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Original para a Internet

O suficiente para todos

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 2 de outubro de 2023


A Bíblia apresenta muitos relatos de pessoas que tiveram suas necessidades satisfeitas por Deus, após seus recursos materiais terem acabado. Os israelitas famintos e com sede receberam maná, codornizes e água durante o êxodo do Egito; a exilada Hagar encontrou um poço no deserto; Elias e a viúva de Sarepta foram alimentados durante a seca; o suprimento de óleo de outra viúva foi multiplicado para que ela pudesse pagar sua dívida.

A Bíblia não conta essas histórias para nos entreter com milagres de muito tempo atrás, mas para nos assegurar que podemos confiar em Deus para cuidar de nós também. Ao abrir o coração para a confiança no cuidado amoroso de Deus, também nós veremos nossas necessidades sendo satisfeitas.

A verdade espiritual que cheguei a compreender é que o bem não é limitado, pois Deus não é limitado. Referindo-se aos filhos de Israel, em sua jornada para a Terra Prometida, Mary Baker Eddy diz: “Existe hoje o perigo de se repetir a ofensa dos judeus, limitando o Santo de Israel e perguntando: ‘Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?’ Existe alguma coisa que Deus não possa fazer?” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 135).

As notícias atuais relatam um mercado de trabalho competitivo e escassez de trabalhadores, falta de acesso a uma moradia digna, problemas na cadeia de abastecimento, os quais resultam em prateleiras vazias no comércio, e uma inflação que corrói o poder de compra. Quando aceitamos esse quadro como realidade, começamos a temer que o suprimento do bem possa acabar. Mas o fato espiritual é que Deus, o Espírito, o bem onipotente e onipresente, preenche todo o espaço, portanto nada pode nos faltar. Quando nos voltamos para a lei de Deus, podemos provar que toda necessidade é satisfeita exatamente no lugar e na hora em que ela surge, porque Deus, o Amor infinito, está continuamente abençoando Sua criação.

Já passei por várias situações que me mostraram que sempre há uma solução para alguma aparente falta, quando compreendemos que a lei de Deus satisfaz a todas as necessidades. A primeira vez em que vi essa lei em ação, foi quando eu era criança. Certa vez, quando minha família não tinha dinheiro para reabastecer nosso depósito de carvão para aquecer a casa, o carvão foi entregue em nossa casa por engano. O entregador pediu desculpas e perguntou à minha mãe se nos importaríamos de ficar com o carvão. Ela respondeu que não tínhamos dinheiro para pagar, mas ele disse que estava tudo bem e que poderíamos pagar mais adiante.

Anos depois, quando meu marido estava estudando em uma universidade em outra cidade, todas as nossas necessidades foram satisfeitas de maneira maravilhosa. Encontramos alguém para ficar cuidando de nossa casa, para que toda a família pudesse acompanhar meu marido, e o aluguel que recebemos cobriu o pagamento da hipoteca. Conseguimos até comprar um piano, para que nosso filho pudesse continuar as aulas e o vendemos no mesmo dia em que voltamos para casa.

Em outro momento de sua carreira, meu marido sentiu que devia pedir demissão por questões éticas. Ele ainda não havia encontrado outro emprego e estava preocupado sobre encontrar trabalho. Eu estava confiante de que ele poderia fazer o que achava correto, sem medo de consequências negativas. A Bíblia traz a promessa: “Pois disseste: O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda” (Salmos 91:9, 10).

Poucos dias depois de ter pedido demissão, meu marido recebeu o telefonema de um conhecido, indicando uma vaga perto de nossa cidade natal. Uma semana depois de candidatar-se e fazer a entrevista, ele foi contratado. Isso realizaria o sonho que tínhamos de morar perto dos pais dele e de poder desfrutar de uma região de grande beleza natural.

Contudo, não tínhamos muito prazo para encontrar uma casa e nos instalar em tempo para ele começar no novo emprego. Explicamos ao corretor que não importava o estilo e a condição da casa; nós precisávamos apenas de um lugar com quartos para cada um de nossos três filhos e espaço para meu piano. Contrataríamos alguém para fazer a reforma que fosse necessária.

Passamos o fim de semana vendo todas as casas à venda, mas nenhuma atendia nossas necessidades. Eu disse à família que não desanimassem e que a busca ainda não tinha acabado. Eu sabia que a lei de Deus estabelece que a oferta é igual à procura; que a abundância é o resultado dessa lei em ação. Eu também tinha fé em que Deus não daria um emprego novo, sem também nos proporcionar um lugar para morar. Deus nunca faz as coisas pela metade.

Um verso de um hino foi de grande ajuda para eu me manter firme nessa compreensão: “Céu, lar, são teus, peregrino na terra” (P.M., Hinário da Ciência Cristã, 278, adapt. © CSBD). Para mim, isso queria dizer que o lar é um conceito espiritual e, quando mantemos esse conceito no pensamento, ele se manifesta em nossa vida. A vontade de Deus é boa e é feita “assim na terra como no céu”, como diz a Oração do Senhor (Mateus 6:10).

Em um domingo pela manhã, na igreja, o comentário de um membro: “O lugar que você precisa, precisa de você”, me deu ainda mais confiança em um bom resultado. Naquela tarde, meus sogros, com quem estávamos hospedados, receberam um telefonema. Uma mulher de uma cidade vizinha ficou sabendo que estávamos procurando uma casa. Disse que tinha uma e queria que a víssemos. Ela não havia conseguido vendê-la e acabara de alugá-la a uma família que precisava desesperadamente de um lugar para morar. Contudo, ela os havia alertado que, se surgisse a oportunidade de vendê-la, eles teriam de se mudar.

Isso nos trouxe um dilema. Se decidíssemos comprar a casa, uma família seria desalojada. Esse pensamento me deixou inquieta, mas como eu sabia que Deus é o bem onipresente, que preenche todo o espaço e abençoa a todos de maneira imparcial, decidi confiar na lei de Deus, na certeza de que essa lei não abençoa um às custas de outro. Visitamos a casa, constatamos que ela satisfazia nossas necessidades e concordamos em comprá-la.

Minha preocupação sobre desalojar a outra família desapareceu, quando lembrei de que a lei de Deus, que inclui o suprimento infinito, abençoa sem limites. “O Amor divino sempre satisfez e sempre satisfará a toda necessidade humana” é o que declara Ciência e Saúde (p. 494). Compramos a casa com total fé em que Deus estava satisfazendo a necessidade da outra família, da mesma maneira que abençoava a nós e, em pouco tempo, sentimos imensa alegria em saber que eles haviam encontrado uma propriedade rural perto da cidade, o que era exatamente o que eles queriam para seus filhos.

Abrir os olhos para ver espiritualmente, como Cristo Jesus via, abre a porta para que o bem flua, como ilustra outra promessa da Bíblia: “Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida” (Malaquias 3:10). 

Eu diria desta forma: “Trazei todos os vossos pensamentos e desejos para o lugar onde o bem reside — no Espírito — e encontrareis todo o necessário”. Essa é a lei de Deus.

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