Na Páscoa, os cristãos do mundo todo comemoram a ressurreição de Jesus. Para muitos, essa época tem um significado maior do que o de um evento distante na história. Para os estudantes da Ciência Cristã, o glorioso triunfo do Mestre cristão, aquele que mostrou o Caminho, aponta para uma radiante possibilidade atual. A vitória de Jesus sobre a morte revela a todos como podemos diariamente passar pela experiência da ressurreição. Esta ocorre quando nos elevamos acima das crenças sepulcrais, que tendem a reforçar a convicção do mundo sobre a mortalidade, e compreendemos a liberdade que decorre de voltarmos o pensamento para a Vida e a Verdade imortais, isto é, Deus.
Antes dos acontecimentos celebrados na Páscoa, Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. …e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente” (João 11: 25, 26). O Mestre não se referia a acreditar nele como personalidade humana, mas em aceitar o que sua vida e curas provavam — a ideia-Cristo, que ele incorporava, e que eleva a humanidade acima do terrenal e mortal até a consciência do existir imortal.
A Descobridora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, explica isso em seu livro A Unidade do Bem: “Elevar-se acima da evidência falsa, e chegar à evidência verdadeira da Vida, é a ressurreição que se apropria da Verdade eterna” (pp. 60–61). Cada um de nós pode provar o significado prático da ressurreição, elevando-se acima de crenças falsas e limitadoras até à verdade que cura, demonstrada por Jesus. A Ciência Cristã ensina a verdade de que a vida não está, nem nunca esteve, sepultada na matéria.
Compreender a ideia-Cristo, e no sentido prático vivenciar a ressurreição, requer mais do que admitir que o Messias veio séculos atrás. Começa com a compreensão de que o Cristo é a verdadeira ideia espiritual de Deus, e de que, portanto, a natureza do Cristo se expressa no homem. Seguir os ensinamentos do Mestre é recusar-se a aceitar que a crença na mortalidade possa nos aprisionar, porque Jesus provou que a mortalidade não existe. A Ciência Cristã revela que nossa única existência está em Deus e é de Deus, a Vida divina, provando que também hoje é possível demonstrar a ressurreição espiritual.
O mundo precisa urgentemente de um senso prático da ressurreição, e que eleve a humanidade acima da crença coletiva em uma vida submersa na materialidade, na ignorância a respeito do poder e da paz de Deus. A Ciência Cristã rompe toda atração hipnótica pela vida baseada na matéria como fonte de satisfação, — atração essa que faz falsos deuses dos meios e métodos humanos como soluções que, em última análise, se demonstram enganosas.
A Vida no Espírito e do Espírito, Deus, como Jesus comprovou, é a substância de nossa verdadeira identidade; e aquilo que é mortal, limitado e sente medo, não faz parte de nós. O errôneo senso de identidade desaparece, à medida que compreendemos e melhor expressamos as qualidades provenientes da natureza divina. Esta é a ressurreição de cada dia: permitir que a ternura e a compaixão dissolvam o rancor e solucionem conflitos graças ao poder do perdão; permitir que o amor aumente a ponto de dissolver o medo e o ódio; e vencer a doença com o reconhecimento de que a saúde e a sanidade são naturais e permanentes.
Jesus passou pela experiência da ressurreição a sós com Deus. Ele não dependeu de mudanças nas circunstâncias políticas ou pessoais. No jardim do Getsêmani, na noite anterior à crucificação, ele sabia que, mesmo sem qualquer apoio humano, seguiria em frente e provaria para toda a humanidade que a vontade divina é sempre boa e que o Amor divino é o poder ressuscitador — é a lei de Deus.
Nada pode impedir que, em nosso dia a dia, sintamos esse poder ressuscitador, sejam quais forem as circunstâncias pelas quais estejamos passando. Podemos reivindicar nossa independência do materialismo e da mortalidade, porque somos o reflexo de Deus, somos um com o Espírito divino. Essa relação direta com Deus nos permite sentir a vida espiritual e suas bênçãos aqui e agora. Somos, então, libertos da ilusão de estarmos soterrados por supostas leis materiais que parecem ter poder sobre nós, e reconhecemos a supremacia da lei de Deus. Sempre que admitimos esse fato, provamos que a matéria não tem poder de sepultar a nós nem a ninguém, e dessa forma o pensamento ressuscita para uma nova percepção da realidade.
Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy explica: “O efeito dessa Ciência consiste em sacudir a mente humana, levando-a a uma mudança de base, sobre a qual possa ceder à harmonia da Mente divina” (p. 162). Essa mudança de base resulta de avaliarmos o que é que consideramos como a suprema e única fonte da vida. É uma lição prática sobre a ressurreição — a mudança de pensamento que nos torna mais claramente conscientes de Deus como a Vida divina, e nos eleva acima de qualquer pensamento de morte. O Cristo está presente hoje em nosso cotidiano, mostrando que o amor de Deus por nós é a realidade espiritual, e que nunca podemos estar separados desse amor. Nosso coração e nossa mente se abrem ao poder de Deus. Muda nossa perspectiva sobre a realidade, e muda nossa experiência; é a ressurreição posta em prática.
Larissa Snorek
Redatora-Adjunta
