoar alguém que me havia violentado de maneira tão completa.

Cerca de quatro anos após o estupro, comecei a ter sintomas físicos que me deixavam debilitada e assustada.

Busquei ajuda médica e fui informada de que eram sintomas de endometriose e câncer cervical.

Os exames médicos deixaram claro para mim que pelo menos um desses males tinha conexão com o estupro.

Fiquei furiosa com o fato de o estupro causar tamanho dano, e tanto tempo depois do ocorrido.

Eu estava diante de um diagnóstico que ameaçava minha fertilidade. Também me disseram que, se o câncer cervical não fosse tratado, poderia ser fatal.

Consultei muitos médicos, e houve numerosas tentativas de agendar cirurgias e tratamentos, mas, a cada passo, o andamento era bloqueado por razões financeiras ou dificuldades de logística.

Além disso, eu estava descobrindo por mim mesma que era preciso uma cura mais profunda, uma cura que nenhuma cirurgia poderia realizar.

Eu precisava ser curada do ódio que sentia pelo homem que me havia violentado.

Depois de uma última tentativa de ter tratamento médico e uma longa conversa com um médico muito compassivo, tive plena consciência de que só havia um socorro ao qual recorrer: Deus.

Liguei para uma amiga de longa data, a qual era praticista da Ciência Cristã, e pedi que me ajudasse a encontrar a cura.

Ela conhecia tanto o estuprador quanto a mim, e, ao lhe explicar a raiva e o medo que sentia, com muito amor lembrou-me de que meu Pai-Mãe Deus nunca havia permitido que eu me tornasse vítima ou fosse abandonada.

Eu não aceitei imediatamente essa perspectiva, pois a praticista tentou fazer com que eu voltasse o pensamento para o perdão.

Eu estava começando, contudo,  a ver o potencial espiritual deste conselho de Mary Baker Eddy em Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896: “Se foste profundamente injuriado, perdoa e esquece; Deus conferirá a recompensa por essa injustiça e punirá, com mais severidade do que te seria possível, aquele que se esforçou por te prejudicar. ... Na Ciência Cristã, a lei do Amor alegra o coração; e o Amor é a Vida e a Verdade”.

Depois de conversar com minha amiga, procurei ficar sozinha em uma praia, perto de onde eu morava.

Passei o dia sozinha nas dunas, buscando uma maneira de perdoar e perguntando a Deus o que fazer.

Abri totalmente o coração a uma resposta, qualquer resposta.

Foi então que senti que precisava de “anjos”, aquelas mensagens vindas de Deus, que nos ajudam mesmo em momentos de extrema necessidade.

Percebi que precisava perdoar esse homem, reconhecendo minha própria identidade espiritual verdadeira — intacta, ilesa e livre.

Antes, eu me via como se estivesse separada de Deus.

Agora, eu via que minha identidade estava para sempre intacta e pura, e que eu estava incluída, eternamente, em uma aliança de proteção e orientação, por ser filha de Deus, o reflexo do Amor divino.

Minha nova compreensão a respeito de mim mesma estava começando a prevalecer sobre a percepção do ocorrido.

Ficou muito claro para mim que, enquanto eu continuasse a odiar esse homem e a me ver como vítima de sua vontade descontrolada, eu estaria permitindo que o fantasma do abuso me assombrasse e me prejudicasse.

Eu sabia que, se conseguisse libertá-lo em pensamento, e libertar a mim mesma, então eu conseguiria entregar nós dois aos cuidados de Deus.

Nós dois precisávamos ser libertados da minha percepção daquela experiência — eu da culpa, que atribuía a mim mesma de não ter sido capaz de resistir ao ataque, e ele do medo, tormento e fraqueza que, eu achava, estavam por trás de seu ato.

Sentada ali, nas dunas quentes, à luz do sol vespertino, olhando para o vasto e lindo mar, de repente um enorme senso de amor me sobreveio.

Senti muito claramente, pela primeira vez em muitos anos, a poderosa presença de Deus ali comigo.

Algum tempo depois, fiz outro exame médico, para acalmar os que estavam preocupados com minha saúde.

O médico me deu um atestado de boa saúde.

Além disso, um ano depois desse perdão libertador, recebi um telefonema inesperado do homem que me havia violentado.

Fui capaz de falar com ele de maneira clara e pacífica, e dizer-lhe que eu ainda não concordava com seu comportamento mas, apesar disso, eu o havia perdoado e decidido pensar em sua natureza verdadeira, a espiritual.

Embora tenha sido tentador duvidar da sinceridade de seu arrependimento, senti que ele fora guiado a mover sua vida em direção à cura.

Ao ouvi-lo chorar de arrependimento e alívio, vi que o Amor divino havia tocado sua vida, assim como tocara a minha.

Sou muito grata por estar agora completamente livre.

Sei que a cura e a paz que encontrei está ao alcance de todo coração ferido ou quebrantado.

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