Mochila nas costas, matrícula feita, abraço apertado — nosso filho estava pronto para o primeiro dia do pré-escolar.
A questão era: e eu, estava preparada?
Eu tinha confiança na escola que havíamos escolhido, depois de grande pesquisa, e havia gostado muito dos professores. Eu sabia que meu filho estava pronto para a oportunidade de aprender e progredir com as outras crianças, nesse novo cenário. Mas fui pega de surpresa pelo meu próprio medo — aquele seria o período mais longo em que eu ficaria longe dele, desde que ele nascera.
Como pais, estamos acostumados a cuidar de nossos filhos o tempo todo, desde seu primeiro dia de vida. E mesmo assim, em algum ponto, chega a hora em que precisamos colocar essas queridas criaturinhas aos cuidados de outras pessoas, por um período que vai aumentando. Esses momentos são marcos de progresso que nos trazem alegria. Contudo, talvez nos perguntemos: estarão nossos filhos seguros e estarão progredindo, física e emocionalmente, nos períodos em que não estiverem sob nossos cuidados?
Embora seja natural e muito importante usarmos sabedoria quanto à qualidade do cuidado que nossos filhos recebem e do ambiente em que se encontram, também temos o direito de desafiar o medo opressor que queira tentar nos roubar a alegria de ver nossos filhos se tornarem cada vez mais independentes. Nem todos nossos momentos como pai ou mãe serão de plena felicidade. Mas nem por isso precisamos cair na armadilha do medo.
Muitas vezes, ao enfrentar meus próprios sentimentos de medo e impotência como mãe — como naquele primeiro dia de pré-escola — encontrei um exemplo significativo e encorajador na história de Agar, uma personagem da Bíblia que aprendeu essa lição de maneira bem marcante.
O livro do Gênesis relata que Agar, uma das mulheres de Abraão, deu à luz a Ismael. Mas quando Ismael se pôs a caçoar do filho da primeira esposa de Abraão, Agar e Ismael foram mandados embora. Eles se viram sozinhos no deserto, e sem água. Não conseguindo suportar a possibilidade aparentemente certa de que seu filho ia morrer, Agar colocou Ismael sob um arbusto e começou a chorar.
Contudo, a Bíblia nos relata que naquele momento de total impotência e desespero, “Deus, porém, ouviu a voz do menino…” (Gênesis 21:17, itálico inserido pela autora), confortou Agar e atendeu às necessidades dos dois. Agar e Ismael não só foram sustentados no deserto, mas tiveram também uma vida frutífera e abundante.
Pode parecer um pouco forçado comparar o que Agar passou no deserto, abandonada e sem água, com o temor de mandar um filho para a escola e pouco a pouco já não sentir ansiedade todo o tempo. Mas mesmo assim, me parece haver uma lição bem apropriada nessa história. Pode ser que, ao colocar o filho sob um arbusto e dele distanciar-se, Agar estivesse percebendo que nem sempre lhe seria possível atender às necessidades de seu filho em todos os momentos, ainda nas circunstâncias mais horríveis.
Aquele momento, porém, em que ela percebeu suas próprias limitações como mãe, incluiu uma garantia para cada um de nós: a de que não importa o quanto estejamos nos sentindo sozinhos, ou o quanto a situação pareça desesperadora, Deus, o Amor divino, fala não apenas a nós, como também aos nossos filhos.
Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, escreveu: “Pai-Mãe é o nome da Deidade, que indica a terna relação que Ele tem com Sua criação espiritual” (p. 332). É possível que nossos filhos nem sempre estejam sob nossos cuidados do ponto de vista físico, mas como filhos espirituais de Deus, nunca estão longe do amoroso cuidado de seu Pai-Mãe Deus.
Podemos esperar com segurança que as orações de nossos filhos, aquelas “orações no deserto” — o desejo sincero e inocente de se sentirem confortados, amados e em paz diante de situações desafiadoras — bem como as nossas orações, resultem em possibilidades abundantes e frutíferas. Confiemos no fato de que todos nós podemos ter a vivência do terno cuidado de Deu, sob formas tangíveis.
Enfrentaremos momentos de desafios, quando estivermos ajudando nossos filhos a aprender a encontrar o rumo pelo mundo com independência cada vez maior — exatamente como aconteceu comigo naquela primeira manhã em que meu filho foi para a pré-escola. Mas nas ocasiões em que começarmos a nos sentir temerosos e desamparados, podemos deixar que nosso primeiro passo seja lembrar a experiência de Agar e Ismael no deserto. Nosso Pai-Mãe Deus ouve nossas orações e acalma nossos temores, e nos promete que está ouvindo e atendendo às necessidades de nossos filhos. Podemos humildemente ouvir a orientação divina sobre como seguir adiante com sabedoria e alegria. Essa orientação vale para hoje, da mesma maneira que há milhares de anos, e podemos viver todos os dias da maneira como nos foi prometido.