Já constatei a expressão do amor de Deus — esse amor que é inabalável e cuja manifestação nada pode impedir — em muitas situações. Uma delas foi em uma cura que tive ao me libertar do hábito de fumar.
Quando jovem, eu fumava cigarro e charuto, e mascava tabaco, mas não levava isso muito a sério. Eu fazia isso escondido depois da aula, e assim podia fazer parte da turma dos “garotos descolados”. Acabei percebendo que já não achava mais o gosto dessas coisas tão ruim, como no princípio. No início, eu conseguia parar e voltar a fumar a qualquer momento. Ficava anos sem fumar, então recomeçava até parar novamente. Isso aconteceu várias vezes e eu estava convencido de que podia parar quando quisesse.
Mas, certa vez, comecei a fumar novamente e percebi que não estava conseguindo parar. Nunca havia me sentido assim antes: derrotado e escravizado. Apesar de todos os esforços para me livrar desse hábito ruim, nada funcionava. Experimentei vários produtos que podem ser comprados sem receita: goma de mascar contendo nicotina, goma de mascar tradicional e outros produtos disponíveis. Finalmente, cheguei à conclusão de que estava em uma grande confusão e que era melhor começar a orar a respeito.
Eu havia frequentado a Escola Dominical da Ciência Cristã quando criança e sabia que o que eu estava fazendo não estava me ajudando a ser uma pessoa melhor, e que era uma espécie de rebeldia. Também sabia que se eu me voltasse para Deus eu poderia me libertar. Então, eu orei. E orei novamente, e mais uma vez, e continuei orando. Quando me lembro dessa situação, vejo que minhas orações seguiam algumas fórmulas batidas. Eu basicamente ficava repetindo algumas verdades espirituais que haviam funcionado para mim em outras ocasiões. Isso não exigia muito desenvolvimento ou crescimento espiritual de minha parte.
Muitos meses se passaram e o hábito de fumar não me abandonava. O medo continuava a atormentar meus pensamentos, apesar de meus esforços para orar. Eu estava confuso e chateado. Eu havia presenciado curas pela Ciência Cristã tanto na minha família quando criança, quanto na vida dos meus amigos da igreja e dos acampamentos de verão. Eu também tinha sido abençoado com curas de outros problemas, como doenças e dificuldades na escola. Eu sabia que a oração, como Cristo Jesus ensinou, era eficaz. Então comecei a me perguntar o que estava fazendo com que a cura demorasse tanto a acontecer.
Algum tempo antes, eu tinha ouvido um testemunho que me ajudou a superar o impasse. Não me lembrava exatamente onde havia sido, mas sei que fora em um dos periódicos ou em um podcast da Ciência Cristã. Esse testemunho era sobre um homem que estava passando por dificuldades financeiras. Ele achava que tinha feito tudo certo, tinha dado os passos humanos corretos, orado como aprendera na Ciência Cristã, tudo da mesma maneira que já havia funcionado em outras ocasiões, mas o homem não conseguia obter a cura. Então, ele decidiu sentar-se e orar até perceber claramente qual a solução para o problema. Ficou sentado por horas em oração, ponderando espiritualmente a respeito de Deus e de seu relacionamento com Ele. Anoiteceu, mas ele nem sequer acendeu as luzes; continuou a orar sem se deixar distrair. Pouco tempo depois, um vizinho bateu à sua porta com uma cesta cheia de alimentos, que lhe ofereceu. Esse foi o primeiro sinal de que a imagem mesmérica de carência fora desfeita. O homem aceitou a cesta com muita alegria, a sua situação foi melhorando e a cura foi completa.
Fiquei muito animado com essa história, e impressionado com a postura firme do homem. Não havia sido força de vontade humana que ele demonstrara, mas aquilo a que chamo de inflexibilidade espiritual — fé, certeza e confiança absolutas em Deus e na verdade a respeito de seu relacionamento com Deus. Esses pensamentos me elevaram espiritualmente.
Voltei a me dedicar à busca de uma resposta para a dependência do cigarro. Abri um pouco o meu pensamento para deixar Deus me guiar enquanto me debruçava sobre a Bíblia e as obras de Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras e Prose Works (uma compilação de outros escritos dela). É sabido que a Sra. Eddy costumava abrir aleatoriamente a Bíblia e encontrar a citação exata de que precisava. Para o senso humano, isso pode parecer coincidência, mas a verdade é que aquietar o pensamento possibilita que encontremos as passagens que melhor atendem às nossas necessidades. Eu também já vira meus pais, amigos e outras pessoas fazerem exatamente isso.
Assim, comecei a fazer isso todos os dias. Eu fazia o estudo diário da Lição Bíblica da Ciência Cristã e, em seguida, fazia uma breve oração silenciosa. Depois pegava qualquer um dos livros que me sentisse inspirado a ler, quer fosse a Bíblia, Ciência e Saúde, ou algum dos outros escritos de Mary Baker Eddy, e o abria com expectativa e gratidão, mesmo antes de saber com o que meus olhos e pensamento iriam se deparar. Certa vez, esta passagem de Retrospecção e Introspecção se destacou para mim e prendeu minha atenção por alguns dias: “É preciso revisar a história humana, e o registro material precisa ser totalmente apagado” (p. 22).
