Ao observar o esmero do operador da retroescavadeira ao abrir um buraco profundo no gramado, seu colega exclamou com admiração: “Você é um escultor!” Pode parecer estranho referir-se dessa maneira a alguém que esteja operando um equipamento pesado, mas o comentário do colega era sobre a precisão do trabalho de modelar o buraco profundo.
Talvez não sejamos escultores por profissão, mas todos podemos trabalhar com a mesma precisão ao modelar nossos pensamentos. A Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, explica: “Todos nós somos escultores, que trabalhamos em formas variadas, modelando e cinzelando o pensamento. Qual é o modelo que está diante da mente mortal? Será a imperfeição, a alegria, a tristeza, o pecado, o sofrimento? Aceitaste o modelo mortal? Acaso o estás reproduzindo?” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 248).
É fácil aceitar a mentalidade predominante, de que somos meros mortais, que não podem fazer muito para melhorar a própria saúde, felicidade e bem-estar. Há pouco tempo, um amigo que é Cientista Cristão me disse que estava orando a respeito de alguns desafios que vinha enfrentando, mas achava que não estava tendo muito êxito. Costumávamos conversar bastante, e seu amor a Deus era cada vez maior. Contudo, em determinado momento, ele disse: “Ao orar esta manhã, eu me senti muito próximo de Deus. Mas ainda não tive resposta à minha pergunta sobre o que Ele quer que eu faça. Tenho dúvidas”.
Enquanto se dedica a esculpir a pedra, até mesmo o escultor pode ter dúvidas sobre qual será a forma final de sua obra ou quais serão os próximos movimentos a serem feitos; no entanto, ele continua trabalhando, com o desejo de ver o resultado final do esforço genuíno. Isso também se aplica a nós, quando permitimos que nossa percepção a respeito de Deus e de nós mesmos seja reformada, remodelada e espiritualizada. As dúvidas e os temores não determinam o resultado, mas indicam que precisamos elevar ainda mais o pensamento.
Uma forma de elevar o pensamento consiste em observar a vida de Cristo Jesus, esculpida para se tornar um exemplo a ser seguido pela humanidade. Lemos na Bíblia que até mesmo João Batista, que era primo de Jesus, teve dúvidas quanto a Jesus ser o Messias e sobre sua missão de cura. João enviou dois homens para questionar Jesus, que rapidamente dissipou toda dúvida ao curar muitas pessoas de enfermidades e doenças.
O relato continua: “Então, Jesus lhes respondeu: Ide e anunciai a João o que vistes e ouvistes: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres, anuncia-se-lhes o evangelho” (Lucas 7:22). As obras de Jesus dissiparam as dúvidas. Quando enfrentamos obstáculos à nossa fé e ao nosso progresso, nós também podemos eliminar o medo, reconhecendo que as obras de cura de Jesus, bem como todas as curas ocorridas mais recentemente — inclusive as nossas próprias — resultaram da prática daquela Ciência divina que Jesus conhecia.
Eu não tinha a resposta para acabar com o desconforto de meu amigo. Mas eu sabia que Deus é a Mente sempre presente que tudo sabe, a fonte de todas as ideias corretas. Com essa verdade espiritual no pensamento, voltei-me humildemente a Deus, seguindo o modelo de Jesus, e perguntei o que eu poderia dizer a meu amigo. Estas palavras me vieram ao pensamento: “disciplina espiritual”.
Quando meu amigo e eu nos falamos novamente, conversamos sobre a importância de outro livro da Sra. Eddy: o Manual dA Igreja Mãe. O capítulo intitulado “Disciplina”, nesse Estatuto da Igreja, contém orientações inspiradas que nos ajudam a esculpir, e sustentar, pensamentos de paz, harmonia, amor e alegria.
Quando começou a estudar esse Regulamento sobre a disciplina espiritual, meu amigo passou a sentir mais sua união com Deus e mais amor pelos outros. Logo percebeu que estava expressando mais paciência, mais generosidade e passou a sentir a alegria confiante que vem com a cura. Posteriormente, ele comentou que aquele artigo do Manual da Igreja o havia ajudado a encontrar uma felicidade genuína, satisfação pura e seu verdadeiro caráter.
Ao descrever sua nova maneira diária de viver, ele escreveu: “Agora começo o dia orando com base no Manual da Igreja. Essa oração tornou-se uma rocha, um fundamento, para mim. … Fez uma grande diferença em minha vida. Muito mais alegria e menos raiva!” Ao estudar e orar de maneira constante e dedicada com base no Manual, os pensamentos de meu amigo foram remodelados, levando-o a uma direção nova e mais espiritual, e a cura foi o resultado natural desse pensamento mais elevado.
Em outro de seus escritos, a Sra. Eddy inclui um poema de George Washington Doane (1799–1859), escritor americano e bispo da igreja Episcopal. Uma das estrofes diz:
“Escultores da vida todos nós somos,
cada um com sua vida inda por lavrar,
aguardando a hora em que Deus mandar
o sonho da vida por nós passar.
Se, na pedra que cede, então o talhamos
com uma e outra aguda incisão,
nossa será a celestial beleza —
será nossa vida a angelical visão”
(A ideia que os homens têm de Deus, p. 7).
No parágrafo que vem após o poema, a Sra. Eddy orienta: “Para eliminar aqueles objetos dos sentidos chamados enfermidade e doença, temos de convocar a mente a que melhore seus temas e objetos de pensamento e imprima no corpo esses traços melhorados. A descoberta científica e a inspiração da Verdade ensinaram-me que a saúde e o caráter do homem se tornam mais perfeitos, ou menos perfeitos, na medida em que seus modelos mentais sejam mais espirituais, ou menos espirituais. Visto que Deus é o Espírito, nossos pensamentos têm de se espiritualizar para se aproximar dEle, e nossos métodos têm de se tornar mais espirituais para estar de acordo com nossos pensamentos” (p. 7).
Esculpir o pensamento exige que o modelemos com a disciplina espiritual. Fazemos isso quando nos dispomos a abandonar pensamentos errôneos, voltando-nos a Deus para verificar se nosso pensamento está de acordo com a substância do Espírito.
Espiritualizar nossos pensamentos não significa analisá-los com base em teorias humanas, ou tendo em mente a crítica e o ego. Pelo contrário, significa desenvolver um melhor conhecimento do Amor divino, abrindo o pensamento para a única inteligência, a Mente divina — a fonte de cada qualidade espiritual que perfaz o que realmente somos.