Frequentemente ouve-se falar no emprêgo da fôrça de vontade como meio de nos livrarmos de um hábito indesejável ou de resolvermos um problema desagradável. Quando a fôrça de vontade é considerada uma possessão pessoal e é empregada com determinação pessoal humana, qualquer bem que pareça resultar disso nunca é satisfatório ou definitivo. O estudante da Christian ScienceNome dado por Mary Baker Eddy à sua descoberta (pronunciado: Crístien Çá'iens). A tradução literal destas palavras é: Ciência Cristã. sabe que expressões tais como esta: “Precisas ter mais fôrça de vontade”, são erradas.
Há, no entanto, um conceito verdadeiro, tanto da vontade como da individualidade, que nos conduz a Deus e fóra do senso pessoal ou individualidade finitas. Do ponto de vista espiritual, não há senão uma Pessoa infinita, isto é, Deus, o Princípio divino, o um e único Ego. Portanto, na verdade absoluta, a nossa verdadeira determinação pessoal é realmente o reflexo da sabedoria de Deus. Desde que só existe uma vontade, a vontade de Deus, a determinacão de expressar aquela vontade nunca é errada, pois trata-se da manifestação da sabedoria de Deus, da sabedoria que invariàvelmente expressa procedimento correto.
No Glossário do Science and Health with Key to the Scriptures (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras), página 597, Mary Baker Eddy define “vontade” em parte como sendo “o poder e a sabedoria de Deus”. A vontade de Deus, a uma e única vontade, é, de fato, um grande e sábio poder. A determinação de agir corretamente nunca deve ser baseada na pseuda fôrça de vontade humana, mas, sim, nêste correto conceito de vontade que Mrs. Eddy nos deu. Referindo-se a Mrs. Eddy, diz o autor de Twelve Years with Mary Baker Eddy (Doze anos com Mary Baker Eddy), página 115: “Ela provou que nenhuma lei ou poder humano pode impedir ou opor-se à vontade de Deus.”
Temos o direito de confiar na vontade de Deus, Espírito, e dela nos utilizarmos cada vez mais com fortaleza e energia divinas, porque esta vontade de Deus é sempre boa e o seu resultado satisfatório e duradouro. Aprendendo que esta vontade de Deus é inteiramente boa, o nosso medo de nos submetermos a ela, a nossa sensação de falsa responsabilidade e a confiança em nossos próprios esforços e decisões humanas diminuem, e a paz é adquirida. Esta atitude de modo algum nos livra da necessidade de nos consagrarmos à oração e aos esforços bem intencionados, mas nos leva a abandonar planos pessoais.
Uma corajosa e firme perseverança na Verdade, motivada pelo desejo de glorificar Deus, é uma evidência de vontade verdadeira, “o poder e a sabedoria de Deus”, acabando sempre por trazer benefícios. Esta determinação não inclui nenhuma obstinada decisão humana, nenhum senso impertinente de que o nosso desejo e a nossa maneira é que são os únicos certos. Como mortais, não somos sábios; Deus sabe tudo e expressa tôda a sabedoria. Assim é que, com humildade, abandonamos desejos e desígnios pessoais e vemos o nosso pensamento conformando-se, com naturalidade, ao preceito da sabedoria.
Lemos nas Escrituras que quando o Rei Salomão respondeu ao benévolo oferecimento de dons feito por Deus, e êle apenas pediu que lhe fôssem dadas sabedoria e compreensão, não só foram-lhe concedidos êstes dons, mas também as inúmeras bênçãos humanas que os acompanham.
Quando temos um problema a resolver que requer uma decisão, devemos nos lembrar de que nós mesmos nada podemos fazer, mas que por intermédio de Deus nos é dado fazer tudo que é correto e digno. Os pequenos infernos da indecisão e da incerteza só podem ser dominados quando nos valemos da Mente única, que é total e eternamente consciente do bem sempre-presente. O homem, como reflexo de Deus, possui e expressa aquela Mente que é decisiva em ação. Assim sendo, o homem não pode ser exilado para os reinos da indecisão e da incerteza sensuráveis, não é condenado às regiões de negros pressentimentos e julgamentos errados, mas vive eternamente à luz da inteligência divina e não pode jamais extraviar-se do aprisco protetor daquela inteligência.