Essa declaração mexeu comigo. Parei imediatamente de ler e ponderei a respeito do significado dela. Apagar é uma palavra que significa remover algo por completo. Destruir. Fazer desaparecer alguma coisa, de modo que não fique nenhuma prova de ela ter sequer existido. É uma ação muito séria. Será que eu conseguiria apagar o fato de que estava preso ao hábito de fumar e não conseguia parar? Isso me fez refletir muito.
Outra joia cristãmente científica, para a qual fui guiado ao abrir os livros em oração com expectativa, encontra-se em Escritos Diversos 1883 –1896, também de autoria da Sra. Eddy. Nele lemos: “O que tornava poderoso o manso Nazareno era o inabalável e verdadeiro conhecimento que ele tinha da preexistência, da natureza de Deus e do homem, e da inseparabilidade entre eles” (p. 189). Sem dúvida, essa compreensão do fato de que os filhos de Deus estavam sempre com Ele era o elemento-chave da força espiritual de Jesus. Ponderei que essa ideia, portanto, poderia ser uma força para mim. Outra mensagem bíblica referente à preexistência veio ao meu pensamento. Ela está no livro de Jeremias: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei” (1:5).
Dessa forma, comecei a considerar sinceramente que minha libertação da dependência do cigarro estava relacionada a uma compreensão mais clara da verdade a respeito da minha preexistência com Deus. Munido dessas passagens e considerando o fato de que a Bíblia e Ciência e Saúde nos ensinam repetidamente que somos eternos e refletimos a Deus, comecei a raciocinar desta maneira: “Se sempre estive, estou e estarei sempre com Deus e nEle, seguro e protegido, e refletindo a Deus, então o hábito de fumar e mesmo um comportamento obstinado e desobediente não pode, realmente, pertencer a mim como filho de Deus”. Os dois estados diferentes que eu enfrentava — um de expressar obstinação e outro de refletir o bem naturalmente — são diametralmente opostos. Então, qual dos dois é o verdadeiro?
O bom e o eterno eram o meu verdadeiro “eu”. Mas, como eu poderia aceitar isso? Eu não achava que merecia. Então, eu me peguei pensando: “Mas é claro que eu mereço! A criação de Deus, que inclui a mim e a todos os meus irmãos e irmãs, merece!”. Uma passagem em 1 João coloca a questão desta maneira: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus” (3:1). O pensamento que queria me fazer acreditar que eu não merecia era simplesmente uma sugestão diabólica de que eu era um mortal que erra. Eu não precisava aceitar isso, e tomei a decisão consciente de rejeitar qualquer pensamento que surgisse afirmando que eu era um dependente do cigarro, que não conseguia me libertar dele, ou que eu não era digno de ser amado, que não era amoroso e que não era verdadeiramente amado.
Orei para reconhecer que, como eu sempre estivera com Deus, o Espírito, meu verdadeiro existir era espiritual e jamais poderia ser tocado por algum elemento material. Eu não poderia cair na armadilha do materialismo, nem ser por ele prejudicado, pois a criação de Deus é totalmente boa, como é afirmado em Gênesis 1. Essa era a verdade a respeito do bem inato do homem que estava sendo despertada em minha consciência. Essa verdade espiritual estava “expulsando” a imagem de um homem mortal que fumava e que estava lutando para se libertar dessa dependência. Em um sentido mais amplo, essa verdade contestava a afirmação básica de que a matéria poderia ter poder e, no mínimo, causar dependência — independentemente do aparente prazer inicial e da forma que a matéria assumisse. A Verdade divina estava me ajudando a ver que esse problema de dependência poderia verdadeiramente ser apagado para toda a humanidade.
Dediquei-me sinceramente a explorar todas as facetas possíveis dessas ideias relacionadas à preexistência, tanto a minha quanto a de todos nós, bem como à nossa existência atual e à nossa existência eterna com Deus, e senti dentro de mim que essa era a resposta que eu estava procurando! Anteriormente, eu havia sido persuadido a acreditar que eu era um mortal e que precisava ser consertado, quando o que eu realmente precisava era compreender que eu nunca havia estado fora do governo de Deus e jamais poderia estar.
Alguns dias depois de orar com base no conceito de preexistência, o desejo de fumar simplesmente desapareceu. Não fiquei angustiado nem restou nenhum trauma. Não me apoiei na força de vontade, nem usei nenhum método ou produto artificial — a percepção de minha união com Deus simplesmente se tornou mais profunda do que nunca em meu pensamento. A cura é isso: a revelação de um senso mais claro da verdade espiritual à nossa consciência e esse novo raio de “luz” dissipa o pessimismo em relação ao que quer que o problema pareça ser.
Joguei fora, sem titubear, todos os cigarros que tinha em casa. Não tive nenhuma crise de abstinência e, desde aquela ocasião, não senti mais nenhum desejo de usar nenhuma outra substância que pudesse causar dependência. A cura foi completa e a liberdade permanente. Isso aconteceu há aproximadamente vinte anos.
Sou muito grato por essa cura mas, o mais importante é que sou especialmente grato por ter compreendido mais profundamente o meu relacionamento direto, inviolável, sem começo e sem fim com Deus, o bem, compreensão essa que adquiri com a oração consagrada. Os ensinamentos da Ciência Cristã iluminam a mensagem da Bíblia e ajudam a revelar o aspecto prático desse maravilhoso e atemporal conjunto de mensagens de Deus à humanidade − de que o espiritual é supremo e a matéria não tem poder.