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Original para a Internet

A dependência que nos liberta

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 5 de agosto de 2024


Uma das declarações mais citadas dos ensinamentos de Jesus é: “…conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Ela é precedida por esta outra declaração, que é um requisito: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos…” (João 8:31). De acordo com uma versão moderna em inglês, New English Bible, temos os mesmos versículos da seguinte forma: “Se vocês viverem de acordo com a revelação que eu trouxe, serão de fato meus discípulos; e conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”. Mas o que realmente significa conhecer a verdade?

Um ponto de partida para responder a essa pergunta é que todos os ensinamentos de Jesus estavam embasados na verdade de um Deus perfeito e Sua criação perfeita, que inclui o homem. Saber, ou perceber profundamente, essa verdade essencial abrange necessariamente o reconhecimento de que o homem depende totalmente de Deus. Jesus exemplificou essa dependência quando, em um versículo anterior aos mencionados acima, disse a respeito de Deus: “Aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” (João 8:29).

A verdade sobre nossa relação de plena dependência de Deus repousa no fato de que Deus é nosso divino Pai-Mãe, nosso Pai e nossa Mãe, é totalmente bom, todo-sábio, sempre presente, todo-poderoso e indubitavelmente confiável. Um motivo, pelo qual é primordial compreender essa relação, é que ela vai contra muito do que o mundo vê como um relacionamento típico entre pais e filhos. Pais e mães humanos se alegram com os primeiros passos de um filho. Esses primeiros passos são símbolos das centenas de maneiras pelas quais cada um de nós vai aprendendo, aos poucos, a ser independente.

No entanto, essa independência é, sob diversos ângulos, o exato oposto do modo como Jesus compreendia sua relação com Deus, e de como nós, também, deveríamos perceber a relação que temos com o Pai por sermos Seus filhos. Novamente, no Evangelho de João, lemos as palavras de Jesus: “Eu nada posso fazer de mim mesmo…” (5:30). Dependência total!

Para Mary Baker Eddy, que descobriu a Ciência dos ensinamentos de Jesus, esse aspecto da relação entre Deus e o homem é fundamental para a compreensão de quem realmente somos. Ela explica: “A Mente divina, que fez o homem, mantém Sua própria imagem e semelhança” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 151). Esse cuidado é eterno, e podemos depender dele permanentemente. Os termos que a Sra. Eddy usa, ao longo de todos os seus escritos, para explicar nossa relação com Deus, enfatizam essa dependência. Deus, a causa; o homem, o efeito. Deus, o Criador; o homem, a criação.

Ciência e Saúde esclarece: “Pai-Mãe é o nome da Deidade, que indica a terna relação que Ele tem com Sua criação espiritual. Como o Apóstolo disse, citando com aprovação as palavras de um poeta clássico: ‘Porque dEle também somos geração’ ” (p. 332).

Será que “conhecer a verdade” é uma atividade mental que podemos “acender”, como se houvesse um interruptor? É claro que não. É uma das atividades mais desafiadoras e gratificantes nas quais podemos nos empenhar. Não é um esforço intelectual. É mais um esforço do coração do que da cabeça. Conhecer é entender o que algo realmente é, reconhecer sua própria essência. Conhecer a verdade sobre nossa dependência total de Deus é sentir que somos inseparáveis de nossa fonte, o Amor divino.

As verdades que devemos saber sobre nós mesmos fluem, todas elas, da consciência que temos dessa dependência — verdades que se tornam cada vez mais visíveis como resultado de aprofundarmos nossa compreensão sobre Deus como nossa Mente, de Deus como nossa Alma, de Deus como nossa Vida, e de reconhecer a Deus como nosso defensor, nosso provedor, nosso único Pai e Mãe. Em tais verdades está nossa imortalidade como o reflexo da Vida divina.

“Conhecer a verdade” é alinhar o pensamento à essência dos ensinamentos de Jesus. Ciência e Saúde capta essa essência, sintetizada em três declarações simples nas quais Jesus descreve sua identidade eterna, o Cristo. Na página 333, lemos: “Jesus se referiu a essa unidade de sua identidade espiritual, dizendo: ‘Antes que Abraão existisse, eu sou’; ‘Eu e o Pai somos um’; ‘O Pai é maior do que eu’ ”.

Ser um com Deus é o modelo que Jesus deixou para todos nós. O conhecimento de que somos um com Deus nos ajuda muito a vencer o senso de que temos uma mente ou um ego separados de Deus. Para sermos espiritualmente científicos, podemos até mesmo chegar a dizer “eu e meu Pai é um” — ressaltando a unidade total que cada um de nós tem com nossa fonte.

No início de meu segundo ano na universidade, um tornozelo quebrado me fez ficar de cama, e eu queria muito ser curado rapidamente. Ao orar, comecei a ponderar qual era aquela verdade especial que Jesus prometeu que me libertaria. Estudando o livro de João, comecei a entender o significado mais profundo que Jesus dava ao termo Pai — que ele frequentemente usava para Deus. Aliás, mais tarde percebi que, no Evangelho de João, Jesus usa o termo Pai com mais frequência do que a palavra Deus.

Compreendendo que, por ser nosso Pai, Deus é a fonte contínua do existir, comecei a entender o que significa ser a semelhança de Deus — nunca separado da fonte, meu Pai-Mãe, e totalmente proveniente dela.

Junto com essa descoberta, veio a cura completa do tornozelo. Conforme meu pensamento mudou e passei a me identificar como a criação totalmente dependente de Deus, meu corpo sarou. Desde essa época, tenho alcançado uma compreensão mais profunda de que não existe somente uma “verdade especial” que nos liberta, pois cada verdade ou ideia espiritual que compreendemos tem um efeito de cura. E todas as verdades sanadoras fluem de Deus, estão alicerçadas no fato de que Ele é Tudo e incluem nossa total dependência dEle. Sou grato por ter chegado a reconhecer o valor dessa relação com Deus, reconhecimento que me acompanha na vida, e que me libertou naquela ocasião.

Cristo Jesus nos ensinou como é importante não cairmos na armadilha de vermos a nós mesmos como a fonte do que quer que seja. Reconhecer a Deus como a única fonte, e saber a verdade sobre nossa própria identidade, totalmente dependente dessa fonte, é o que nos liberta.

John Tyler
Redator Convidado

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