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Original para a Internet

A individualidade e sua eterna presença

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 29 de março de 2021


Algumas pessoas que perderam entes queridos sentiram profundo conforto — e foram até mesmo curadas do pesar — por compreenderem que elas próprias, na qualidade de filhos e filhas de Deus, expressam, de forma plena e maravilhosa, cada uma das mesmas belas qualidades que apreciavam em seus entes queridos. Afinal, cada um dos filhos e filhas de Deus reflete a totalidade da natureza divina, exatamente aqui e agora.

No entanto, em meio ao luto, até mesmo o reconhecimento dessa verdade profunda deixa, às vezes, as pessoas sentindo que alguma coisa ainda está faltando. E caso alguém perguntasse, a maioria dessas pessoas provavelmente responderia que o seu sofrimento é devido à ausência do ente querido; que a expressão das mesmas qualidades espirituais de Deus nelas próprias e nos outros como, por exemplo, a ternura, o bom humor, o desprendimento, simplesmente não substitui a presença específica do ente querido. Sim, como poderia substituir? A identidade não é algo meramente genérico; a identidade é maravilhosa e primorosamente individual. A individualidade é a arte gloriosa do nosso existir, a maneira original por meio da qual cada um de nós expressa as qualidades universais e espirituais de Deus. Aliás, visto que Deus é o incomparável Um e Uno, tudo o que Ele cria tem de refletir esse fato, isto é, deve ser individual, de maneira incomparável, insubstituível. No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy explica: “O Ego único, a Mente única, o Espírito único chamado Deus, é a individualidade infinita que provê toda forma e beleza e que reflete a realidade e a natureza divina no homem espiritual individual e nas coisas espirituais e individuais” (p. 281).

Aquilo que realmente amamos e de que aparentemente sentimos falta, quando alguém muito querido desaparece da nossa vista, é a maneira completamente individual com a qual aquele ente querido expressava as qualidades de Deus. Por isso, o que talvez necessitemos reconhecer, quando estamos pesarosos, é a deslumbrante verdade da presença específica da individualidade.

O fato é que, mesmo quando temos a certeza de que nosso ente querido continua a existir, parece que temos igualmente a certeza de que essa continuidade não significa uma distinta presença individual aqui e agora. No entanto, como podemos pensar assim, sabendo que tanto no “aqui” como no “além” existe apenas uma única Vida? Levando em conta que a única Vida abrange tudo e é onipresente, ou seja, está continuamente conosco, como poderia toda a manifestação da Vida não estar continuamente conosco, com todas as individualidades eternamente inseparáveis da Vida e da Mente onde são concebidas? Como seria possível haver uma ausência na onipresença?

A questão fica confusa devido à crença errônea de que a matéria tenha alguma conexão com a presença de alguém e de que a matéria seja o meio através do qual a pessoa se apresenta; a crença de que, sem a matéria, nada teria forma ou maneira de se manifestar. Esse é o erro fundamental que nos leva a perder de vista os nossos entes queridos. Compreendendo que a vida não é definida nem determinada pela matéria, Jesus pôde ressuscitar pessoas, e Ciência e Saúde diz: “Quando puderes despertar a ti mesmo ou a outros da crença de que todos têm de morrer, então poderás exercer o poder espiritual de Jesus para tornar visível a presença daqueles que pensam ter morrido — mas não antes disso” (p. 75).

A origem espiritual, a presença perpétua e a eterna continuidade da vida foram demonstradas em sua plenitude na concepção virginal, na vida e obras de Cristo Jesus, como também em sua crucificação, ressurreição e ascensão. Sua própria vida perfeita, bem como o seu consistente e extraordinário trabalho de cura, trouxeram à luz a imagem de Deus, provando que os homens e as mulheres, em sua verdadeira natureza, são a semelhança de Deus. Aliás, por meio das inúmeras curas que realizou, Jesus nos mostrou a realidade presente da verdadeira individualidade espiritual. Uma individualidade que existe antes da crença em concepção e nascimento materiais. Uma individualidade que é visível ao senso espiritual.

Por meio do seu exemplo, descobrimos que a individualidade espiritual é invisível somente para o pensamento obscurecido e preso ao mundo. Jesus via a semelhança perfeita de Deus em toda parte, o homem cujo Pai-Mãe é o Princípio divino, o Amor. E ele via essa individualidade sem mácula ali mesmo onde os sentidos materiais viam uma pessoalidade material. Ciência e Saúde explica: “Jesus reconhecia na Ciência o homem perfeito, que lhe era visível ali mesmo onde os mortais veem o homem mortal e pecador. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes” (pp. 476–477). 

