Houve um tempo em que eu não conseguia usar meus talentos e qualificações da maneira que desejava. Embora tivesse diplomas universitários que me propiciaram muitos anos de trabalho bem-sucedido, eu sentia que tinha mais a oferecer. Anos mais tarde, quando voltei para a faculdade, um talento antes encoberto veio à tona e me trouxe enorme satisfação. Cursei design gráfico e me formei nessa área — o ponto culminante de uma experiência acadêmica muito significativa para mim.
Eu sentia, do fundo do coração, que Deus me revelara esse talento. Todavia, depois da conclusão do curso, restava-me apenas uma década para a idade em que as pessoas costumam se aposentar. As perspectivas de conseguir emprego na área de design gráfico pareciam reduzidas. Foram três anos de busca infrutífera nesse campo altamente competitivo. No entanto, não foram anos perdidos.
Ao longo desse tempo, ganhei uma perspectiva renovada e mais espiritual sobre o tema do trabalho. Compreendi que meu verdadeiro emprego e propósito eram refletir a Deus, expressando qualidades divinas, inclusive as que eu associava ao design gráfico: sempre poderia expressar, de modo abrangente, a ordem, a beleza, a originalidade, a inteligência e o amor. Glorificar a Deus assumiu um novo significado, quando O reconheci como a única fonte dessas qualidades. Deus não Se esquecera de mim; pelo contrário, a todo momento Ele me revelava ideias inspiradas. Criei e compartilhei a arte em minha comunidade, pesquisando, porhoras a fio, de que maneira qualidades espirituais poderiam ser expressas em minhas criações artísticas.
Saber que Cristo Jesus não tolerava desperdício foi encorajador. A Bíblia diz que ele instruiu os discípulos a recolher os pedaços que sobraram, depois de alimentar milhares de pessoas (ver Mateus 14:14–21). Seu trabalho de cura também mostrou que nenhuma vida pode ser desperdiçada e que ninguém pode ser privado do propósito que lhe foi dado por Deus. Além disso, Jesus não se intimidou com problemas de longa duração: curou um homem que era paralítico havia 38 anos e outro que era cego de nascença.
Vendo o exemplo de Jesus, eu sabia que períodos de desânimo não poderiam impedir que eu tivesse um emprego adequado e gratificante. Ao contrário, esses períodos foram oportunidades para ouvir com mais atenção a orientação de Deus.
Um dia, sentada em um café onde havia uma exposição de meus trabalhos artísticos, recebi de Deus a clara mensagem de que havia chegado o momento de eu ter um emprego de período integral. Logo depois, encontrei um vizinho que estava a caminho de uma entrevista de emprego. Apesar de ter um diploma acadêmico avançado, ele havia se candidatado a um emprego de repositor de mercadorias, em uma loja local.
Inspirada por sua humildade e disposição de tomar medidas práticas para sustentar a família, candidatei-me a um emprego temporário que exigia conhecimento na área de design gráfico. Fiquei nesse emprego por um ano, e então uma ex-colega de curso indicou-me uma vaga na empresa em que ela trabalhava.
Candidatei-me e logo fui contratada. Fiquei maravilhada ao perceber como a sincronia desse desdobramento refletia o preciso controle de Deus. A vaga requeria experiência com um novo software que eu acabara de aprender no trabalho temporário.
O controle de Deus também ficou evidente na coincidência entre minhas habilidades e os requisitos do trabalho, o que superou em muito minhas expectativas. Por exemplo, meu novo empregador publicava material para educação especial, e eu havia dado aulas para pessoas com necessidades especiais; a empresa estava expandindo para uma área na qual eu havia me graduado — educação de adultos e a terceira idade; eles precisavam de assistência com a edição do material, e eu tinha muitos anos de experiência nessa área. Minhas diversas habilidades não apenas atenderam às necessidades da empresa, mas a empresa atendeu meu desejo de usar todas as minhas habilidades, e dessa forma trabalhei com satisfação até minha tarda aposentadoria.
Certo dia, li na Bíblia que Deus prometeu reunir os israelitas para a Sua glória: “…trarei a tua descendência desde o Oriente e a ajuntarei desde o Ocidente. Direi ao Norte: entrega! E ao Sul: não retenhas! Trazei meus filhos de longe e minhas filhas, das extremidades da terra, a todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e que formei, e fiz” (Isaías 43:5–7). Senti que Deus havia me dado todos os talentos que eu possuía e os reunira — os juntara — para Sua glória.
A Bíblia mostra como os talentos e as experiências de Jesus foram reunidos e compartilhados em seu ministério de cura, para glorificar a Deus. Aos 12 anos, quando estava no Templo, ao ouvir os mestres, Jesus demonstrou sua compreensão da Palavra de Deus e fez perguntas que surpreenderam aqueles homens instruídos. O diálogo de Jesus com os sábios sugere um desejo de aprofundar sua compreensão divina e ao mesmo tempo compartilhá-la, o que diretamente ficou demonstrado em sua carreira e propósito de vida.
Em séculos mais recentes, Deus reuniu os talentos e as experiências de Mary Baker Eddy, preparando o caminho para sua descoberta de como Cristo Jesus curava — a Ciência da cura cristã. Durante a infância de Mary Baker Eddy, seu pai trazia os animais doentes da fazenda para que ela os cuidasse e curasse (ver Yvonne Caché von Fettweis e Robert Townsend Warneck, Mary Baker Eddy: Uma vida dedicada à cura, pp. 7–8). Mesmo antes de descobrir a lei divina da cura, a Sra. Eddy já demonstrava uma habilidade inata de curar e, ao mesmo tempo, procurava entender essa lei de cura. Como ela escreve no livro-texto da Ciência Cristã: “Deus vinha ternamente me preparando durante muitos anos para receber essa revelação final do Princípio divino absoluto da cura mental científica” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 107).
Eu aprendi a diariamente reconhecer os meios pelos quais Deus reúne as habilidades que Ele deu a mim e a outros, e as coloca em uso para Seu santo propósito, tanto na atividade profissional quanto no trabalho da igreja. Todos nós possuímos uma infinidade de talentos dados por Deus para serem reunidos para Sua glória, seja para nossa própria satisfação seja em benefício dos outros, segundo a direção de Deus. Foi o que Ele fez na época de Jesus, nos dias da Sra. Eddy, e está fazendo hoje — por você e por mim.