Paulo, encorajando os recém-convertidos cristãos em Tessalônica, escreveu: “…vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas” (1 Tessalonicenses 5:5). E aos efésios ele escreveu: “…andai como filhos da luz” (Efésios 5:8). Paulo poderia muito bem ter dito: “Vós não pertenceis à ignorância da matéria, ou seja, da mortalidade, da limitação, da escuridão. Vivei iluminados, no entendimento do Espírito”.
Na Bíblia, logo no início, o primeiro capítulo do Gênesis refere-se a Deus como sendo o Espírito. E porque Deus é retratado como um Criador inteligente e todo-sábio, podemos concluir que Ele é a Mente. Os filhos de Deus, descritos como criados à Sua imagem e semelhança, têm, portanto, de ser ideias espirituais e inteligentes. O sábio Rei Salomão assim falou sobre a infinitude de Deus: “…eis que os céus e até o céu dos céus não te podem conter…” (1 Reis 8:27).
Para o senso humano, árvores, montanhas, cavalos e homens têm uma aparência muito sólida, parecem sólidos ao contato, e nós os consideramos materiais — troncos de madeira, pedaços de rocha, corpos de carne e osso, todos sujeitos a limitações e à decadência. Mas, e se forem — não matéria — mas sim imagens do pensamento, conforme a insistência da lógica, pelo fato de serem produtos do Espírito infinito, a Mente?
E se nós, como criaturas espirituais, formos governados por leis espirituais — leis divinas da Vida, da Verdade e do Amor — as quais, quando compreendidas e obedecidas, produzem saúde e harmonia, comprovando assim a presença e o poder do Espírito?
Então, o fato de o mundo presumir que a matéria seja uma realidade sólida e objetiva, sujeita a doenças e à mortalidade, tem de ser um completo equívoco!
Mary Baker Eddy, que descobriu a Ciência, ou seja, as leis de Deus que Jesus praticava, e que denominou sua descoberta Ciência Cristã, escreveu: “No Espírito não existe a matéria, assim como na Verdade não existe o erro e no bem não existe o mal. A noção de que exista matéria verdadeiramente substancial, o oposto do Espírito, é uma suposição errônea. O Espírito, Deus, é infinito, é tudo. O Espírito não pode ter oposto” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 278). E ela insistiu: “Tiremos as roupagens do erro. Então, quando soprarem os ventos de Deus, não nos apegaremos aos nossos farrapos” (Ciência e Saúde, p. 201).
Isso traz à mente a história bíblica do cego Bartimeu, que estava sentado à beira do caminho, mendigando. Ao saber que Cristo Jesus estava passando por ali, Bartimeu clamou ao Mestre por ajuda. Quando lhe disseram que se calasse, ele clamou ainda mais alto. Jesus, parando, o chamou. “Lançando [Bartimeu] de si a capa” — provavelmente velha e suja — “levantou-se de um salto e foi ter com Jesus.” O relato termina bem para Bartimeu: “…E imediatamente tornou a ver e seguia a Jesus estrada fora” (ver Marcos 10:46–52).
Bartimeu saiu da escuridão para a luz. De maneira semelhante, a humanidade está se elevando e gravitando em direção à luz da Verdade — à luz de que o Espírito é tudo. O modelo da matéria está se tornando esfarrapado e desbotado.
O que significa isso para as pessoas que desejam seguir Jesus da maneira como ele viveu e curou? Significa que temos de estar alertas e atentos para não aceitar cegamente o modelo mortal de materialidade — o erro de acreditar que a vida, a substância e a inteligência estejam na matéria ou sejam feitos de matéria — como a base e a natureza de tudo.
Cristo, a Verdade, compele a humanidade a abandonar o erro, a descartá-lo totalmente e a reerguer-se na força do Espírito, tal como Bartimeu. A disposição para abandonar a visão que o mundo tem a respeito da vida como totalmente fundamentada na matéria, trocando-a pela concepção verdadeira da vida como mental e espiritual, tem efeito na vida prática. Traz saúde e cura, como mostra uma experiência recente pela qual passei.
É comum um barco a vela virar, devido a fortes ventos ou durante o aprendizado desse esporte, para competir com pequenos veleiros. Isso aconteceu comigo durante uma sessão de treinamento, enquanto contornava uma baliza no oceano. Fui jogada para fora do barco e bati com força na água. Nos dias seguintes, o lado que batera com força na água estava dolorido e, embora eu pudesse respirar sem problemas, fora isso eu me sentia muito desconfortável.
O senso de que eu era um mortal material ferido persistiu naquela semana, até que esta declaração me abriu os olhos e me colocou de pé novamente, por assim dizer: “Os mortais não são mais materiais nas horas em que estão acordados, do que quando agem, andam, veem, ouvem, se deleitam, ou sofrem, em sonhos” (Ciência e Saúde, p. 397).
Essa compreensão foi o momento decisivo. Parei de sentir-me ansiosa e de assumir uma falsa responsabilidade quanto à cura de um corpo material, já que eu havia compreendido mais plenamente que “não existe matéria com a qual contender” (Mary Baker Eddy, Escritos Diversos 1883–1896, p. 183). Eu estava lidando apenas com o pensamento. E, à medida que a escuridão do medo e a falsa crença a respeito do corpo como matéria desapareciam, dissolvidas na luz do fato de que o Espírito é tudo, o desconforto também acabou desaparecendo. Depois de um dia voltei à normalidade e senti que estava livre.
Todos os aspectos de um sonho são mentais. Esse fato é totalmente aceito. A Ciência Cristã ensina que nosso mundo e tudo o que nele existe é uma elaboração inteiramente mental e, portanto, o pensamento dirige nossa experiência. Quando admitimos pensamentos de lesão ou de doença, de sensualidade ou de dor, é o pensamento que precisa ser renovado, porque “A mente mortal governa tudo o que é mortal”, escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saúde, acrescentando: “A ação da chamada mente mortal tem de ser destruída pela Mente divina para trazer à luz a harmonia do existir” (p. 400).
Como imagem e semelhança ou reflexo da Mente, você e eu somos a manifestação de qualidades espirituais, tais como: amor, inteligência, força e integridade. A cor, a forma e o contorno também são atributos espiritualmente mentais, que existem na Mente eterna como expressões do bem de Deus. As qualidades divinas nunca podem ser lesadas ou distendidas, porque não são materiais, nem podem estar ausentes, porque brotam do Princípio sempre presente, Deus — a Vida, a Verdade e o Amor.
Deixar de lado a perspectiva baseada na matéria e o que é concomitante a ela, ou seja, o medo, a frustração, a limitação e coisas semelhantes, e manter o pensamento fielmente atrelado ao que é bom, puro e verdadeiro, é oração eficaz, que utiliza o poder de cura da Ciência Cristã.
Cristo Jesus ensinou: “São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso” (Mateus 6:22). Quando um aluno perguntou à Sra. Eddy o que significava manter os olhos focados no bem, ela respondeu: “Significa ter uma única realidade e essa realidade é o Espírito”. E prosseguiu, dizendo: “Nunca te esqueças disso” (ver We Knew Mary Baker Eddy, Expanded Edition, Volume 2, p. 196).
Nada pode ser mais natural e progressivo do que a humanidade se erguer, como Bartimeu, atraída pela luz do Cristo, e perceber a voz da Verdade. Quando já não nos apegamos ao erro e não aceitamos cegamente o modelo mortal de existência, com os olhos bem abertos para o fato de que o Espírito é tudo, somos vitoriosos sobre os desafios, caminhando como filhos da luz.