Há alguns anos, uma mulher percebeu que o seu desejo mais profundo e a sua mais sincera oração a Deus tinham o objetivo de compreender o que significava ver “na Ciência o homem perfeito” aqui mesmo na terra, como Jesus via. Ela sentia que isso seria a quintessência da prática da Ciência Cristã. No ano seguinte, o seu marido faleceu. Alguns dias depois, no meio de uma noite em que não conseguia dormir, ela sentou-se para orar e recorreu a Deus de todo o coração, pedindo de forma específica um vislumbre do que significa ver “na Ciência o homem perfeito”. Imediatamente, foi como se o quarto se enchesse de luz e de um amor penetrante e envolvente. Nesse amor, ela sentiu a presença do marido, e discerniu claramente a sua específica individualidade espiritual. Ela não estava vendo o espírito de alguém que havia partido, nem estava se comunicando com um espírito. Pelo contrário, ela estava vendo a identidade do marido a partir de um ponto de vista mais elevado — “na Ciência” — o qual definiu e revelou, com clareza cristalina, o marido livre do véu do senso material. Significou conhecer quem ele era, muito além do que ela conhecera antes.

Alguns meses após essa experiência, ela recebeu um telefonema, informando que uma querida amiga havia sofrido um grave acidente de automóvel e estava no hospital. Muitas semanas depois, foi-lhe dito que, embora os olhos da amiga estivessem abertos, ela ainda não havia “despertado”, isto é, parecia não ter consciência de si própria, dos outros, ou do ambiente onde se encontrava. Acreditava-se que o “despertar” teria de ocorrer para que ela se recuperasse. A mulher foi visitar essa amiga no hospital e, devido à experiência que tivera após a morte do marido, ela estava absolutamente certa de que iria ver a realidade por trás da crença de que a matéria constituía a presença e a consciência individual da amiga. De fato, quando entrou no quarto do hospital, ela sentiu a mesma luz do Amor divino revelando a individualidade consciente da sua amiga. Olhou para a amiga e falou com ela, certa de que seria reconhecida e receberia resposta. Foi o que aconteceu, e esse foi o momento decisivo na recuperação completa da sua amiga.

A verdadeira natureza da individualidade é visível ao senso espiritual aqui e agora como ideia, não como matéria ou pessoalidade material. E se acreditamos que haja algo vago ou intangível a respeito da individualidade espiritual, só precisamos olhar novamente para a experiência de nosso Senhor: Jesus falou com Moisés e Elias no monte da transfiguração (ver Mateus 17:1–8). Isso não foi espiritualismo, ou seja, a crença na comunicação com espíritos de pessoas falecidas. Foi, isso sim, o contemplar “na Ciência o homem perfeito” que permitiu aquele encontro inspirado — permitiu ver o indivíduo cuja presença, no passado e agora, tanto na terra como no céu, não depende da matéria, e nunca poderá ficar confinado dentro do tempo e do espaço.

Em resposta à pergunta: “O que é o homem?” Ciência e Saúde oferece esta definição revolucionária: “O homem é ideia, a imagem, do Amor; ele não é físico. Ele é a ideia de Deus, ideia composta que inclui todas as ideias corretas…” (p. 475). Talvez tenhamos considerado “ideias corretas” aquelas ideias construtivas que satisfazem as nossas necessidades momento a momento; ou talvez as faculdades e funções, como: visão, memória e digestão. 

Mas em Ciência e Saúde, o termo ideia se refere com mais frequência às formas individuais, às identidades, às entidades existentes na criação. As estrelas e planetas, montanhas, rochas, árvores, flores, grãos de areia, folhas de relva, todas as criaturas, homens e mulheres — essas são, em sua verdadeira natureza, ideias e, como tais, são permanentes, indestrutíveis. Ciência e Saúde diz: “A Mente divina mantém distintas entre si e eternas todas as identidades, desde a de uma folha de relva até a de uma estrela” (p. 70). Assim sendo, cada um de nós, refletindo a Mente infinita que abrange tudo, tem de incluir “todas as ideias corretas”. Temos de estar conscientes de cada indivíduo que já existiu, existe agora, e sempre existirá no eterno desdobramento da existência espiritual. Por isso, quando um ente querido desaparece da nossa vista, não somente nós continuamos a incluir suas boas qualidades, mas também continuamos a incluir o ente querido, isto é, podemos sentir e reconhecer a presença da pessoa em nossa consciência. Também podemos apreciar cada vez mais a sua individualidade específica. Contudo, ainda poderíamos indagar como isso acontece.

