“As experiências difíceis comprovam que Deus cuida de nós.” Essa declaração de Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, na página 66, foi muitas vezes uma fonte de confusão para mim. Aprendi na Escola Dominical que meu Pai-Mãe Deus é o Amor infinito, e vivenciei ao longo dos anos algumas ótimas curas que foram o resultado da compreensão dessa relação terna e amorosa. No entanto, eu pensava: “Como então uma experiência difícil — que parece totalmente desprovida de amor e proteção — pode ser prova de que Deus cuida de nós?”
A oportunidade para aprofundar essa questão apareceu quando eu me encontrei diante de profunda tristeza e depressão.
Passei anos buscando um propósito de vida, após concluir a faculdade. Com um diploma em música e formação para atuar em filmes, televisão e teatro, eu pensava que trabalhar na área das artes me traria um senso de realização. Cada oportunidade de atuar era uma satisfação, mas, apesar disso, sempre me invadia uma sensação de vazio.
Comecei a estudar psicologia, pensando que eu conseguiria resolver meus problemas examinando todos os “erros” de minha história mortal, e me concentrando em entender o sofrimento emocional. Motivada pelo medo da perda, comecei um relacionamento que não era moralmente saudável e parecia cultivar uma rotina de abuso emocional. Sentia-me como se estivesse andando na contramão da estrada da vida, sem lugar para fazer um retorno e sem nenhuma outra opção além de seguir em frente. Eu tinha me esquecido de que era Deus quem estava ao volante.
Depois de vários meses, esse relacionamento finalmente implodiu e, sem ainda perceber a bênção desse fato, eu fiquei achando que não havia propósito na vida. Foi nesse momento que meus amorosos pais me incentivaram a procurar um praticista da Ciência Cristã, para que me apoiasse em oração. Esse foi o ponto crucial em minha cura. Por meio de muitas conversas, o praticista me lembrou de minha terna relação com o Amor divino. Esse relacionamento se aprofundou exponencialmente, quando fui guiada a fazer o Curso Primário, um curso de duas semanas sobre a cura na Ciência Cristã.
Como resultado do estudo e da oração, parei de ver a mim mesma como uma mortal cuja história estava repleta de dor emocional, e comecei a despertar para minha realidade de filha de Deus. Eu havia assumido um senso errôneo de responsabilidade por minha vida e por meus relacionamentos, aceitando os frutos da “…árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gênesis 2:9), ao invés de reivindicar minha identidade espiritual e verdadeira, conforme descrita no primeiro capítulo do Gênesis. Eu estava tentando tomar o lugar de Deus como criadora de minha vida.
À medida que meu pensamento começou a se libertar, eu percebi a irrealidade daquilo que fora rotulado como “depressão”. A Sra. Eddy diz em seu livro Retrospecção e Introspecção: “É bom saber, caro leitor, que nossa história material, mortal, é apenas um registro de sonhos, e não da existência real do homem, e o sonho não tem lugar na Ciência do existir” (p. 21).
Com essa verdade no pensamento, eu despertei. Parei de tentar “consertar o sonho”, e aceitei que, como imagem do único Criador, Deus, minha vida era divinamente inspirada, e eu estava sendo orientada a seguir pelo caminho correto, com propósito e realização em abundância.
Dentro de um período incrivelmente curto, Deus me guiou em uma mudança para o outro lado do país. Todas as minhas necessidades foram atendidas, inclusive as daqueles de quem eu me sentia falsamente responsável. Fui inspirada a começar o trabalho na enfermagem da Ciência Cristã. Essa atividade de cuidado e amor tem sido uma fonte infinita de bênçãos, e descobri que meu amor pelas artes se encaixa perfeitamente na enfermagem, em novas e belas maneiras. Eu finalmente consegui compreender que a outra pessoa, no relacionamento que parecia ter sido o centro das experiências difíceis, também fazia parte do meu despertar. Ao ver a mim mesma sob a verdadeira luz, fui capaz de ver a ele também sob a verdadeira luz; e compreendi, com toda certeza, que nenhum dos dois, na qualidade de imagens da pureza e do amor de Deus, poderíamos ser vítimas ou culpados.
Essa clareza trouxe consigo a compreensão do perdão verdadeiro — a aniquilação, no pensamento, de qualquer realidade oposta a Deus, o bem. A liberdade que fruiu do perdão a essa pessoa resultou em uma amizade com base espiritual, pautada por um senso elevado do amor de Deus.
Tudo isso me traz de volta à citação com a qual abri este texto. O trecho todo diz: “As provações ensinam os mortais a não se apoiarem em um cajado material, em uma cana quebrada que traspassa o coração. Mal nos lembramos disso ao sol brilhante da alegria e da prosperidade. As aflições são salutares. É através de grandes tribulações que entramos no reino. As experiências difíceis comprovam que Deus cuida de nós” (Ciência e Saúde, p. 66).
Minhas experiências difíceis despertaram-me para o fato de que elas não eram reais. Ao remover o cajado material que traspassava meu coração, eu vivenciei completamente a alegria, o conforto, o cuidado, a proteção e a satisfação nos braços do Amor. Fui totalmente salva do falso cenário material de depressão, tristeza, mágoa, estagnação e abuso — o sonho de Adão.
Vivendo no reino de Deus, encontrei uma tranquilidade permanente. Descobri um senso mais completo de amor e de amizade. Encontrei minha vocação. Que prova do cuidado de Deus!
Zandréa Krysha
Maryland Heights, Missouri, EUA