Eu tinha apenas dezesseis anos quando, pela primeira vez, fui morar em outro país sem minha família.
Quando meus familiares me deixaram no aeroporto, de onde eu embarcaria para a Noruega, senti um misto de entusiasmo e nervosismo. Essa era uma nova etapa da minha vida, e eu tinha as melhores intenções de me integrar totalmente, de me adaptar à nova cultura e fazer amigos. Mas as coisas não foram tão fáceis assim.
Na escola, todas as aulas eram no idioma local. Por isso, apesar de estar estudando norueguês, eu ainda precisava muito do apoio dos colegas. Comecei a me sentir como um fardo para eles e, apesar de estar me relacionando bem com alguns, eu sentia muita falta da minha família e dos amigos que havia deixado para trás. Além disso, quando via meus colegas de classe com seus amigos, eu me sentia excluída, porque achava que não tinha ninguém tão próximo com quem eu pudesse contar.
Na casa da família anfitriã, era difícil ficar à vontade com eles porque, apesar de me acolherem e me tratarem como se eu fizesse parte da família, sentia-me isolada e triste. Às vezes, ficava desanimada, achando que jamais faria bons amigos ou realmente criaria laços com a família que me hospedava. Pensar o tempo todo que eu sentia falta de minha casa nos Estados Unidos também não ajudava em nada. Estava demorando muito mais tempo, do que eu havia imaginado, para me sentir feliz e integrada.
Contudo, uma constante durante todo esse tempo foi a Ciência Cristã, e me alegrava muito saber que eu sempre poderia contar com Deus, onde quer que estivesse. Entrei em contato com uma praticista da Ciência Cristã e lhe pedi que orasse por mim, porque eu sabia que isso me ajudaria a encontrar um jeito de superar esses problemas. Ela me lembrou que o amor de Deus é eterno, constante. Deus está sempre me confortando e guiando cada passo meu na vida.
Ela mencionou uma citação bíblica que me ajudou muito, e que diz: “…eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8:38, 39). Para mim, isso significava que eu podia sentir o amor de Deus aonde quer que fosse, em qualquer circunstância.
Ela também me lembrou de uma frase que aparece em uma obra de Mary Baker Eddy, a qual também me ajudou: “A gratidão e o amor devem reinar em todo coração todos os dias de todos os anos” (Manual dA Igreja Mãe, p. 60). Percebi que havia muitas coisas pelas quais eu podia ser grata, como, por exemplo, estar em segurança em um lar acolhedor, cercada de pessoas maravilhosas.
Notei que um hino cantado na igreja fala do lar, não como um local físico, que podemos deixar para trás, mas como uma ideia espiritual, que sempre está conosco. O hino começa assim: “O lar é a consciência do bem / Que nos envolve em seu amplo abraço” (Hino 497, Rosemary C. Cobham, Christian Science Hymnal: Hymns 430–603 [Hinário da Ciência Cristã: Hinos 430–603], trad. © CSBD). O que realmente me ajudou foi compreender que sentir a presença confortadora de Deus fazia com que eu me sentisse em casa.
Apesar de eu ter passado algumas semanas me sentindo vazia por dentro, as coisas começaram a melhorar. Comecei a entender melhor o novo idioma, o que permitiu que eu me aproximasse mais dos colegas e da família anfitriã. Novas oportunidades surgiram, quando comecei a dar valor às pequenas coisas — passar noites aconchegantes vendo filmes com essa família, ir à cafeteria ou à biblioteca com meus colegas, apreciar a beleza da cidade e saber que Deus estava sempre comigo, onde quer que eu estivesse.
Ao final do ano de intercâmbio, eu estava muito feliz, graças à compreensão de que o senso de lar não se restringe a sentir-se à vontade em um lugar diferente. Eu não queria mais ir embora da Noruega! Que diferença em relação ao que eu sentira no início daquele ano!
Compreender que Deus é a fonte de todo o bem, e de que nada pode nos separar de Seu amor, transformou completamente essa experiência e minha vida. Levarei essas lições comigo aonde quer que eu vá.
