Um novo começo nem sempre é a melhor estratégia, mas há momentos em que essa pode ser a abordagem mais produtiva para encontrar a solução de que precisamos. Para ser eficaz, porém, um novo começo tem de ser um recomeço realmente sincero. E como podemos encontrar o caminho para um novo começo?
Uma declaração atribuída ao filósofo romano Sêneca, “Todo novo começo vem do fim de algum outro começo”, significa, para mim, que, ao deixarmos uma fase anterior para trás, levamos conosco tudo o que aprendemos. Somos enriquecidos por nossa experiência. E, por mais que queiramos nos agarrar a um caminho e a uma abordagem com os quais estamos habituados, precisamos estar dispostos a abandoná-los e a nos tornar receptivos a uma nova orientação. Essa humildade nos prepara para a inspiração que trará novo ímpeto por mais crescimento espiritual e cura.
A Ciência Cristã revela muito sobre o Cristo como a mensagem divina que nos traz orientação. Jesus amava ouvir e seguir as mensagens espirituais de Deus, e era o que ele mais fazia. Ele foi identificado, de maneira inigualável, como Cristo Jesus, mas esse mesmo Cristo — a mesma orientação que guia, transforma e cura, que abençoou Jesus e foi corporificada nele — continua abençoando o mundo hoje em dia. Estarmos receptivos ao Cristo, a verdade de Deus, energiza nossos passos rumo a um novo começo maravilhoso. A Bíblia dá este conselho: “… se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Coríntios 5:17).
O que se renova é o nosso pensamento — toda a nossa perspectiva a nosso respeito e a respeito das outras pessoas. Aquilo que pensamos e aquilo que vivenciamos andam de mãos dadas, e podemos confiar em Deus para nos conduzir a essa nova perspectiva e nela nos guiar, se assim o desejarmos com pureza de coração. Foi isso que aconteceu com Mary Baker Eddy, quando descobriu a Ciência Cristã. Posteriormente, ela escreveu: “A mão divina conduziu-me a um novo mundo de luz e Vida, um novo universo — velho para Deus, porém novo para um de Seus ‘pequeninos’ ” (Retrospecção e Introspecção, pp. 27–28).
Orar em prol da cura conforme Jesus ensinou requer uma consagrada disposição de sermos conduzidos por Deus a novos caminhos, novas maneiras de pensar, novas formas de enxergar a nós mesmos. Um exemplo disso ocorreu quando, certa vez, Jesus encontrou uma pessoa que vinha sofrendo de uma enfermidade debilitante havia 38 anos. Esse homem tinha a esperança de ser curado, acreditando que a água de um tanque que ficava próximo, quando agitada — supostamente por um anjo — o curaria. Pode-se sentir o desespero na resposta do homem, quando Jesus lhe pergunta se ele gostaria de ser curado naquele exato momento: “… Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; pois, enquanto eu vou, desce outro antes de mim” (João 5:7).
A Bíblia não registra de que modo Jesus orou pelo homem naquele dia, mas não há dúvidas de que sua oração não incluía água se agitando. Jesus sabia que a criação de Deus, independentemente do que os sentidos físicos expressem, só pode refletir a natureza e a perfeição de Deus. Ele disse no Sermão do Monte: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mateus 5:48).
A oração de Jesus era sustentada pelo poder do Cristo, a Verdade. Imediatamente, o homem foi curado e pôde andar. O desespero que aquela pessoa sentia todos os dias foi substituído por uma nova perspectiva e por uma nova experiência de vida.
Podemos aprender com esse exemplo. É interessante observar que, quando adquirimos uma perspectiva nova e oramos, isso naturalmente nos motiva a analisar alguns de nossos pensamentos antigos, especialmente aqueles que temos repetidamente. Todo e qualquer pensamento que nos desvaloriza tem de ser contestado com a verdade pura — com a inteligência do Cristo e a benevolência de Deus. Isso traz inspiração renovada e nos indica em que devemos concentrar nosso pensamento.
É interessante observar quantas vezes, ao longo do dia, pensamos em algo que representa uma crítica destrutiva a nós mesmos, ou aceitamos alguma outra mentira chocha e muito antiga sobre o filho de Deus. Cada vez que nos deparamos com esse tipo de pensamento e com o sentimento depressivo que o acompanha, podemos adotar uma nova prática: a de deixar que a perspectiva nova, originada em Deus, o substitua.
De pensamento em pensamento, assim passam nossos dias. Se formos vigilantes, o poder da bondade ilimitada de Deus pode anular cada mentira a nosso respeito. É fácil detectar a sutileza do diálogo interno prejudicial e não nos deixarmos enganar por ele, quando reconhecemos esta verdade espiritual: qualquer pensamento ou sentimento que insinue que nós estejamos separados do bem, que é Deus, não deve ser aceito. Por quê? Porque Deus nunca nos transmitiria tal conceito e, por isso, não temos a obrigação de aceitá-lo.
“O Cristo é a ideia verdadeira que proclama o bem, a mensagem divina de Deus aos homens, a qual fala à consciência humana”, lemos em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (Mary Baker Eddy, p. 332). Sempre que ouvirmos, percebermos ou sentirmos uma mensagem nova de Deus, sentiremos juntamente com ela um pouco do amor e da paz de Deus. Podemos então permitir que o que Ele diz tenha total poder sobre nós, e será percebido em maneiras totalmente novas de pensar e agir.
Para um novo começo, tente uma nova inspiração. Deixe que uma brisa nova e fresca invada seus pensamentos. O Cristo, a Verdade, afasta as perspectivas ultrapassadas e o medo recorrente, abrindo assim caminho para o poder terno e sanador de Deus.