Uma das razões por que a Bíblia é tão confortante e prática, é que ela não só menciona os fatos do verdadeiro ser, a totalidade e bondade de Deus e a perfeição de Sua criação—o homem e o universo —mas também explica o que o indivíduo precisa fazer para experimentar a harmonia que Deus lhe deu. Na Bíblia, o requisito para se receber as bênçãos de Deus muitas vêzes é chamado sacrifício.
Para os israelitas primitivos, o sacrifício geralmente significava uma oferta material. Mas um senso mais elevado de sacrifício foi expressado pelo profeta Samuel, quando disse (I Sam. 15:22): "Tem porventura o Senhor, tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar e o atender melhor é do que a gordura de carneiros."
Cristo Jesus conhecia Deus como Pai, como Vida e Espírito. Contudo, mostrou pelo exemplo de sua vida que o sacrifício é necessário. Êsse sacrifício não é um ato externo ou um ritual, é sim a renúncia a um sentido errôneo do eu, para que a natureza divina possa ser revelada.
A Christian Science ensina que Deus é Espírito, o bem infinito, e que o homem, a imagem e semelhança de Deus, manifesta Sua bondade. Por isso, o homem real não tem necessidade de sacrifício.
O sacrifício na Christian Science não é uma oferta material ou uma cerimônia externa; é a purificação consistente e progressiva de nosso modo de pensar, o desembaraçar-se da crença na realidade da matéria, da mortalidade e da discórdia, para que possamos reconhecer e aceitar a bondade infinita de Deus, que já está bem ao nosso alcance.
Mrs. Eddy escreve no livro Science and Health—Ciência e Saúde—(p. 428): "Despojar o pensamento de sua falsa confiânça e das evidências materiais, para que os fatos espirituais do ser possam aparecer,—êste é o grande conseguimento por meio do qual eliminaremos o falso e daremos lugar ao verdadeiro." E em "Não e Sim", ela diz (p. 33): "O sacrifício do eu é a estrada real para o céu."
Se as orações em que pedimos cura começam com a condição material e procuram modificar essa condição, então perde-se o verdadeiro significado do sacrifício, e nossas orações serão ineficazes. Mas se começamos com o Deus perfeito e Seu reflexo,—o homem perfeito,—pautando nosso pensamento e nossas ações por êsse padrão, a oração será eficaz. A lógica divinamente científica começa com Deus e Sua bondade infinita.
Hoje, uma forma comum de idolatria é a fé na medicina material. A mente mortal impaciente, medrosa ou preguiçosa, prefere uma pílula à correção do pensamento, que é o que a cura espiritual exige. Mas a saúde obtida pela fé na matéria não passa de uma crença na saúde e só perdura enquanto a crença a sustenta. Os métodos materiais de cura apenas protelam o dia em que as crenças errôneas têm de ser sacrificadas e a totalidade de Deus bem como a presença eterna do Amor infinito, percebidas.
Quando abandonamos o modo de raciocinar errado, isto é, a fé e a confiança errôneamente depositadas na matéria, não é de nada de valor que nos desfazemos. Em vez disto, obtemos a compreensão de Deus, e aceitamos Suas dádivas de saúde e paz.
Certa vez, um homem perguntou a Jesus o que devia fazer para herdar a vida eterna. O Mestre disselhe que devia observar os Mandamentos. O homem respondeu que os vinha observando desde a mocidade. Jesus disse (Marcos 10:21): "Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me." O homem retirou-se triste, porque "possuia muitas propriedades."
Mais tarde, Jesus disse a seus discípulos que havia pedido sacrifício, não de propriedades materiais, senão da confiança nelas. Não é a riqueza material, é sim a presunção, a cobiça e a desonestidade, que nos impedem a entrada no reino dos céus. Mrs. Eddy escreve (Science and Health, p. 9): "Amas 'o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de tôda a tua alma, e de todo o teu entendimento'? Esse mandamento encerra muito, até mesmo a renúncia a tôda sensação, afeto e adoração meramente materiais."
O caminho do domínio e da liberdade permanentes, é o caminho do sacrifício da materialidade. Só o sentido mortal mentiroso afirma que isto é difícil. Se parece que há sofrimento, não passa isto de uma resistência que o êrro opõe à sua destruição.
Qualquer senso de tristeza ou de opressão perde-se e é substituído pela espontaneidade do júbilo e da alegria, à medida que, cheios de gratidao, aceitamos e utilizamos nossas oportunidades para o verdadeiro sacrifício. Começamos a compreender mais vivamente do que nunca, que Deus é supremo e que o mal é irreal. E descobrimos que não estamos abandonando nada de real, mas, em vez disto, estamos ganhando todo o bem.