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Original para a Internet

A mensagem da Bíblia: discutir a respeito dela ou lutar por ela?

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 2 de dezembro de 2024


Um ponto que a Bíblia deixa claro desde o início é que Deus tem algo a dizer. Deus quer ser conhecido. Deus quer que ouçamos a mensagem divina e sejamos por ela ajudados. O que também vemos desde o início da Bíblia, porém, é que, quando a Palavra de Deus é transmitida, a tendência humana é discutir a respeito dela, em vez de acatá-la. Aliás, o primeiro relato bíblico sobre uma mensagem divina por escrito remete à ocasião em que Deus dá a Moisés os Dez Mandamentos gravados em duas tábuas de pedra. Quando Moisés se dispõe a transmitir aos israelitas a mensagem divina, encontra o povo agindo de maneira tão oposta a Deus que, em um acesso de fúria, reduz as tábuas a pedaços. Às vezes parece que, desde esse episódio, as religiões vêm se fragmentando devido às discordâncias a respeito de como a Palavra de Deus deve ser compreendida e vivida.

A descoberta da Ciência Cristã lança uma luz sem igual sobre essas questões bíblicas e traz a reforma necessária de como a Bíblia pode ser lida e compreendida. Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, compreendeu que os chamados milagres bíblicos, quando considerados em conjunto, em realidade revelam — anunciam — a lei subjacente do bem, do poder e do amor de Deus. Por ela mesma ter sido curada e posteriormente ter curado outras pessoas, a Sra. Eddy percebeu que os acontecimentos contidos na Bíblia revelavam que Deus é o Princípio divino sempre atuante.

A ação dessa lei de Deus, o bem, é evidente ao longo de toda a Bíblia, principalmente no Cristianismo que Jesus trouxe à luz e ensinou a seus seguidores. Como explica a Sra. Eddy: “Jesus deu aos seus discípulos (alunos) poder sobre todas as formas de doenças; e a Bíblia foi escrita com o propósito de que todos os povos, em todas as épocas, tenham a mesma oportunidade de se tornarem alunos do Cristo, a Verdade, e assim serem dotados por Deus de poder (o conhecimento da lei divina) e de ‘sinais’ que se seguem” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos], p. 190).

Quando constatamos que o poder do Cristo, tão evidente na Bíblia, pode ser compreendido e aplicado ainda hoje em nossa vida de maneira a trazer cura por meio da Ciência do Cristo, passamos a ler a Bíblia com outros olhos. Não mais a lemos somente no esforço de entender o que o texto está dizendo, ou pensando em como foi traduzido, ou qual o contexto histórico em que foi escrito ­— tudo isso pode ser muito útil, mas é secundário. Acima de tudo, lemos para vivenciar em primeira mão o poder de Deus, o qual nos é revelado graças a Seu amor por nós. Isso faz da Bíblia uma amiga, um guia para hoje e para o futuro.

Às vezes é difícil para as pessoas de fé terem uma conversa franca sobre a Bíblia. Há a tendência de querer defender o próprio ponto de vista a respeito dela. Ou talvez simplesmente evitemos falar sobre os momentos de frustração em que sua mensagem parece impenetrável. Se aceitarmos por um momento que a Bíblia realmente tem um significado espiritual que nos capacita a viver como filhos de Deus, e que ela inclui a autoridade que os herdeiros do Espírito infinito devem ter sobre a doença e as limitações da matéria, então, não valeria a pena lutar de todo o coração por essa compreensão?

Temos de ansiar pelo bem. Temos de ter sede pela Verdade. Certamente não podemos nos dar ao luxo de nos distrairmos com debates sobre a forma da mensagem, enquanto a energia vibrante da mensagem está tão próxima. Como Jesus certa vez disse: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mateus 22:29). O Mestre não queria que apenas conhecêssemos as palavras da Bíblia; ele sabia que o mais importante era vivenciar a realidade e o poder de Deus, dos quais as palavras dão testemunho.

Há muitos anos, quando minha esposa e eu estávamos planejando nosso casamento, nos reunimos com o pastor que iria realizar a cerimônia. Embora ele quisesse ouvir o quanto minha noiva e eu nos amávamos e o muito que tínhamos em comum, ele focou uma pergunta específica, que me ficou em mente durante os mais de quarenta anos de casamento. Ele nos perguntou: “Quando surgem desentendimentos, como acontece nas relações humanas, como vocês lidam com eles?”

A pergunta nos lembrou de que a maneira como lidaríamos com as divergências era muito mais importante do que saber quem estava certo em uma determinada questão. O motivo pelo qual estávamos assumindo o compromisso do casamento era descobrir o que poderíamos construir juntos a partir do cuidado desprendido de um pelo outro, da alegria em comum, da confiança mútua, do apoio ao ponto de vista um do outro e do amor. Se o foco fosse saber quem está certo e quem está errado, o que estaria errado seria o casamento em si.

Em uma época em que as pessoas anseiam profundamente por soluções espirituais para os desafios da vida, seria interessante que aqueles que encontraram conforto na mensagem da Bíblia se perguntassem: “Quando outros têm uma visão da Bíblia diferente da minha, ou preferem outra tradução, como podemos conversar a respeito disso?” É provável que daqui a quarenta anos as pessoas que olharem para trás não irão se perguntar quem ganhou a discussão a respeito das traduções da Bíblia. Elas irão querer saber se as pessoas de hoje conseguiram, ou não, comprovar que a mensagem espiritual da Bíblia de fato traz cura para a vida das pessoas.

Scott Preller 
Membro da Diretoria da Ciência Cristã 

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