Quase todos aprendem na escola primária que, embora todos os flocos de neve tenham uma característica comum, não há dois flocos de neve que sejam iguais. O que os torna diferentes um do outro? A composição, isto é, a forma como estão dispostos os elementos que constituem um floco de neve, a relação que os elementos têm uns com os outros. Talvez possa parecer demasiado óbvio dizer que, na música, cada compositor soa constantemente como ele mesmo, não importando quantas centenas de peças ele possa compor; nós podemos distinguir um compositor de outro, muito embora todos eles utilizem as mesmas notas e expressem, mediante essas notas, as mesmas qualidades universais. Mas qual seria a razão dessa constância de som ou estilo de cada um? Qual sua origem?

É a forma como as notas são arranjadas. Ou, em outras palavras, a relação das notas entre si — uma relação que forma uma estrutura singular, um padrão harmônico individual que, embora passível de uma infinita variação e desenvolvimento eterno, permanece matematicamente constante, identificando para sempre o compositor.

Para o pensamento mortal, composição ou arranjo é sempre alguma forma de matéria organizada, na qual a estrutura resulta da ação de forças físicas, ou leis. É simbolizada pelo homem criado do pó, conforme consta no segundo capítulo do Gênesis ou, em uma versão atualizada, do pó que se poderia chamar de “pó atômico” ou “DNA”. Essa pessoalidade mortal é descrita como sendo formada por bilhões de fragmentos com informação genética que podem ser manipulados, rearranjados e clonados. Mas seria essa a realidade básica do nosso existir? Cada cura física realizada por meio da compreensão do que é a identidade espiritual não só lança dúvida sobre a teoria material, mas prova que a matéria é uma ilusão dos sentidos materiais, e não a realidade. Uma pessoalidade material apenas simula a estrutura da individualidade real, uma estrutura espiritual à qual nada pode ser acrescentado e da qual nada pode ser tirado, na qual nenhum elemento pode ser rearranjado, manipulado ou clonado. Na Bíblia, o livro de Eclesiastes diz: “…tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar e nada lhe tirar…” (3:14).

A verdadeira estrutura, ou personificação, da individualidade de cada um é completamente espiritual e mental. É uma harmonia única que não pode ser duplicada, é composta de “todas as ideias corretas” — uma harmonia que resulta da perpétua ação aglutinante da força espiritual, a lei do Princípio divino, o Amor. Essa lei do Amor tanto revela como sustenta a estrutura que é a nossa individualidade espiritual. O Novo Testamento se refere a essa energia divina dinâmica com o nome de Espírito Santo, e em seu livro A Unidade do Bem, a Sra. Eddy explica: “Esta Ciência de Deus e do homem é o Espírito Santo, que revela e sustenta a harmonia intacta e eterna de ambos, Deus e o universo” (p. 52). Visto que a estrutura individual da identidade é eternamente sustentada, a verdadeira individualidade de cada um — completamente separada da matéria — é permanente e perfeitamente discernível para a consciência repleta de amor espiritual. Ciência e Saúde explica: “O pensamento há de ser finalmente compreendido e visto com toda forma, substância e cor, mas sem acompanhamentos materiais” (p. 310).

A nossa verdadeira identidade, então, é “a ideia, a imagem, do Amor” e não é física. A nossa consciência individual especificamente “moldada”, composta de maneira precisa e harmoniosa, se desenvolve e progride eternamente. Cada um de nós é, agora mesmo, indestrutível, insubstituível, eternamente querido tanto para Deus como para os Seus filhos. E nada em nós pode jamais ser perdido ou alterado por desarranjos intencionais ou acidentais, ou por decomposição. Aliás, uma das profecias messiânicas era de que o “Santo” de Deus nunca veria corrupção (ver Salmos 16:10, Atos 2:25–28). Na verdade, Jesus demonstrou plenamente a natureza incorruptível da verdadeira estrutura, ou corpo, na ressurreição e ascensão, exemplificando assim, de forma conclusiva, o fato de que, agora mesmo, em nossa experiência atual, a identidade não é material, ela é espiritual. Somos seguidores do Mestre quando tomamos a cruz como ele ordenou, e imolamos o senso pessoal e superficial de ego, que esconde a nossa individualidade espiritual sempre presente, a imagem do Amor.

Muitas pessoas constatam que o apreço que sentem, pelos entes queridos que partiram, continua a crescer e a se desenvolver. À medida que aceitamos o significado mais profundo de individualidade e inclusão, sentiremos mais distintamente a nossa inseparabilidade de entes queridos ausentes. À medida que mantemos em mente essa visão iluminada, ela tem de dissipar a escuridão da solidão e do pesar. Ciência e Saúde nos assegura: “Compreender espiritualmente que há um só Criador, Deus, desdobra toda a criação, confirma as Escrituras, traz a doce segurança de que não há separação nem dor, e de que o homem é imorredouro, perfeito e eterno” (p. 69).

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