Será que estamos aprendendo que Deus não só ama, mas é o próprio Amor? Quando compreendemos isso, constatamos que faz parte da natureza imutável de Deus propiciar amor. Nada poderia persuadir a Deus para que deixasse de cuidar de qualquer um de nós, mesmo que por um só instante. Estas palavras de Deus se aplicam, e sempre se aplicarão, a cada um de nós: “Com amor eterno eu te amei…” (Jeremias 31:3).
O toque sanador desse Amor divino deve ter sido sentido profundamente por uma mulher apanhada em flagrante adultério, quando Jesus, que expressava claramente o amor de Deus, recusou-se a condená-la e recomendou: “…vai e não peques mais” (João 8:1–11). Apenas alguns minutos antes, ela estava nas mãos de uma turba que julgava ter uma moral elevada. Agora, ela estava completamente segura, sem ser condenada pelo único indivíduo que poderia estar qualificado para condená-la, visto que somente ele, Jesus, estava “sem pecado” (ver Hebreus 4:15). Em vez disso, Jesus, o indivíduo que expressava mais amor espiritual dentre todos os outros — esse coração em que mais transparecia a grandiosa graça de Deus — percebeu claramente que essa mulher era capaz de reconhecer e de agir de acordo com sua capacidade inata de parar de pecar.
O mesmo se aplica a nós atualmente, quando nos debatemos, como aquela mulher, com algum comportamento que não reflete um nível elevado de moralidade em nossa vida. O Cristo, a ideia espiritual de Deus que animava Jesus em tudo o que ele dizia e fazia, está silenciosamente nos assegurando que o Amor divino nos conhece como sua amada prole — sem nenhuma condenação — porque nossa verdadeira natureza criada por Deus está livre do pecado. E é exatamente nessa verdade a respeito de como Deus nos conhece, que nós nos baseamos para pedir, como fez o Rei Davi ao encarar seu próprio comportamento imoral: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável” (Salmos 51:10).
Mesmo que a tentação íntima ou a pressão externa dos amigos nos levem a acreditar no contrário, o coração puro e o espírito inabalável são inerentes a todos nós, por sermos filhos de Deus. Os braços sempre estendidos de nosso Pai celestial estão prontos para nos acolher em Seu abraço onipresente, à medida que deixamos para trás os grilhões do pecado.
Quaisquer que sejam os passos de arrependimento, de reforma e de reparação que se façam necessários, esse crescimento começa com a honesta tomada de consciência daquilo que a materialidade exige de nós, e com nossa disposição de adotar uma posição espiritual firme contra essa pressão da materialidade, por ser esta uma mentira a respeito de como Deus nos criou. Se for o sensualismo que parece se sobrepor a nossa santidade, podemos afirmar a verdade acerca de nossa espiritualidade pura e de nossa inocência como fruto do Espírito divino. Se for a raiva, podemos afirmar e admitir que nós refletimos a clemência de Deus, que engrandeceu o salmista (Salmos 18:35).
Ao nos posicionarmos contra a ideia de que alguma característica material poderia ofuscar a luz espiritual que nos é inata, podemos negar persistentemente a crença de que características que não se encontram em Deus possam, de alguma forma, ser encontradas em Sua imagem espiritual que somos nós. Não existe nenhuma ponte juntando o senso material limitado acerca de nós mesmos e nossa identidade espiritual real.
Mas existe uma ponte que podemos encontrar, se abrirmos nosso coração para ela. É a ponte para sair da crença de que tenhamos uma identidade pecaminosa; esta nos conduz para a libertação. É a renovação moral provocada pela ação purificadora do Cristo na consciência humana. O Cristo fortalece nossas vitórias sobre aquilo que não é correto, revelando que a criação de Deus, o homem, nunca deixa de ser perfeita. Como diz Mary Baker Eddy em uma preleção contida em sua obra Escritos Diversos 1883–1896: “Que o homem possa transgredir a eterna lei do Amor infinito foi, e é, a maior mentira da serpente! …” (p. 123).
A lei do Amor é que o Amor é Tudo e que, como reflexo de Deus, é nossa natureza imutável amar, amar, amar. O Cristo vivo está proclamando essa verdade a toda consciência. Quando cedemos a essa verdade a respeito de nós mesmos e aderimos a ela na forma como pensamos a nosso próprio respeito, bem como na forma como pensamos sobre os outros e interagimos com eles, estamos construindo uma ponte para fora do comportamento imoral.
Ao fazermos isso, podemos ficar alertas e refutar o sussurro da “serpente”, que é uma forma bíblica de descrever a tentação que procura nos seduzir e fazer acreditar que a matéria defina e limite nossa existência. Em seu livro The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos], a Sra. Eddy traça o caminho para fazermos isso. Ela nos dá esta recomendação: “Vigiai e orai diariamente para que as sugestões malignas, sob qualquer disfarce, não criem raízes no vosso pensamento, nem frutifiquem. Examinai-vos a vós mesmos com frequência e vede se há algum obstáculo para a Verdade e o Amor, e ‘retende o que é bom’ ” (pp. 128–129).
Talvez não consigamos alcançar imediatamente a constância que essa recomendação exige. Mas, à medida que retivermos o que é bom, a mente humana abandonará sua resistência autodestrutiva em favor do senso moral e espiritual do bem, e nos encontraremos em nosso habitat natural, como o reflexo legítimo do eterno amor de Deus.
Tony Lobl
Redator-Adjunto