Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer
Original para a Internet

“Adora a Deus”

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 18 de novembro de 2024


O progresso espiritual exige que o pecado da idolatria seja detectado e eliminado.

A idolatria é uma concepção equivocada a respeito do amor. Ela alega ser capaz de separar o amor de sua fonte divina e única — Deus. Ela pode ser reconhecida rapidamente porque em geral segue um de três padrões básicos: (1) adoração que equivale a senso de posse, (2) adoração de si mesmo ou (3) adoração por alguma pessoa.

A idolatria deve ser eliminada, não só porque viola os dois primeiros mandamentos (ver Êxodo 20:3–6), mas também porque é fonte prolífica de angústia e sofrimento. Além disso, ela pode sufocar, obstruir e até mesmo travar o progresso humano.

Os três primeiros Evangelhos do Novo Testamento contêm o relato de um jovem rico que procurou Cristo Jesus, indagando sobre como obter a vida eterna. O Mestre, querendo testá-lo, perguntou-lhe: “Por que me chamas bom?” Em seguida acrescentou: “Ninguém é bom senão um, que é Deus” (Marcos 10:18). Depois, questionou o jovem a respeito dos Mandamentos e citou especificamente alguns, embora, curiosamente (o registro em todos os três Evangelhos é idêntico quanto a este ponto), Jesus não tenha feito nenhuma referência àqueles que proibiam a idolatria. O jovem respondeu que ele sempre havia guardado os Mandamentos. Será que sua resposta resultou de um senso da justi presunção de uma retidão pessoal? Por fim, quando o Mestre ordenou que ele vendesse seus bens e desse o dinheiro aos pobres para ter um “tesouro no céu” (Marcos 10:21), o jovem foi embora triste, incapaz de obedecer a essa ordem. Quão grande deve ter sido seu amor por coisas materiais!

O amor desmedido por coisas, ou seja — pela posse de bens materiais — não diminuiu desde a época do Mestre. Os ídolos ainda estão muito em evidência: casas, carros, barcos, aviões, peles, joias. E dinheiro! 

Embora a aparência dos ídolos possa mudar de tempos em tempos, o medo e a ganância ainda constituem a base para a adoração de coisas inanimadas. A raiz desse medo e dessa ganância é a crença de que o homem seja uma entidade independente, separada de Deus, o bem. As pessoas que sofrem dessa crença enganosa debatem-se às cegas, em busca de segurança, satisfação, felicidade e poder. Elas acreditam que esses desejos possam ser satisfeitos por meio da aquisição de coisas materiais. Mas isso é impossível. Poder, felicidade, satisfação e segurança são qualidades espirituais e nunca podem ser encontradas na matéria, por maior que seja o acúmulo de coisas materiais. As qualidades espirituais pertencem eternamente a Deus e são refletidas para sempre por Seu filho amado, o homem espiritual.

Aqueles que estão familiarizados com a Ciência Cristã e que compreendem um pouco seus ensinamentos quanto ao fato de que o homem é inseparável do bem, não serão propensos a se enganar, adorando a posse de bens materiais. Eles aprenderam que todo o bem provém de Deus e que esse bem é eternamente refletido, nunca acumulado. Mas o erro de adorar o próprio ego nem sempre é tão facilmente discernido.

Sob o disfarce de ser algo bom, apesar de sua natureza altamente enganosa, essa forma de idolatria está frequentemente por trás de uma estrita obediência à letra da lei, mas negligenciando o espírito da lei. Isso confundiria o crescimento espiritual da pessoa, enganando-a e fazendo-a acreditar que qualquer tipo de bem que ela manifeste seja uma qualidade pessoal e não o reflexo divino. Mas a idolatria pode ser reconhecida por seus efeitos: por exemplo, a crítica destrutiva dos outros, a obstinação e a justificação própria. Escondidas sob o rótulo do bem, essas são apenas algumas das ramificações enganosas da adoração de si mesmo, do próprio ego. 

