Uma das revelações mais reconfortantes que a Ciência Cristã trouxe ao mundo é o fato de que o homem real, por ser o reflexo de seu Criador, o infinito Pai-Mãe Deus, nunca está e nunca pode estar sozinho. É óbvio que o reflexo não pode existir em separado de sua origem. A Ciência Cristã ensina que é privilégio de cada pessoa compreender e demonstrar que o amoroso Pai não criou Seus filhos para, em seguida, lançá-los à deriva para se esforçarem sozinhos na vida, e a Ciência deixa claro que Deus está sempre presente, guiando, resguardando e amando Sua própria criação.
Cristo Jesus compreendeu que o Cristo, seu eu verdadeiro, ideal, era inseparável do Pai. “Eu e o Pai somos um”, disse (ver João 10:30). Ele não alegava ter algum poder proveniente de si mesmo; mas reivindicava sua inseparabilidade da grande fonte divina de todo o poder. Por mais de dezenove séculos, os cristãos têm aceitado como verdadeira a unificação de Cristo Jesus com Deus.
Com o advento do prometido Confortador, por meio da descoberta da Ciência Cristã por Mary Baker Eddy, em 1866, as palavras e obras de Cristo Jesus, o Metafísico por excelência, se tornaram o padrão de vida para cada um dos Cientistas Cristãos devotados.
Todos têm o direito de demonstrar, e progressivamente têm de expressar, como filhos de Deus, sua inseparabilidade do Pai, como Jesus demonstrou. Este é nosso direito de nascença: nunca sozinhos, jamais separados de Deus. Na proporção em que sua inseparabilidade de Deus se torna evidente para os Cientistas Cristãos, eles também realizam as obras de Cristo Jesus e curam por meio do Cristo, a Verdade.
Jesus revelou o caminho que devemos trilhar, quando disse: “…aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” (João 8:29). Fazer sempre o que agrada a Deus é a maneira de apreender e reivindicar nossa estreita comunhão com o Pai, a fim de perceber, assim como Jesus, que nunca estamos sozinhos. Na medida em que mantemos uma comunhão diária com Deus, o Sermão do Monte, proferido por Jesus, torna-se um guia que não ousamos ignorar, nem deixar de seguir, na vida prática.
Quando fazemos o que agrada a Deus, não lutamos mais pelo poder humano, prestígio ou posição, nem pela segurança material, ou pela aquisição de meros prazeres pessoais. Uma vez compreendido que temos a valiosa oportunidade de alcançar, passo a passo, nossa unificação espiritual com o Pai, a qual elimina toda dúvida e toda solidão, e nos concede domínio, nós alegremente vamos deixando para trás o apego a objetivos e ambições menos relevantes. E desejamos ficar, dia após dia, um pouco mais à altura do inestimável presente que é a Ciência Cristã.
Devemos estar atentos para que o medo não se insinue em nosso pensamento e diminua nossa radiante certeza quanto à eterna presença de Deus. Devemos aprender a reconhecer a Deus como a causa única em todos os eventos de nossa experiência. Às vezes, por exemplo, quando confrontados por uma decisão a ser tomada ou uma escolha de qual caminho seguir, mesmo após orar com perseverança, talvez hesitemos com um pouco de medo, sentindo-nos sozinhos e sem inspiração.
Como é reconfortante, nesses momentos, a declaração da Sra. Eddy em seu livro Escritos Diversos 1883–1896: “Os bons não podem perder seu Deus, seu socorro presente nas tribulações. Se entenderem mal as ordens divinas, corrigirão seu engano, darão contraordem, retrocederão sobre seus passos e restaurarão as ordens dadas por Deus, com mais certeza de poder seguir adiante em segurança” (p. 10).
Novamente, às vezes circunstâncias adversas persistem em nossa vida, ou até parecem piorar, apesar do trabalho devotado. Então, quando para o senso mortal nosso caminho parece mais difícil, é o momento de nos agarrarmos ao reconhecimento de que nunca estamos sozinhos, que a bondade de Deus está sempre presente e tem de se manifestar de modo que possamos compreender.
