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Original para a Internet

Amor: Como renovar a democracia

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 9 de janeiro de 2023


Ao longo dos séculos, a filosofia política desenvolveu a teoria de que a democracia é um pacto social, no qual as pessoas, para seu próprio bem, se submetem a decisões coletivas. No entanto, mesmo as democracias mais sólidas necessitam de constante reforço. Mas como isso é possível? Que tal se, pelo amor, ampliássemos nossos interesses para além de nós mesmos, a ponto de incluir toda a humanidade? E se procurássemos amar, visando à grande realização de reconhecer quem realmente somos como filhos de Deus, o Amor? Essa seria a base para um novo e unificador contrato social.

Na Bíblia, a primeira carta de João afirma que Deus é Amor. Jesus ilustra a natureza de Deus como o Amor na parábola do filho pródigo, na qual um pai compassivo acolhe de volta o filho que fora desrespeitoso e desperdiçara a herança, mas que finalmente admitia seu erro. O pai se alegra com a volta do filho e isso mostra como Deus vê e ama cada um de nós — não como seres humanos imperfeitos, mas como Sua expressão espiritual.

Pelo fato de nossa origem ser o Pai-Mãe, o Amor divino, o Espírito infinito, nós somos por natureza espirituais e amorosos. Por isso, a linguagem agressiva por vezes usada na política, os ataques virulentos e a tendência de considerar como inimigas as pessoas com quem não concordamos, tudo isso é profundamente antidemocrático, e profundamente estranho à nossa verdadeira natureza.

Em 1º João, também encontramos um versículo interessante e cheio de significado: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte” (3:14). Somente o Amor divino, posto em prática em nosso dia a dia, torna possível que nossos sistemas políticos passem metaforicamente da morte para a vida — que sejam renovados e fortalecidos.

Mas como podemos amar em face do ódio — ou diante do medo de que o ódio tenha o poder de destruir a unidade e a coesão da sociedade? Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, escreve: “A Ciência Cristã assim classifica o pensamento: os pensamentos corretos são realidade e poder; os pensamentos errôneos são irrealidade e não têm poder, eles têm a natureza dos sonhos. Os pensamentos bons são poderosos; os pensamentos maus são impotentes, e assim deveriam ser entendidos” (Escritos Diversos 1883–1896, p. 252). 

É vital deixar o veneno do ódio fora de nossos pensamentos, de nossa vida e de nossas democracias, e conseguimos isso muito mais eficazmente quando não temos medo do suposto poder do ódio, e demonstramos sua impotência. Como? Partindo do ponto de vista elevado que compreende que o Amor divino, o único Criador, não criou o ódio — que o ódio não existe na Mente que é Deus, e só parece existir na escuridão da mente humana. Isso é fundamental para nos elevarmos acima do ódio e sentir o amor e o afeto que nos são naturais como filhos de Deus.

Conto aqui um modesto exemplo do poder unificador do Amor. Há alguns anos, nossa igreja, que tem uma administração democrática e é filial da Igreja de Cristo, Cientista, enfrentou uma questão controversa que já havia sido um desafio para várias igrejas da Ciência Cristã, com resultados negativos. Em uma assembleia, foi feita a proposta de nos amarmos uns aos outros, ou seja, amarmos todos os membros, em ambos os lados da questão. A proposta foi apoiada, votada e aprovada. Por inspiração divina, havíamos superado o mesmerismo de considerar inimigos os que estavam do outro lado. A seguir, um dos membros que sempre argumentava muito, fez uma proposta muito unificadora que foi de imediato apoiada, encerrando assim a controvérsia. O assunto nunca mais foi um problema na igreja.

À medida que percebemos mais nitidamente a realidade e o poder do Amor — e a consequente impotência do ódio para dividir, hipnotizar e destruir — começamos a entender e a reconhecer o que sustenta e fortalece as democracias. Passamos a ver que muito acima da grande variedade de pontos de vista e de políticas públicas para a solução de problemas sociais, muito acima até mesmo da mais inapropriada retórica pública e manipulação dos fatos, estão firmes a união primordial, o companheirismo e o afeto que se originam em Deus, o único Pai-Mãe que cria o homem espiritual (cada um de nós) para refletir Sua natureza. Dessa forma ficamos mais preparados para separar o que é espiritualmente verdadeiro no caráter humano daquilo que é falso, tornamo-nos mais pacientes e misericordiosos, mais dispostos a considerar o ponto de vista do outro.

Assim estaremos receptivos a soluções práticas, e mais preparados para manter debates políticos civilizados e calmos. Participaremos de modo mais inteligente do sistema político, inclusive com relação ao nosso voto. 

Em resposta a uma pergunta sobre qual era sua posição política, a Sra. Eddy escreveu: “Não tenho nenhuma, na verdade, a não ser ajudar a apoiar um governo justo; amar a Deus supremamente e ao próximo como a mim mesma” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos], p. 276).

Não há poder no céu ou na terra maior do que o Amor — nenhum poder mais qualificado para fortalecer as democracias e proporcionar inspiração aos que almejam governos democráticos no mundo. Quando reconhecemos o Amor como supremo, como a única verdadeira autoridade, Deus nos ajuda a vencer o ódio e o conflito, e a viver o Amor, expressando nossa verdadeira natureza como filhos do Amor.

Lyle Young
Redator Convidado

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