O amor ao ego pode ser eliminado, quando a pessoa está humildemente disposta a levar a sério a pergunta do Mestre: “Por que me chamas bom?” E a adoração do próprio ego bem como a adoração do ego de outra pessoa, podem ser curadas pela verdade espiritual: “Ninguém é bom senão um, que é Deus”.

O Evangelho de Marcos difere dos outros dois porque faz esta interessante observação da atitude do Mestre para com o jovem rico: “E Jesus, fitando-o, o amou...” (Marcos 10:21).  Quão gentil e compassivo deve ter sido o comportamento do Mestre para com aquele que estava obviamente tão confuso em seu conceito de amor. Jesus, que amou como nunca antes alguém havia amado, que compreendia, como ninguém compreendera antes, a natureza de Deus como sendo o próprio Amor,  e cuja vida inteira foi a expressão do amor ao próximo, olhou para esse jovem e “o amou”. Quão óbvio deve ter sido para todos, o amor que ele sentia por aquele jovem!

Não seria essa uma indicação da grande necessidade de amor e compaixão ilimitados por parte daqueles que tentam se desvencilhar da idolatria ou ajudar outros a sair do labirinto da idolatria?

Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy apresenta um teste que pode ser de ajuda inestimável para reconhecermos e eliminarmos a idolatria. “Para nos certificarmos de nosso progresso,” ela diz, “precisamos saber onde estão nossos afetos e a quem reconhecemos e obedecemos como Deus” (p. 239). 

À primeira vista, isso talvez pareça um teste muito simples e fácil. Mas será? Se o indivíduo que está em busca da verdade for honesto, sincero e estiver disposto a fazer um autoexame desse tipo, ele pode mergulhar nas profundezas da consciência humana, pôr a descoberto e destruir todas as formas de idolatria — inclusive a mais insidiosa de todas — a adulação pessoal.

A maioria de nós está disposta a logo admitir “onde estão nossos afetos” — mesmo quando estamos cientes de que alguns afetos talvez estejam no lugar errado. Mas é preciso um exame profundo do coração para começar a se perguntar: a quem reconheço e obedeço como sendo Deus?

A oração consagrada, a humildade e o desejo sincero de progresso espiritual são muitas vezes necessários antes que o pecado da “adoração pessoal” ou da adulação pessoal possa sequer ser detectado. Talvez de todos os pecados este seja o mais sutil e autoenganador. No entanto, ao longo dos tempos, sabe-se que a idolatria sob a forma de adoração pessoal tem obstruído o progresso de indivíduos, igrejas e até de nações. Isso “enganaria até os eleitos” (Mateus 24:24) — aqueles que amam e honram a Deus e não O abandonariam conscientemente, entronizando uma pessoa em Seu lugar.

Afinal, muito embora cada indivíduo seja responsável por si mesmo — por seus próprios pensamentos e ações — aqueles que ocupam altas posições de confiança, tais como os praticistas e os professores da Ciência Cristã, têm uma especial responsabilidade moral. Juntamente com o exemplo dado pelo Mestre, de repreender a adulação pessoal manifestada pelo jovem rico, eles têm o exemplo dado por sua Líder. A esse respeito, uma  biógrafa da Sra. Eddy escreveu: “O engrandecimento e a glorificação estavam ao alcance dela, bastando que ela retirasse sua mão da mão de Deus” (Julia Michael Johnston, Mary Baker Eddy: Her Mission and Triumph [Mary Baker Eddy, sua missão e triunfo] (Boston: The Christian Science Publishing Society, 1946), p. 116). Mas ela não fez isso! 

Na esteira de sua própria firme recusa a aceitar a adulação pessoal, veio a conscientização da necessidade de ela proteger seus seguidores, tanto quanto possível, da tentação de pessoalizar a fonte do bem. Na mesma página da mesma biografia, lemos: “Examinando cuidadosamente a estrutura de seu movimento, onde quer que este se apoiasse em uma pessoalidade, ela removeu essa parte e deixou somente as partes fundamentadas no Princípio”.

