No verão passado, em preparação para uma conferência, relacionada ao meu trabalho, comprei um novo par de sapatos. Durante a compra, achei que estava sendo bem assessorado, e atendido com honestidade. Contudo, pouco tempo depois de usar os sapatos, para amaciá-los, fiquei com o calcanhar muito machucado.
Eu queria abordar essa situação metafisicamente, por isso comecei a escutar a Deus. Nessa quietude espiritual, surgiu uma alegação em meu pensamento, de que eu fora crédulo e havia comprado os sapatos errados, pois confiara em alguém que era pago para me vender algo.
Contudo, à medida que pensei mais sobre o assunto, percebi a verdade sobre a situação: por sermos o reflexo de Deus, o Amor divino, nós incluímos tanto a confiança quanto a sabedoria. O Amor divino tudo sabe e tudo vê, e nós refletimos essas características, então nossa confiança nunca é cega. Ela se apoia na compreensão de que a criação do Amor é perfeita e boa, e na humilde disposição de ver nosso próximo como a expressão do Amor. Isso naturalmente nos leva a tomar decisões sábias, que nos mantêm em segurança, e os outros também. Com essa compreensão é impossível ser vítima de confiança equivocada. Só podemos ser recebedores da graça.
Minhas orações, nesse sentido, permitiram que eu visse a mim mesmo, e à vendedora, de maneira correta — como ideias úteis de Deus. Também ficou claro para mim que, se queremos vivenciar o cuidado de Deus, temos de contar com esse cuidado e aceitá-lo, ao invés de encarar tudo com desconfiança.
Quando saí para caminhar, uns dias depois e ainda senti dor, comecei a escutar novamente, em oração. Notei que acalentava a expectativa de expressar qualidades divinas durante as férias que havia planejado após a conferência. Contudo, eu não pensara em considerar a própria conferência como uma oportunidade de expressar qualidades divinas. A partir daquele momento, decidi que usaria a conferência como uma oportunidade de ver a mim mesmo, e a todos, como representantes de Deus, expressando inteligência e produtividade. Não poderia me faltar nada do que fosse necessário para ser representante de Deus, inclusive um par de sapatos confortáveis.
Com essa compreensão fui para a conferência e consegui caminhar confortavelmente. Uma tarde notei que uma bolha havia se formado no calcanhar, mas estava quase completamente curada. Graças às inspirações espirituais recebidas durante minhas orações, foi possível não prestar atenção na bolha. Na manhã seguinte, simplesmente calcei os sapatos. Só depois percebi que a pele no calcanhar estava complemente curada.
Sou grato por essa experiência do cuidado divino. Foi uma evidência de que o Cristo, a verdadeira ideia do Amor, põe o erro a descoberto e comunica a verdade. Basta entrar com confiança no “quarto” da oração, como Jesus ensinou, e ficar em silêncio. O crescimento espiritual que resulta é duradouro, e torna-se um companheiro constante.
Thomas Hösgen
Aachen, Alemanha