Uma reportagem do jornal The Christian Science Monitor no início deste ano descreve como as autoridades estonianas reagiram a um repentino e violento protesto pró-Rússia em 2007 — o primeiro desde que o país se tornara independente da União Soviética em 1991 (ver “Cybersecurity 2020: What Estonia knows about thwarting Russians” [Segurança cibernética 2020: O que a Estônia sabe sobre frustrar ataques cibernéticos russos], 4 de fevereiro de 2020). Os tumultos, que a princípio pareciam ser “uma manifestação espontânea de jovens locais”, foram seguidos por uma série de ataques cibernéticos evidentemente orquestrados por russos, causando muitos prejuízos.
Pesquisas subsequentes puseram a descoberto essa interferência como parte de um esforço intencional e generalizado para romper e dividir as democracias. O artigo declara: “De acordo com especialistas daqui e de Washington, a Rússia tem por objetivo enfraquecer as democracias ocidentais, tanto para elevar sua própria posição global, quanto para frustrar as aspirações democráticas em seu próprio país. Tenta conseguir esse objetivo, plantando dúvidas relacionadas à democracia, colocando em xeque a confiança pública em líderes e instituições democráticas, e dividindo nações e alianças. Os invasores estrangeiros provaram que podem se infiltrar em tudo, desde listas de votação até sistemas bancários e laptops pessoais”. O sistema abrangente e altamente bem-sucedido que a Estônia desenvolveu para lidar com esses ataques mostra a necessidade primordial de estar alerta e denunciar métodos ocultos de comportamento criminoso no cenário mundial.
Pôr a descoberto qualquer impostura e manipulação do pensamento do público que possa estar ocorrendo é um bom início no combate ao mal no mundo. A Descobridora da Ciência Cristã e Fundadora do Arauto, Mary Baker Eddy, nos encorajou a ficarmos alertas para com as tentativas do mal, de provocar desarmonia, ainda quando o mal permanece oculto. Usando o termo magnetismo animal para referir-se à natureza enganosa e hipnotizante do mal, ela escreve: “As formas brandas do magnetismo animal estão desaparecendo e seus aspectos agressivos estão vindo à tona. Os teares do crime, ocultos nos recantos escuros do pensamento mortal, estão tecendo a toda hora tramas mais complicadas e sutis” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 102).
A boa-nova é que estamos bem equipados — até mesmo de poderes divinos — para combater o mal. Fundamentada na Bíblia, mais especificamente nos ensinamentos de Jesus, a Ciência Cristã define a Deus como puramente o bem e o poder supremo, que não cria nem sanciona o mal em nenhuma de suas formas. Tudo o que Deus criou é espiritual e totalmente bom. Em uma de suas parábolas, Jesus explica que o mal vem de um “inimigo” na calada da noite “enquanto os homens dorm[em]” (ver Mateus 13).
Pôr a descoberto o fato de que o mal não tem autoridade divina, e não é parte da criação de Deus, não significa ignorá-lo, nem abordá-lo com ingenuidade. Pelo contrário, nos dá mais poder de resposta, levando-nos a fazer uma distinção crítica entre o próprio mal e a pessoa ou grupo de pessoas que parecem dar-lhe vida e poder. Pois se tudo o que Deus criou, incluindo o homem (o que significa cada um de nós), é realmente espiritual e bom, então é impossível que o mal seja pessoa. Defini-lo como pessoa ou grupo significa deixar que o mal continue escondido por trás da máscara, como se tivesse inteligência, poder e influência.
Em vez disso, podemos questionar: “Afinal, qual é o verdadeiro inimigo?”
Nos últimos capítulos da Bíblia, a soma de todo o mal é sintetizada por um grande dragão vermelho que, de modo maligno, está determinado a destruir o bem. Aliás, ele representa a noção de que exista um poder oposto a Deus, o bem; e de que esse poder possa vencer a Deus. Mas o dragão, identificado como um sedutor, foi “atirado para a terra” (Apocalipse 12:9) — no pó, no nada — e o reino de Deus, o bem, foi alcançado.
Esse é um modelo de esperança para a humanidade. Tudo aquilo que tentar nos separar, nos dividir, destruir tudo o que é bom, alegar ter mais poder do que Deus, não passa de uma mentira. E quando se põe a descoberto que se trata de uma mentira, fica provado que ela não tem poder.
Um amigo meu estava enfrentando problemas com um vizinho, que se mostrava hostil para com ele. A situação chegou ao ponto de interferir no trabalho de meu amigo. Em um esforço para restaurar a calma, ele passava tanto tempo analisando comentários e redigindo e-mails, que parecia que não conseguia pensar em mais nada.
Mas meu amigo também estava orando. E à medida que orava, foi ficando claro para ele que a raiz do problema não era uma pessoa que precisava ser apaziguada. Era o mal impessoal, cuja atenção estava fixa no antagonismo, impedindo-o de fazer algo de útil.
Reconhecer que esse mal não tinha poder para impedir a manifestação da expressão do bem de Deus em todos os Seus filhos (incluindo o próprio vizinho), trouxe a meu amigo paz e domínio para não mais se deixar arrastar pelo problema. Parou de se sentir intimidado. A vitória mental foi total e ocorreu dentro de sua própria consciência iluminada pela oração. Pouco depois, encontrou uma maneira adequada, mas firme e cordial, de escrever ao vizinho, que por sua vez respondeu com respeito. Os ataques verbais cessaram.
Esse é apenas um pequeno exemplo no grande esquema das coisas, mas para mim é uma evidência encorajadora de que, em última análise, o mal não tem capacidade inerente para impedir nem para inverter a atividade do bem, do Espírito, Deus, que é infinito e não tem um oposto legítimo. E essa mesma regra se aplica a problemas maiores. O Espírito divino não pode ser dividido, dilacerado, derrubado ou destruído. Nem Sua criação, Sua expressão do bem.
A vigilância, quanto às influências destrutivas e sua inerente ilegitimidade, nos ajudará a não desanimar diante do mal, mas sim, a provar pouco a pouco a impotência do mal e a natureza do bem, que tem todo o poder, o qual lhe é outorgado por Deus.