Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer
Original para a Internet

A Verdade sobre a adversidade

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 16 de agosto de 2021


Houve uma vez um homem que se recusava a ficar desencorajado. Uma coisa após a outra em seus assuntos humanos “dava errado”, como diz o ditado; um desastre após outro lhe sobrevinha, aparentemente de modo injusto e sem que ele tivesse culpa; mas, acontecesse o que acontecesse, ele mantinha o equilíbrio. Na verdade, sua forma de tratar cada aparente adversidade era de tal maneira peculiar, que logo ele conseguia transformá-la em uma bênção, não só para si, mas para todos aqueles com quem estava envolvido. Evidentemente ele tinha uma fé inabalável no triunfo final do que é certo. Esse rapaz hebreu, cujo nome era José, viveu há muito tempo. A mão irresistível do Amor o tirou do ofício de alimentar as ovelhas de seu pai, para fazer dele a maior influência para o bem naquilo que, na época, era o reino mais poderoso do mundo. Por mais grave que alguma situação se tornasse, ele evidentemente jamais se queixava. Por mais desesperada que fosse a circunstância, sua coragem nunca falhava. Ele simplesmente confiava em Deus, e fazia o melhor que podia.

Essa é uma bela e vibrante história, plena de interesse para o Cientista Cristão de hoje, pois exemplifica a maneira como todas as circunstâncias adversas, se interpretadas corretamente, podem ser transformadas em uma nova oportunidade de dar provas da verdade que consta deste ditado bíblico: “…todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus…” (Romanos 8:28). Seus irmãos, inflamados de inveja e ciúmes, o lançaram em um poço no deserto? Tudo cooperou para o bem, pois nessa circunstância ele foi vendido a mercadores e levado para o Egito, o que o fez chegar muito mais perto da grande obra de sua vida. Mesmo sendo ali apenas um escravo, não desanimou. Todas as coisas ainda estavam cooperando para o bem, e ele calmamente tratava de seus assuntos, fazendo tudo da melhor forma possível. A súbita transição, ao sair de sua simples casa na terra de Canaã, e ir parar na casa de Potifar, o rico egípcio, não o deixou confuso, nem lhe tirou o equilíbrio. Ele desempenhava as funções que lhe eram exigidas em casa de seu amo, não se perturbava pelo fato de ser cativo em terra estrangeira, e mantinha-se imperturbado pelo flagrante materialismo que o rodeava.

Essa mesma fidelidade de propósitos, essa mesma integridade de pensamento e de conduta, que haviam de tal maneira suscitado o ódio e a inveja de seus irmãos, enfureceu uma vez mais a mente carnal, e o mal impessoal encontrou então um novo meio para concretizar a ruína desse jovem. Sob falsa acusação, José foi lançado à prisão. No entanto, pelo que sabemos, não há registro de que tenha se entregado à autocomiseração, à presunção de uma retidão pessoal, ao ressentimento, ou a uma amarga autocondenação, nem de que tenha desperdiçado precioso tempo a lamentar seu destino. Ele ainda acreditava em seu Deus, e que todas as coisas continuavam a cooperar para o bem. Será que, ao senso humano, parecia que sua utilidade havia cessado, que seu trabalho lhe tinha sido retirado? De maneira nenhuma. 

A obra que estivera fazendo sem dúvida lhe havia sido retirada, mas isso só significava que outro serviço estava apenas começando. Se já não podia servir ao seu patrão em algo importante, o que sempre realizara tão bem e de maneira tão fiel, ainda podia fazer pequenas coisas pelos seus companheiros de prisão, e fazê-las de maneira igualmente fiel e tão bem quanto as outras. Talvez ele já tivesse aprendido que não é tanto o tamanho das coisas feitas que conta, mas sim o espírito com que são realizadas.

Já conhecemos o resto da história, ou seja, como José foi finalmente libertado por meio de alguém com quem fizera amizade na prisão, que o indicou para interpretar um sonho para o próprio grande Faraó. Sua interpretação desse sonho de tal modo agradou ao Faraó, que José foi libertado e colocado em uma posição de muito destaque, na qual conseguiu, por sua sabedoria e sagacidade, salvar da fome e da inanição milhares de pessoas, entre elas seu próprio pai e os irmãos que o haviam traído. Ele também foi muito benevolente e perdoou seus irmãos, dizendo-lhes que todas as coisas estão nas mãos de Deus, mesmo nas horas mais negras da nossa vida! Disse-lhes também que havia um plano perfeito a ser concretizado, e que ele e os irmãos eram apenas uma parte desse plano. “Não vos entristeçais”, disse-lhes José ternamente, “…nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós. … Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus…” (Gênesis 45:5, 8).

