Um dia, perto da celebração do Halloween (Dia das Bruxas), eu e minha família estávamos passeando e olhando as vitrines de algumas lojas com um casal amigo que tem dois meninos, o mais novo deles com três anos de idade. À medida que ele observava todas as fantasias, máscaras e decorações de Halloween nas lojas, ele ia ficando cada vez mais inquieto e perturbado com suas aparências assustadoras.
Quando seu irmão mais velho colocou uma daquelas máscaras e uma fantasia, isso também não ajudou muito. Mas a situação foi rapidamente resolvida, quando provamos que os temores do menino eram infundados ― e que, na verdade, era o irmão dele que estava dentro da fantasia assustadora. A realidade ficara escondida, ainda que temporariamente, por um disfarce. Assim que o filho do nosso amigo pôde ver além do disfarce usado pelo irmão, seu rosto voltou a se iluminar de felicidade, e pensei: “Que lição maravilhosa pode-se tirar desse fato!” Concluí que, se nós, que somos adultos, lidássemos com circunstâncias assustadoras da mesma forma como lidamos com histórias de monstros e fantasmas, o medo deixaria de nos impressionar.
Enquanto a criança acreditava que as fantasias e as máscaras eram reais, tinha medo daquilo que lhe parecia ser um poder fora do seu controle, que poderia lhe fazer mal. Da mesma forma, os adultos talvez tenham a impressão de que existem poderes que eles não conseguem controlar e que podem lhes fazer mal. O livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, porém, nos assegura que Deus, que é o nosso Criador, e que é inteiramente bom, tem todo o poder: “Não existe poder a não ser o de Deus. A onipotência tem todo o poder, e reconhecer qualquer outro poder é desonrar a Deus” (p. 228).
Tudo o que parece constituir um poder prejudicial — a doença, o acidente, o ódio etc. — não tem mais realidade do que aquelas fantasias na vitrine. Assim como uma fantasia esconde a verdadeira identidade de alguém, o medo pode nos fazer acreditar que esses supostos poderes são reais e podem ocultar a nossa verdadeira identidade, que nos é dada por Deus, identidade essa que é espiritual e inclui toda a perfeição, segurança e amor.
É importante fazer a distinção entre o homem que é a imagem espiritual e perfeita de Deus e aquele que parece ser o homem material e mortal, propenso a temer a matéria e a sofrer em decorrência dela. Lemos na Bíblia: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou… Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom…” (Gênesis 1:26, 27, 31).
Esse homem e essa mulher criados por Deus são sempre espirituais, completos e sem defeito. Nunca somos menos que perfeitos. Quando insistimos em que todos são perfeitos, porque são criados por Deus, estamos declarando que a verdadeira identidade semelhante a Deus, que é tanto a nossa como a de todas as outras pessoas, não pode ficar escondida atrás de uma crença equivocada.
Cristo Jesus nunca se deixava enganar pela aparência exterior daqueles que vinham a ele em busca de cura. Quando ele se encontrou com um homem descrito como sendo “cego de nascença” (ver João 9:1–7), os discípulos perguntaram a Jesus de quem era a culpa pela cegueira do homem. Mas Jesus, que podia ver além da aparência física, respondeu: “…Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus”.
Jesus restaurou a visão do homem por entender que a visão se origina no Espírito e não na matéria ou na história humana e, portanto, é permanente. Jesus olhava para além do que os outros aceitavam como sendo a verdade sobre a situação. Ele era capaz de fazer da forma como aprendemos em Ciência e Saúde: “Temos de examinar profundamente o que é real, em vez de aceitar apenas o senso exterior das coisas” (p. 129). Nossa tarefa é ver a irrealidade da “fantasia” material que parece esconder nossa perfeição espiritual inata.
Não faz muito tempo, tive a oportunidade de colocar essas verdades em prática. Havia se tornado muito difícil eu me movimentar sem sentir fortes dores nas pernas e nas costas. Quando orava, eu me esforçava para “examinar profundamente o que é real”, ou seja, examinar o meu verdadeiro existir, que é o homem criado por Deus. Músculos e ossos não tinham o poder de impedir meu progresso espiritual ou minha compreensão de que a fonte de todo o movimento é o Espírito, Deus.
Nunca a ideia de “tirar a máscara”, que consta do seguinte trecho de Ciência e Saúde, havia significado tanto para mim: “Para derrubar a alegação do pecado é preciso detectá-la, tirar-lhe a máscara, mostrar que ela é uma ilusão e, desse modo, obter a vitória sobre o pecado e provar sua irrealidade” (p. 447). Embora essa passagem se refira à cura do pecado, era realmente como se um disfarce estivesse escondendo minha capacidade, que me fora dada por Deus, de me movimentar livremente e sem dor. Percebi claramente que o objetivo de eu ser a imagem de Deus é representar a Deus fielmente, e que a máscara da dor não poderia esconder minha identidade criada por Deus nem me impedir de alcançar esse objetivo divinamente estabelecido. Eu não poderia ser enganado por uma aparição ilusória sugerindo que o homem seja alguma outra coisa que não a criação de Deus. Consegui ver além da máscara!
Os efeitos dessa compreensão vieram rapidamente ― como se eu tirasse uma máscara para revelar minha verdadeira identidade. Fiquei grato por poder voltar às atividades sem nenhum sinal de dor ou restrição. Essa cura continua completa e permanente.
Assim como os temores de meu jovem amigo desapareceram quando seu irmão tirou a máscara assustadora, nós podemos remover qualquer pensamento que pretenda esconder nossa identidade como filhos de Deus. Aliás, podemos nos regozijar com a liberdade que resulta dessa bela revelação.