Ao longo de todos os seus escritos, ela adverte os alunos para estarem alertas à alegação insidiosa da idolatria pessoal. Em um artigo intitulado “Deificação da pessoalidade” em Escritos Diversos 1883–1896 (ver pp. 307–310) e em um outro artigo intitulado “Contágio pessoal” em The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos], ver pp. 116–118), ela repreende veementemente o erro da adulação pessoal, apontando algumas das formas que ela assume e os perigos que ela envolve, quando tolerada.

Quando o aluno percebe que, tanto o Mestre quanto a Sra. Eddy, foram compelidos a apontar esse erro, ele fica mais disposto a examinar-se frequentemente para ter a certeza de que sua fé e sua confiança estão no Princípio, e não na pessoa. “Um tipo de fé”, nos diz a Sra. Eddy, “confia nosso bem-estar aos outros. Outro tipo de fé compreende o Amor divino e sabe como trabalhar pela nossa salvação ‘com temor e tremor’ ” (Ciência e Saúde, p. 23).

Será que tenho mais fé na compreensão espiritual de outra pessoa do que na minha própria? alguém pode se perguntar. Uma resposta afirmativa talvez indique, não humildade, mas idolatria.

Mais questionamentos nesse sentido podem ocorrer: estou confiando no Princípio ou na pessoa? Será que recorrer a um praticista da Ciência Cristã em momentos de necessidade indica que estou confiando meu bem-estar a outra pessoa e não trabalhando para minha própria salvação? Não, certamente que não, na maioria dos casos. Mas a resposta a essa mesma pergunta também pode — às vezes — ser sim. Como saber qual é qual? Verificando corretamente nosso progresso — estando dispostos a responder honestamente à pergunta: a quem reconheço e obedeço como Deus? Além disso, talvez seja bom nos perguntarmos ocasionalmente: estou recorrendo ao praticista para me ajudar em meu progresso espiritual ou apenas para a cura física? Estou disposto a denunciar e corrigir os pensamentos errôneos? Será que meu desejo é glorificar a Deus, compreendendo que a doença não tem substância, é impotente, não existe, não tem origem, continuidade nem evidência? Estou disposto a reconhecer que Deus é Tudo-em-tudo e a esforçar-me humildemente para chegar a um senso mais claro de meu relacionamento com Ele? Estou recorrendo a um praticista, a fim de obter uma consciência mais clara acerca do domínio espiritual, eternamente presente e outorgado por Deus? Ou estou enganando a mim mesmo sobre onde se apoia minha fé e chamando um praticista como faria com um médico, apenas para obter a cura física?

O motivo determina a resposta sobre qual “tipo de fé” estamos expressando.

Se, após um exame de consciência, em espírito de oração, a pessoa descobrir que é culpado de idolatria, ela precisa estar alerta para não se condenar. Ao contrário, tem de ficar grata pelo fato de ter sido revelado o impedimento ao seu progresso, pois sua cura trará bênçãos abundantes.

A adulação pessoal é tão antiga quanto o tempo, mas ela perde seu aparente poder sobre aquele que a detecta e a refuta, pois, como todas as formas de pecado, ela é irreal. Na verdade, ela não tem passado, presente nem futuro. Ela nunca tocou o homem real. À medida que alguém reconhece essa verdade espiritual, a tentação de condenar desaparecerá, e aquele que percebeu e abandonou esse falso deus começará a ter consciência de um senso de domínio mais amplo do que jamais teve antes. Ele também poderá descobrir que seu progresso foi acelerado muito além de qualquer cálculo. Ele se sentirá mais forte, mais compassivo, mais alerta. Seu amor não ficará mais no íntimo, apenas. Ele fluirá para todos, partindo do Amor divino. 

Durante sua visão em Patmos, João ficou deslumbrado pela maravilha e pela glória daquilo que havia visto. Em seu mais elevado senso de humildade e gratidão, ele caiu de joelhos para adorar aquele que considerava responsável pelo ensinamento; pessoalizando a mensagem, ele passou a adorar o mensageiro. A repreensão por parte de seu instrutor angelical ressoa através dos séculos, em uma advertência sagrada para toda a humanidade: “Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus” (Apocalipse 22:9).

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

More web articles

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.