Seria bom para nós hoje se, em meio a uma aparente catástrofe, pudéssemos fazer eco a estas palavras: “não foste tu que me enviaste para cá, mas Deus”, estabelecendo assim a eterna verdade de que a ira do homem O louvará! Pois às vezes nos parece como se José não fosse o único que uma vez foi vendido “ao Egito”, vítima indefesa de inveja, vingança, traição e crueldade. No entanto, nossa amada Líder, Mary Baker Eddy, nos disse que “Todas as tentativas da inveja, do ódio, da vingança — os mais impiedosos moventes que governam a mente mortal — não importa quais sejam, irão cooperar ‘para o bem daqueles que amam a Deus’ ” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 10). Cada estágio da experiência humana pela qual José passou, provou ser essencial para o próximo passo em seu progresso, e todos estavam, sem qualquer exceção, movendo-se ao longo da linha de progresso espiritual, embora parecessem na ocasião ser exatamente o contrário. Se José não tivesse sido lançado na cisterna vazia e sem água, é muito provável que nunca tivesse chegado à terra do Egito. Se nunca tivesse chegado à terra do Egito, nunca teria morado na casa de Potifar e incorrido na inimizade de um membro da corte. Se essa inimizade não tivesse ocorrido, ele não teria sido lançado na prisão em estado de desonra; e se não tivesse sido lançado na prisão, não teria conhecido um dos reclusos, um companheiro na desgraça, que depois, ao ser libertado e restituído à sua antiga função, se lembrou de José, e foi a causa direta de José ter sido levado perante o Faraó. Se a atenção do Faraó não tivesse sido despertada, José não teria tido a oportunidade de provar sua sabedoria, muito mais adiantada do que a de todos os astrólogos e adivinhos do rei, a ponto de José ser então elevado e promovido ao mais alto nível de poder. E se não tivesse alcançado essa alta posição e poder, não poderia ter estado no cargo em que pôde estabelecer um decreto pelo qual não só o Egito, mas também outras nações, fossem salvas dos sete anos de fome, nem poderia ter promovido uma reconciliação com seus irmãos. 

Tal como um contínuo fio dourado, a onipotência do bem percorre todo o pano de fundo das várias experiências pelas quais José passou, ligando as diferentes partes em um todo completo. O poeta Browning teve uma percepção dessa continuidade divina, quando escreveu: “Sobre a terra, os arcos quebrados; no céu, um círculo perfeito”.

A visão humana, com seu alcance limitado, só pode ver “os arcos quebrados” do círculo, os pedaços, as porções separadas, por assim dizer, do plano inteiro, ou do “círculo perfeito”. Mas, à medida que conseguimos ver como Deus vê, compreendemos que cada pedaço e cada parte eram necessários para manifestar o que era um fato estabelecido na Mente, antes de as estrelas da aurora juntas cantarem pela primeira vez com alegria.

Às vezes, ouve-se dizer: “Mas por que tudo isso me sobrevém? Por que é que estou passando por todas essas dificuldades, quando estou me esforçando tanto para fazer o que é certo?” José também estava tentando fazer o certo, mas mesmo assim não se salvou do poço ou do calabouço. Daniel também estava tentando fazer o certo, mas mesmo assim foi lançado à cova dos leões. Todos esses problemas foram apenas novas oportunidades para provar em que direção estava sua confiança, se era na onipotência do bem, ou na ostentação de poder por parte do mal. Pode-se dizer com segurança que dificilmente existe hoje em dia alguém no mundo que não sinta, às vezes, que tem algo a perdoar. Talvez, por mais que se esforce, mesmo assim, um certo rosto volte, de vez em quando, à sua visão mental, ou um certo conjunto de circunstâncias que desejaria esquecer se intrometa em seu pensamento, perturbando sua harmonia. Se assim for, que essa pessoa encontre conforto ao ponderar a história de José, desse homem da antiguidade que aceitou tão bem a adversidade, e confiou em Deus tão completamente, mesmo sob a maior tensão das circunstâncias. E que a maravilhosa inspiração dessa história chegue até nós no decurso de todos esses séculos empoeirados.

