Há cerca de 16 anos, decidi trocar de emprego. Contudo, minhas expectativas de ter um trabalho que me deixasse feliz não se concretizaram, e percebi que eu havia cometido um erro terrível — pelo menos era o que me parecia naquele momento.
Durante os seis meses seguintes, enquanto buscava outras opções de emprego, eu percebi que estava cada vez mais desanimada. Estava muito atormentada, pois pensava que tinha cometido um grande erro, e meus dias pareciam sombrios. O alívio vinha com o sono, mas, ao despertar, lá estava a sensação de desânimo. Entrei em contato com uma praticista da Ciência Cristã, pedindo-lhe que me ajudasse em oração, e consegui seguir adiante com meu trabalho e minha rotina diária, apesar de ainda me sentir à beira de um esgotamento.
Certa noite, eu estava participando de uma assembleia da igreja, quando esse desânimo se dissipou por completo, inesperadamente. O secretário da igreja abrira a reunião com a leitura de um poema intitulado “Afirmação vespertina”. As duas primeiras estrofes me trouxeram um sentimento de alívio:
Este é o dia de Deus. A noite, assim como a manhã,
é governada apenas por Ele.
Deus não conhece o arrependimento vão, nem retrocesso
ou um propósito não cumprido.
Não precisamos indagar se alguma decisão difícil,
alguma escolha, foi a correta.
Deus, a Mente, a única Mente do homem, com precisão infalível,
É nosso guia permanente.
(Peter J. Henniker Heaton, The Christian Science Journal, setembro de 1950).
As palavras: “Não precisamos indagar se alguma decisão difícil, alguma escolha, foi a correta” eliminaram tanto a impressão de ter cometido um erro, quanto o abatimento que acompanhava essa impressão. Aceitei, aliviada, a ideia de que Deus havia me guiado com “precisão infalível”. Logo depois disso, consegui encontrar outro emprego. A minha aventura, porém, ainda não tinha terminado.
Esse novo emprego representava um progresso enorme, mas eu demorava bastante para ir e voltar do serviço e a jornada de trabalho era longa. Meu escritório não tinha janelas, além disso, sentia um pouco de medo de alguns dos alunos difíceis com os quais eu tinha de manter contato, no meu trabalho. Também achava que as minhas habilidades não estavam sendo aproveitadas, apesar de eu proporcionar uma ajuda valiosa aos alunos com necessidades educacionais específicas. Avaliando a situação agora, vejo que eu estava, de certo modo, pensando somente em mim mesma.
Telefonei para outra praticista da Ciência Cristã, pedindo-lhe que orasse comigo. Referindo-se a estas palavras de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy: “Para os que se apoiam no infinito sustentador, o dia de hoje está repleto de bênçãos” (p. vii), a praticista explicou que cada bênção que reconhecemos hoje nos proporciona os elementos fundamentais para o amanhã, e que a gratidão abre o caminho para termos cada vez mais bênçãos. Ela sugeriu que, todos os dias, eu fizesse uma lista de cinco bênçãos especificamente relacionadas ao meu trabalho.
A princípio, achei difícil encontrar cinco bênçãos e, mesmo quando consegui fazer isso, não foi fácil achar outras cinco diferentes, nos dias que se seguiram. Durante umas duas semanas, coloquei na lista as mesmas bênçãos, todos os dias. Mas, aos poucos, a lista foi se expandindo, assim como o meu conceito a respeito daquele trabalho.
Tive então a ideia de pendurar um espelho de corpo inteiro no meu pequeno escritório. Isso fez com que o ambiente parecesse mais iluminado, e começou a atrair para a minha sala um fluxo contínuo de alunos, que vinham se olhar no espelho. Daí resultaram muito mais oportunidades para conversar com eles, dando-lhes apoio, e conhecê-los melhor. Também usei a criatividade para decorar o local com trabalhos dos alunos, o que foi muito comentado, tanto por eles quanto pelos professores. Minha sala se tornou um local onde dava prazer trabalhar! E eu desenvolvi técnicas divertidas de ensino, usando rimas e música. O trabalho floresceu.
Passei a amar a escola e os alunos. Minha lista diária de bênçãos continuou a crescer. Eu havia ampliado as minhas habilidades e adquirido outras, e também havia sido desafiada e crescido profissionalmente.
Cerca de um ano depois, fui convidada a ocupar um cargo em uma escola particular bastante respeitada, que ficava a cerca de seis quilômetros da minha casa. A experiência que eu adquiri nessa nova escola foi extraordinária, incluiu a visita a mais de 40 universidades dos Estados Unidos, além de universidades da Europa. Fiquei nesse cargo até me aposentar, 11 anos depois.
Essa experiência foi uma grande lição para mim, e pode ser resumida em três partes:
1. Deus, a Mente divina, está realmente no controle, mesmo quando pensamos ter feito a opção errada;
2. A gratidão traz a cura, ainda que estejamos em situações difíceis;
3. “O dia de hoje está repleto de bênçãos”, e cada bênção leva a mais bênçãos.
Paula Williams
New Romney, Kent, Inglaterra