Muitos dos instrutores que trabalhavam comigo pareciam estar gripados. Tiraram licença para ficar em casa, e nós, os que permanecemos, nos unimos para ajudar.
Eu sabia que a melhor ajuda que eu podia dar era mais do que desempenhar as atividades diárias no acampamento, enquanto eles não voltassem. Sendo Cientista Cristão, eu podia orar. Eu sabia que eles estavam orando por si próprios, e eu também orei para dar apoio por meio da oração a todos em nosso acampamento. No meu estudo da Bíblia e de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, eu havia aprendido que a cura tem a ver com uma mudança no pensamento, quando compreendemos de modo tão claro a realidade e o bem que há em Deus, que qualquer senso de mal ou de doença deixa de parecer imperioso ou ameaçador, e simplesmente desaparece, tanto da consciência quanto do corpo.
Durante o treinamento preparatório para o acampamento, nós, monitores, havíamos conversado sobre a ideia de ser um bom guardião, como faz um porteiro. Mary Baker Eddy fala a respeito desse assunto no livro Ciência e Saúde: “Monta guarda à porta do pensamento. Admitindo somente aquelas conclusões cujos resultados desejas ver concretizados no corpo, tu te governas harmoniosamente. Quando se apresenta a condição que, segundo dizes, causa a doença, quer seja ar, exercício, hereditariedade, contágio ou acidente, então desempenha tua função como porteiro e veda a entrada a esses pensamentos e temores doentios. Exclui da mente mortal os erros nocivos; então eles não poderão fazer com que o corpo sofra” (p. 392).
Essa tornou-se, naquele momento, minha tarefa. Percebi que um modo de orar de maneira a ter bons resultados seria montar guarda contra qualquer sugestão de contágio que se apresentasse à porta do meu pensamento. Por exemplo, a crença de que a proximidade física dos meus colegas de trabalho poderia me causar um resfriado ou gripe. Em vez de me deter nessas sugestões, busquei reconhecer a supremacia de Deus, o Espírito, significando que minha existência, assim como a de todos os outros, era única e absolutamente espiritual, jamais afetada pelas crenças de contágio ou doença.
Quando, porém, comecei a apresentar os mesmos sintomas, fiquei desanimado, sentindo como se eu não estivesse sendo um bom guardião. Conversei com uma praticista, e perguntei-lhe o que eu poderia ter feito para ser um “porteiro” melhor. Ela calmamente me garantiu, com firmeza, que eu não era um vigilante inadequado. Pois vem de Deus a minha capacidade de identificar tudo o que é dessemelhante do bem. Eu podia reconhecer que essa capacidade estava em mim, e nela apoiar-me.
Para me ajudar a ampliar minha compreensão, a praticista sugeriu o seguinte: Tente pensar na sugestão de contágio como se você estivesse em uma sala com o rádio a todo volume. O sintonizador está entre duas estações, e, por isso, o que se ouve é estática, bem alta e barulhenta. Eu poderia ficar nessa sala, irremediavelmente ouvindo e me estressando com a barulheira, ou poderia me levantar e desligar o rádio.
Enquanto orávamos em torno dessa ideia, comecei a compreender que todos temos o poder de nos “levantar e desligar o ruído” ao reconhecer simplesmente, logo de saída, que Deus, o Amor divino, não nos colocou em um ambiente barulhento para nos irritar e perturbar, nem para nos fazer adoecer. A total abrangência do Amor torna absolutamente impossível até mesmo a sugestão de doença. Essa abrangência total nos protege, e é a voz a que deveríamos prestar atenção.
O diretor do acampamento me deu uma noite de folga, e eu me dediquei a “acabar com a barulheira”. Inicialmente pareceu muito difícil, mas gradativamente, quando acabei com o ruído, encontrei uma estação maravilhosa para “sintonizar”: a estação de Deus, do puro amor, que me permitiu alcançar a paz e harmonia da tranquilizadora presença completa de Deus, o Amor divino. Aos poucos, mas sem dúvida, as dores, a congestão e a fraqueza desapareceram, assim como um sonho se vai quando despertamos. Percebi naquelas horas em minha cabana que, ao insistirmos mentalmente em “...que a harmonia é a realidade e que a doença é um sonho temporal” (Ciência e Saúde, p. 412), podemos, não apenas “desligar a barulheira”, mas também substituí-la pela harmonia e paz da tranquilizadora presença de Deus, o Amor divino.
Adormeci. Pela manhã, acordei, como sempre, às 5h30 da manhã, e não estava com nenhum dos sintomas. Desperto e revigorado, preparei-me para começar o dia. Relato com alegria que passei todo o verão sem ser perturbado por sugestões barulhentas de contágio ou doença. Além disso, os outros instrutores que tiveram sintomas de gripe voltaram, após um ou dois dias, às atividades normais. Que eu saiba, esse foi o fim do problema. Compreendi que essa foi uma demonstração do poder da oração e seus efeitos de longo alcance, tanto para mim quanto para todos.
Fiquei enormemente grato por ter aprendido sobre nossa inerente capacidade de “desligar” as ruidosas sugestões de contágio. Para mim, essa cura foi uma confirmação de que todos somos filhos e filhas de Deus, sujeitos apenas às leis de Deus, leis de paz e harmonia.