Experiências desagradáveis, injustas e difíceis acontecem a cada um de nós e são fáceis de explicar, porque como Cientistas Cristãos estamos constantemente remando contra a corrente do pensamento do mundo, e quando alguém rema o barco rio acima, contra a corrente, encontra mais obstáculos e vai mais devagar do que aquele que está à deriva rio abaixo, a favor da correnteza. Mas flutuar, junto com a opinião do mundo e seus precedentes estabelecidos, não é crescer. Em vez disso, vamos nos unir ao Apóstolo e dizer: “Nenhuma destas coisas me comove” (Atos 20:24, conforme a Bíblia em inglês, versão King James). Nenhuma dessas coisas deve abalar nossa confiança em Deus e no Seu plano perfeito que, até o momento, talvez ainda não consigamos discernir de maneira clara, mas no qual cada um de nós está incluído. Temos de confiar em Deus com relação a esses “arcos partidos”, esses incidentes de nossa experiência diária aparentemente sem nenhuma conexão entre si, e compreender que, muito embora possa parecer que fomos lançados no poço mais profundo da solidão, do medo e do desespero, todas as coisas continuam a cooperar para o bem. O Amor nunca nos deixará sem consolo, e ali já está uma mão amiga estendida, pronta para nos ajudar na escuridão, embora ainda não a vejamos. Será que estamos achando que já somos escravos de um ambiente errado, mantidos em sujeição à materialidade, colocados na atmosfera sufocante de um ambiente não propício ao crescimento e desenvolvimento espiritual, uma verdadeira prisão de limitação, esforço tolhido, desânimo, frustração? Essas condições somente nos trazem novas oportunidades de comprovar que Deus é Tudo-em-tudo, de confiar mais, de perdoar mais, de ver o homem perfeito onde o testemunho dos sentidos materiais veria um mortal imperfeito, de ficar com o pensamento firme de que o mal é impessoal, e para que nos perguntemos: “Será que já compreendemos o quanto melhor é sofrer uma injustiça, do que cometê-la?” (Mary Baker Eddy, Miscellaneous Writings, p. 130). Então louvemos a Deus por essas lições de paciência, de humildade, por fazer boas obras ainda que sem receber retribuição, por esforços não apreciados, por esperanças adiadas, por expressar perdão, caridade e amor isento de ego. O senso sofredor só consegue ver o momento presente, com as suas falsas conclusões tiradas do testemunho finito e material, mas lembremo-nos sempre de que: “O que é denominado senso material só pode relatar um senso mortal temporário das coisas, ao passo que o senso espiritual só pode dar testemunho da Verdade” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 298).

“Ó tu, aflita, arrojada com a tormenta e desconsolada! …” (Isaías 54:11), seca essas lágrimas inúteis, vãs e sem valor, e olha para cima. Eleva teu pensamento acima da “desumanidade do homem para com o homem”, para que melhor percebas o grande amor universal do querido Pai, e Seu cuidado por toda a Sua criação: pelas flores, pelas estrelas, pelos pássaros, pelos cordeirinhos adormecidos, pelas pequeninas folhas que surgem nos galhos, desenrolando-se sob o sol primaveril. Será que o amor de Deus envolveria a todos no seu cuidado mais terno, e ainda assim, se esqueceria de ti, Seu amado filho? Certamente chegará a hora em que olharás para teu passado e compreenderás que esta experiência que agora te parece tão dura, cruel e injusta, foi, em realidade, uma bênção disfarçada, pois te obrigou a abrir mão da ajuda humana e a voltar-te com menos reservas a Deus como o poder supremo, o único grande Tudo-em-tudo. Finalmente compreenderás que, se essa experiência não tivesse acontecido, tu não terias chegado tão rapidamente ao ponto de visão mais elevado em que hoje te encontras; e, quando olhares para trás, verás o quanto essa experiência te ensinou, e o quanto te fez progredir ao longo do caminho celestial. Então teu coração cantará em silenciosa alegria, e perceberás que estás sussurrando, como a alguém bem perto de ti: “Pai, eu te agradeço”.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

More web articles

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.