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Original para a Internet

Somos governados pelo Amor, não pela raiva

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 28 de outubro de 2021


Cresci em uma família muito boa e amorosa, mas havia um de nossos familiares que sempre agia com muita raiva. Frequentemente seus gritos e acessos de fúria faziam parte da minha experiência. Durante a adolescência, comecei a me dar conta de também estar me comportando do mesmo modo enfurecido, principalmente em casa, causando, assim, sofrimento às pessoas a quem eu mais amava. Eu não queria magoar ninguém, sabia que esse modo de agir estava errado, e era necessário que eu parasse de agir assim.

O que eu mais queria era deixar de falar aos gritos. Em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy escreve: “O desejo é oração; e nenhuma perda pode ocorrer por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam moldados e elevados antes de tomarem forma em palavras e ações” (p. 1). Pedi a Deus para me ajudar a parar de ter rompantes de raiva e confiei em que Ele, que é o próprio Amor divino, me mostraria como conseguir fazer isso. E Ele me mostrou!

Logo comecei a identificar a raiva em seu início — a reconhecer o ponto em que sentimentos raivosos começavam a se avolumar. E em vez de descarregar a raiva gritando com os outros, eu conseguia contê-la, sabendo que não era a atitude certa, pois não se originava em Deus, e reconhecendo que eu não necessitava nem queria expressá-la. Depois de algum tempo, parei de falar aos gritos e até de ficar com raiva de muitas coisas.

Mas depois percebi que, mesmo tendo deixado de ter os acessos de fúria, muitas vezes eu ainda sentia raiva, embora não a expressasse verbalmente. Eu queria me libertar completamente do sentimento de raiva, inclusive no meu pensamento. 

 Falei a esse respeito com uma praticista da Ciência Cristã — dizendo-lhe, principalmente, que a raiva parecia ser involuntária. De repente, eu ficava com raiva; simplesmente acontecia assim, e parecia que eu não tinha controle algum sobre esse sentimento. A praticista me disse que eu estava abrigando pensamentos raivosos antes de começar a sentir raiva. Em outras palavras, a raiva não é um sentimento incontrolável que de repente surge do nada — mas começa como um pensamento, que na verdade não passa de uma sugestão, que pode ser rejeitada porque não provém de Deus. Em Ciência e Saúde lemos: “O pecado e a doença têm de ser pensados antes que possam se manifestar. Tens de controlar os maus pensamentos logo que surgem, do contrário serão eles que, em seguida, te controlarão” (p. 234).

      Eu sabia que podia discernir esses pensamentos e que eu era dotada de autoridade para recusá-los, porque a Bíblia afirma que Deus fez cada um de nós, como Sua imagem e semelhança, capaz de “ter domínio”, e que Ele viu “...tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gênesis 1:26, 28, 31). Nem a raiva nem a dor são boas, portanto, não fazem parte de nossa verdadeira natureza como filhos e filhas de Deus, e temos domínio sobre a crença em tais peculiaridades.

Tornei-me mais alerta para as sugestões de raiva logo que me invadiam, discernindo assim aqueles pensamentos que podiam começar pequenos, mas que, se eu não os detesse, se tornariam sentimentos raivosos. Eu sabia que não vinham de Deus, portanto, eu podia impedir que se acumulassem no meu pensar. Quando comecei a me recusar a reagir ao que eu estava ouvindo ou vendo ao meu redor, os sentimentos de raiva pararam, tanto quando eu estava conversando, quanto ao ver televisão, ou ao refletir sobre os acontecimentos do dia. Os pensamentos que impulsionavam a raiva também cessaram.

À medida que continuei a compreender melhor a Ciência Cristã, percebi que posso levar esse domínio ainda mais adiante, substituindo a raiva pela compreensão da realidade do Amor divino. Só existe uma Mente, ou seja, Deus, e essa Mente imortal é também o Amor divino. Os únicos pensamentos reais que podemos acolher têm de vir de Deus, não da crença errônea em uma mente mortal ou pessoal. Deus governa amorosamente todas as circunstâncias, situações e indivíduos.

A Ciência Cristã nos dá a capacidade de compreender e demonstrar esse governo. Quando reconhecemos que Deus é o Amor onipotente e onipresente, percebemos que não há lugar para a raiva porque não há realmente nada para temermos, nada contra o que possamos reagir negativamente, e nada que possa nos causar raiva. Essa compreensão não significa ignorar os problemas, mas sim compreender tão plenamente que Deus é o Amor, que não só nos curamos da raiva, mas a circunstância ou situação que parece justificar uma resposta cheia de fúria também se modifica. Começamos a conhecer e a vivenciar a verdade de que só existe o Amor divino. O Amor é o que cada um de nós realmente expressa.

Embora esse parente genioso tenha falecido há muitos anos, minha compreensão do Amor divino me fez sentir muito amor por ele, e uma compreensão de sua verdadeira identidade como ideia imortal de Deus, em vez de um mortal irritado e mal-humorado. Apesar de inicialmente não ter sido essa a intenção da minha oração, fiquei completamente livre de qualquer vestígio, tanto da raiva que eu outrora sentira, quanto da que ele demonstrara para comigo. Agora consigo discernir as qualidades boas e verdadeiras que sempre formaram sua identidade real e, quando penso nele, sinto apenas o amor que vem de Deus.

Deus é a Mente única e apenas Ele é a origem de nossos pensamentos. Esse fato nos dá domínio sobre a raiva e nos permite perceber que somos completamente governados pelo Amor — e que “a paz de Deus, que excede todo o entendimento” (Filipenses 4:7) está ao nosso redor e dentro de nós, sempre.

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