Quase todas as tradições religiosas, ao redor do mundo, incluem orações, de uma forma ou de outra. Geralmente são pedidos, súplicas ou ritos direcionados ao que é considerado um ser ou força superior, essencialmente invisível, e que supostamente exerce alguma influência, se não autoridade, sobre os humanos. Na tradição em que fui criado, as pessoas suplicam a um deus-criador de natureza desconhecida e a espíritos dos ancestrais para que intervenham em casos de doenças ou calamidades.
Aqueles que leem a Bíblia Sagrada sabem muito bem como os diferentes povos nela apresentados oravam, em sua época. São mencionados deuses pagãos dos egípcios, dos amorreus e dos filisteus. E os israelitas dirigiam suas orações a um Deus que acreditavam pertencer apenas a eles.
Realmente, a prática da oração deve ter sido algo comum nos tempos bíblicos porque, no Evangelho de Lucas, um dos discípulos de Cristo Jesus pediu que ele lhes ensinasse a orar. Em resposta, Jesus deu-lhes o que hoje chamamos A Oração do Senhor. No Evangelho de Mateus, antes de apresentar essa oração, Jesus disse: “…não useis de vãs repetições… porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais” (Mateus 6:7, 8). E muito antes da época de Cristo Jesus, o rei Davi cantou: “Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos … Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, Senhor, já a conheces toda” (Salmos 139:2, 4).
Mary Baker Eddy, pela graça divina, descobriu as leis científicas divinas que são a base dos ensinamentos de Cristo Jesus e explicou essas leis em sua principal obra sobre a Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras. O primeiro capítulo do livro, dedicado ao tema “oração”, inclui: “Os pensamentos não proferidos não são desconhecidos para a Mente divina. O desejo é oração…” (p. 1).
Diante disso, é possível parar de orar? Podemos parar de pensar? Podemos parar de desejar? O pensamento não é essencial à vida humana? O filósofo francês René Descartes declarou: “Penso, logo existo”.
Mas, como bem sabemos, os pensamentos, como os desejos, podem tomar qualquer direção: alegria, tristeza, coragem, desânimo, otimismo, pessimismo, ciúme, amor, egoísmo, generosidade, e assim por diante. Bem, a qualidade dos pensamentos determina a qualidade da nossa vida. Logo, é importante vigiar nossos pensamentos.
A qualidade dos pensamentos determina a qualidade da nossa vida. Logo, é importante vigiar nossos pensamentos.
A Ciência Cristã leva essa ideia a um nível mais elevado. Em um de seus livros, Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, a Sra. Eddy escreve: “Nada, a não ser a espiritualização — sim, a mais elevada forma de cristianização — de pensamento e desejo, pode dar a verdadeira percepção a respeito de Deus e da Ciência divina, que resulta em saúde, felicidade e santidade” (p. 15).
Essa ideia leva a uma oração muito mais profunda do que simplesmente implorar a um Deus desconhecido ou manter o otimismo e fé cega. Essa oração envolve uma compreensão espiritual a respeito de Deus e da relação do homem com Deus, que é nosso Pai-Mãe divino que sempre cuida de nós, como Cristo Jesus ensinou e demonstrou por meio de seu trabalho de cura.
É essa compreensão, mesmo que em pequeno grau, que conforta, fortalece e cura. E ela nos dá a força de que precisamos para superar o desânimo que talvez surja, caso a cura ou as soluções pelas quais estamos orando parecerem vir a passos lentos.
No início da saída do Egito, onde haviam sido escravos, os filhos de Israel cantavam e glorificavam a Deus. Mas em seguida, quando não encontraram água, ficaram furiosos com Moisés, o líder escolhido por Deus. Então, quando, por meio da graça de Deus, conseguiram água para beber, ficaram alegres. Quando, porém, a comida acabou, pouco tempo depois, ficaram novamente aborrecidos até que Deus mandou o maná e as codornizes para comerem. Quando Moisés ficou um período afastado, foi como se eles tivessem se esquecido das bênçãos recebidas e acabaram criando eles mesmos um ídolo e o adoraram.
É uma história e tanto! Poderíamos falar sobre ingratidão, mas me parece que o cerne da questão é a falta de compreensão a respeito de Deus — de Sua natureza infinitamente amorosa — e da verdadeira natureza do homem como descendência espiritual de Deus, a própria expressão do Amor divino. Não importa quantas vezes os filhos de Israel tenham virado as costas para Deus, Seu amor e cuidado ainda os envolvia e Ele estava ali para ajudá-los.
Ciência e Saúde admoesta: “Como são vazios nossos conceitos sobre a Deidade! Admitimos teoricamente que Deus é bom, onipotente, onipresente, infinito, e depois tentamos dar informações a essa Mente infinita. Imploramos um perdão imerecido e um derramamento liberal de benefícios. Somos realmente gratos pelo bem já recebido?” (p. 3).
A boa notícia é que não existe um período específico e limitado para expressar gratidão, para ter desejos puros, para buscar uma melhor compreensão de Deus — para orar. O apóstolo Paulo, seguidor de Jesus, faz esta recomendação: “Orai sem cessar” (1 Tessalonicenses 5:17). A persistência na oração com base no fato espiritual de que Deus, o bem, é Tudo — e que, portanto, nada dessemelhante do bem tem poder verdadeiro nem é legítimo — traz resultados. Inúmeras pessoas já vivenciaram isso; muitos relatos já foram publicados nesta revista.
Gosto muito das palavras deste hino do Hinário da Ciência Cristã. Elas trazem ao pensamento, entre outras coisas, o fato de que orar é algo que todos nós podemos fazer, a qualquer momento:
Sincero anelo é oração,
Silente ou oral,
Que faz vibrar o coração,
Qual chama celestial.
É tão singela a oração,
Que até voz infantil
Fará sublime invocação,
Que a Deus irá, gentil.
Para o cristão, a oração,
Alento é, vital;
Da morte, é vera salvação,
Dos céus, é santo umbral.
(James Montgomery, No. 284, trad. © CSBD)
Quer experimentar essa forma de orar? Onde quer que você esteja, seja você quem for, isso é possível!