Embora o homem real seja inseparável de seu Pai-Mãe Deus, e esse seja um fato sempre presente, devemos reivindicar essa verdade com vigor e persistência, a fim de trazermos suas bênçãos à nossa experiência humana atual. Isso é tanto mais verdadeiro quanto mais alto for o clamor das dúvidas e do medo.
Uma devotada Cientista Cristã chegou a um ponto de sua experiência em que os sintomas de uma determinada doença haviam se tornado tão alarmantes, que o medo sussurrava que a morte não era apenas inevitável, mas iminente. Nessa situação, ela se sentiu grata por não ter sequer pensado em procurar outra ajuda a não ser a Ciência Cristã, e decidiu que continuaria buscando viver para a Ciência.
Após esse senso humano de amor e gratidão pela Ciência, veio a percepção mais clara e científica de que Deus é a Vida, não a morte, que ela não estava sozinha com o aparente problema, e que Deus estava Se expressando por meio dela, Sua reflexão. De repente, ficou feliz e segura de que o próprio Deus, o poderoso e atuante Princípio divino, era plenamente capaz de cuidar de Seus filhos e filhas.
Assim fortalecida, ela conseguiu resistir com veemência à ameaça de morte, com a calma certeza de que a Vida estava presente naquele momento como sempre está. Conseguiu expulsar todo o medo e descansar tranquilamente, na confiança de que não estava sozinha, que a batalha não era dela, mas de Deus, e que Deus estava, como sempre, cumprindo Seu propósito. “Deus está bem aqui”, foi seu pensamento consciente antes de adormecer pacificamente.
Ao acordar, na manhã seguinte, completamente livre, ela se levantou e desempenhou suas tarefas com um cântico no coração. “Deus está bem aqui”, ela ainda acalentava esse pensamento, tão reconfortante como a mão do Pai em seu ombro, sentindo com absoluta certeza que nunca mais poderia acreditar que estava sozinha.
Muitos de nós temos de passar por águas profundas para aprender a segurar com firmeza a mão de nosso Pai. Quando as coisas parecem escuras, podemos, pela graça, dizer com Paulo: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8:28).
A Sra. Eddy amplia e esclarece ainda mais essa mensagem, ao dizer em Escritos Diversos: “Todas as tentativas da inveja, do ódio, da vingança — os mais impiedosos moventes que governam a mente mortal — não importa quais sejam, irão cooperar ‘para o bem daqueles que amam a Deus’.
“Por quê?
“Porque Ele chamou os que Lhe pertencem, os armou, os equipou e lhes forneceu defesas inexpugnáveis. Esse Deus não permitirá que eles se percam; e se caírem, eles se levantarão novamente, mais fortes do que antes de tropeçar” (p. 10).
À medida que a confiança substitui a dúvida, no pensamento do Cientista Cristão, a crença de solidão social também é dissipada. Para o senso mortal, é possível que alguém se sinta sozinho mesmo no meio de uma multidão. Mas a maior felicidade do Cientista Cristão é estar a sós com seu Deus e, onde quer que esteja, ele valoriza esses momentos acima de tudo.
O interessante é que, à medida que aumenta seu senso de proximidade com o Pai, o Cientista Cristão se dá conta de que o companheirismo humano também aumenta, em qualidade e em quantidade. Ele começa a comprovar, embora de modo modesto, a verdade destas palavras do Mestre Jesus: “Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo” (João 12:32).
Nunca mais, porém, a pessoa se apoiará tão completamente na companhia humana, como antes acreditava ser necessário. Pois está aprendendo com alegria crescente que, quando coloca Deus em primeiro lugar, o homem nunca está sozinho. Alegra-se em dizer, tal qual nossa Líder, no belo poema que ela escreveu, intitulado “Rumo ao alto”:
“Minha jornada, como a da águia, que seja bem para o alto,
Celestiais são as brisas que sopram em seu
céu!
Os olhos de Deus estão sobre mim — não estou só,
Quando sou levada avante e rumo acima
e ao céu”
(Poems [Poemas], p. 19).