Devemos nos lembrar destas verdades e nos compenetrarmos de que Deus está sempre conosco, porque Êle é Tudo e está em tôda a parte. Não devemos tentar nada sem Êle. Com Êle podemos tentar e conseguir o que fôr correto. Houve vezes em que a autora, devido ao senso pessoal de responsabilidade e o medo de maus resultados, sentia grande nervosismo e tensão quando necessitava tomar decisões. Foram necessários vários anos de experiência e progresso até que ela adquirisse o bom senso de entregar a situação a Deus e deixasse Êle controlar. A habilidade de poder dizer e sentir: “Tomai a Vós, meu Deus, tomai a Vós”, trouxe finalmente para o seu coração aflito o descanso e a paz que nos invadem ao deixarmos que seja feita a Sua vontade.
As crianças confiam em seus pais e dependem dêles para serem conduzidas pelas ruas movimentadas e poucas vezes temem ou se afligem com o que possa acontecer. Assim, nós também, como filhos de Deus, devemos dar-Lhe a mão, depender do Seu poder, e, com confiança, deixarmo-nos ser conduzidos através e para fóra do deserto da mortalidade. Isto não quer dizer que não tenhamos que nos esforçar. Necessitamos trabalhar sistemàticamente com declarações e clara compreensão da nulidade do êrro e da totalidade de Deus. Isto poderá significar trabalho, mas não um esfôrço penoso. Mrs. Eddy nos diz no Science and Health (pág. 445): “A Christian Science impõe silêncio à vontade humana, acalma o temor com a Verdade e o Amor, e ilustra a ação expontânea da energia divina na cura dos enfermos.” Jesus declarou (Mateus 11:28): “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.”
Uma ilustração do benefício de se deixar que a vontade de Deus governe a situação foi o que se passou com certa estudante da Christian Science e trouxe uma rápida e feliz solução. O fato poderá parecer trivial, para alguns, mas não quando nos lembrarmos que a nossa vida diária é quase tôda ela feita de pequenos incidentes, e que o harmonioso ajustamento e govêrno dêsses pequenos nadas é que mantêm as rodas da atividade correndo suavemente e nos preparam para os acontecimentos mais importantes que nos esperam, então havemos de considerar com proveito as palavras de Miguel Ângelo: “As ninharias fazem a perfeição, e a perfeição não é uma ninharia.”
Preparava-se a estudante para uma pequena viagem de avião e a reserva de passagem fôra feita com muitos dias de antecedência. Havia necessidade de chegar ao lugar indicado a determinada hora. Mas, faltando minutos para a saída para o aereoporto, recebeu comunicação telefônica de que a passagem reservada não seria para aquêle avião, seria para outro mais tarde. No primeiro momento, a mudança nos planos, a falta de consideração pelo fato de ter sido a reserva feita com a devida antecedência, a injustiça daquilo tudo pareceu-lhe insuportável. Veio-lhe, porém, imediatamente ao pensamento: “Como posso eu saber que avião, que hora e que meio é o certo e o seguro para mim? Deixarei isso com Deus e me contentarei em que seja feita a Sua vontade.”
Uma sensação de paz seguiu-se à decisão. Pouco depois, outro telefonema veio comunicar que houvera um engano e que a passagem reservada para o avião que lhe servia estava à sua disposição. Quão segura e inteiramente satisfeita sentiu-se ela na realização de que “o poder e a sabedoria de Deus” haviam prevalecido! Nenhum argumento de sua parte, nenhum ressentimento, nenhum desapontamento e nenhuma obstinada fôrça de vontade trouxera o ajustamento harmonioso, mas, sim, apenas a consciência de que a Verdade e o Amor são a Mente que governa.
Ao enfrentarmos qualquer uma das fases do mal, precisamos saber que só há uma Mente, sómente Deus, e que é bom. Não há Deus e esta ou aquela suposição. Só existe Deus. Nem mesmo existe uma crença no mal. A realização da totalidade de Deus oblitera as crenças e suposições e só deixa fatos. Quando olhamos no espelho, vemos o nosso reflexo, aquilo que é exatamente como o original. Assim, também, o homem, a imagem e semelhança de Deus, Seu reflexo perfeito, é visto como a Sua ideia e manifestação perfeitas.
Deus é Tudo, o Um infinito, mas êste fato da totalidade e unidade de Deus não oblitera o homem e o universo. Deus precisa ser expresso: de outra forma Êle não teria identidade. O homem é a Sua expressão, o Seu descendente espiritual, refletindo-O em qualidades divinas.
Deus é Mente, e a Mente está sempre se expressando. O homem e o universo são esta expressão, a infinita ideia composta de Deus, sempre sob o govêrno da Sua vontade — Seu poder e sabedoria. Sob êste govêrno supremo, cada ideia é segura, intacta e completa.
Não deve haver hesitação, nem medo, nem dúvida ou recuo, ao se declarar confiantemente: “Seja feita a tua vontade” (Mateus 6:10). É sempre uma boa vontade, “assim na terra como no céu”.