Os que estão vivendo um relacionamento amoroso talvez sintam o Dia dos Namorados com emoção. Para outros, na melhor das hipóteses, é apenas um dia como outro qualquer; no pior dos casos, é um dia que lembra aquilo que acreditam estar faltando em sua vida.
Este último foi meu caso, em determinado ano na faculdade, depois de terminar um relacionamento de longa data. Então, uma amiga e eu decidimos criar uma versão alternativa do Dia dos Namorados. Fizemos algumas guloseimas e deixamos de forma anônima no quarto de amigos, no dormitório da faculdade.
Fomos inspiradas por uma ideia fundamentada no nosso estudo da Ciência Cristã, sobre o significado do afeto como algo que “…mais do que palavras, é a ação carinhosa e desprendida, realizada em segredo…” (Mary Baker Eddy, Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 250). Essa citação está em um parágrafo sobre aquele amor que não só se origina do bem divino, mas é a própria natureza de Deus. O parágrafo começa: “O Amor não é algo posto em uma prateleira para, em raras ocasiões, ser dali retirado com finas pinças e colocado sobre uma pétala de rosa. Exijo muito do amor, exijo sólidas evidências que o comprovem, e espero nobres sacrifícios e grandiosas realizações como resultado”. O ponto principal aqui é que a motivação fundamental para a ação do amor é o desejo de viver de acordo com a nossa verdadeira natureza, que é a expressão de Deus, o Amor divino. Em vez de ficarmos perpetuamente em busca do amor, o que pode às vezes fazer com que nos sintamos em uma montanha-russa, podemos ter a certeza de que cada um de nós é a demonstração de Deus, o Amor. Somos o Amor divino em ação. E podemos colocar em prática essa atividade do Amor divino em nossas relações, tratando a nós mesmos e aos outros com compaixão e bondade.
Visto que “Deus é amor”, como lemos na Bíblia, em 1 João, procurar o amor significa procurar expressar a Deus mais plenamente. À medida que compreendemos que somos a expressão viva do Amor, expandimos a faculdade de nos sentirmos completos e satisfeitos. E quando nos sentimos mais próximos de Deus, também nos sentimos mais próximos dos outros.
Mary Baker Eddy esclareceu ainda mais essa ideia, quando perguntou, conforme anotado por seu secretário de longa data: “Deus é o Amor? O Amor é infinito?” E explicou: “Se pessoalizamos ou temos um objeto para o nosso amor, ele se torna finito em vez de ser divino e infinito, e perdemos o reflexo divino, mas, se for impessoal, o Amor abre-se a recursos infinitos, pelos quais podemos fazer o bem, o bem totalmente bom” (Diário de Calvin A. Frye, nota de 29 de março de 1896, EF071, © The Mary Baker Eddy Collection).
Isso não quer dizer que expressar o Amor dessa maneira vá soar impessoal para aqueles que amamos. Longe disso, os recursos ilimitados do Amor infinito nos capacitam a sermos mais atenciosos e a estarmos mais atentos às necessidades individuais dos outros. Uma das maneiras pelas quais podemos demonstrar o “Amor impessoal” é por ações amorosas movidas pelo fato de refletirmos naturalmente o cuidado que Deus tem por todos. Isso faz com que não nos envolvamos de maneira exagerada com uma pessoa, nem fiquemos com ideia fixa em alguém. Ajuda-nos a deixar de lado expectativas desmedidas com relação ao outro, ajuda-nos a não ficar continuamente pensando em determinada pessoa, e a não nos preocupar com o futuro do relacionamento. Contudo, não nos tornamos indivíduos insensíveis. Na realidade, o amor despojado de ego é o sentimento mais profundo, atencioso e sincero que podemos ter.
Quando o amor fica reduzido à busca de uma emoção específica, acaba criando uma dependência dos outros. Mas “amar” é, na realidade, viver uma vida cheia de amor. Por sermos a expressão do Amor, estamos sempre aprendendo maneiras melhores de demonstrar o amor e o cuidado pelos outros. Não precisamos sair à caça, nem traçar estratégias sobre como consegui-lo. Relacionamentos corretos e sinceros surgem e se desenvolvem em nossa vida.
Por mais estimulantes e maravilhosos que sejam os relacionamentos, há um poderoso aspecto de cura no fato de chegarmos àquele senso de realização e plenitude que resulta de colocarmos a Deus, o Amor divino, no centro de nossa vida.
Aprender que Deus é o Amor é aprender que o afeto não é possessivo, nem controlador, mas liberta e fortalece. Um senso pessoal de conexão pode ser feito e desfeito. Mas o afeto espiritual é constante e traz satisfação. Está sempre ao nosso alcance, porque vem da nossa unidade com o Amor sempre presente. Nosso coração nunca fica verdadeiramente satisfeito com algo que não está dentro de nós e que precisa ser obtido lá fora. Ficamos satisfeitos quando nosso coração encontra o Amor divino que está dentro de nós — o Amor que é ternamente expressado e espontaneamente oferecido.
O Amor divino nunca muda. Nós somos a prova de que o Amor está aqui, é constante e permanece para sempre.
Larissa Snorek
Redatora-Adjunta