Para nos amarmos uns aos outros precisamos compreender-nos uns aos outros; e para tanto precisamos primeiro compreender-nos a nós mesmos e compreender quem nós somos, qual é o objetivo de nossas vidas e como é que podemos alcançar êsse objetivo. Então estaremos em condições de realmente compreender o nosso próximo.
Na Oração do Senhor, Cristo Jesus referiu-se à fonte do ser como o “Pai nosso que estás nos céus” (Mateus 6:9). Isto deve significar que tôdas as pessoas têm uma ascendência espiritual comum. Dêsse ponto-de-vista, e em nosso verdadeiro eu, somos, neste momento, testemunhas vivas do poder, da natureza e da glória de Deus, que é Amor.
Como efeito, o homem demonstra a natureza de sua causa. Êle existe para expressar Deus, para glorificar e honrar Sua presença e Seu poder. Nós demonstramos isso através de obediência à vontade divina, através de uma lealdade inteligente e constante para com o Princípio divino, o Amor. Tal expressão identifica-nos como homem da criação de Deus e habilita-nos a compreender e provar o que realmente somos.
Tôdas as nossas dificuldades provêm da falta de tal compreensão, do ignorarmos quem realmente somos e dos conceitos errados que os sentidos materiais procuram impornos
A maior parte de nós está consciente de que a ignorância engendra o mêdo, o mêdo produz tensões e as tensões, muitas vêzes, libertam as tendências mais baixas, as inclinações inferiores. A não ser que estas sejam devidamente superadas mediante nossa compreensão da natureza real do homem, serão capazes de irromper em completo desrespeito àquilo que é o melhor para todos os interessados, inclusive nós mesmos.
Uma atitude de desrespeito àquilo que é justo, muitas vêzes é o resultado de esperanças desenganadas, de desejos frustrados, de ambições baldadas, e tudo isto nasce da ignorância acêrca de Deus e da relação do homem para com Êle como Sua expressão. Não é preciso adotar essa atitude. Basta que se alcance ao menos um conceito espiritual de si mesmo para vencer as emoções demolidoras.
Todos nós estamos de acôrdo com os conceitos básicos, as idéias fundamentais—por exemplo, o direito de sermos livres, de que nos vá bem—ainda que não concordemos sôbre o melhor modo de introduzi-los em nossa experiência. A Christian ScienceNome dado por Mary Baker Eddy à sua descoberta (pronunciado: Crístien Çá’iens). A tradução literal destas palavras é: Ciência Cristã. ensina que essas coisas básicas, essas realidades do ser, são espirituais. Pensar que elas sejam materiais é interpretar mal sua natureza e perder de vista aquilo que em nossas vidas constitui os valores reais.
Muitas vêzes, pensamos serem nossos próximos aquêles que moram perto de nós. Mas, não importa a distância que separe as pessoas, o Amor as mantém unidas. Ser vizinho de alguém não faz necessàriamente dêsse alguém nosso próximo Para ser um próximo, é preciso que se tenha algo em comum com outros. Temos de conceder a outros aquilo que desejamos para nós mesmos. Por certo, não é sentimento amistoso atribuir a outrem uma qualidade indesejável da qual nós mesmos nos julgamos isentos. Tal ofensa tende a romper relações amistosas e erguer cêrcas mentais e emocionais.
No seu livro Science and Health with Key to the Scriptures — Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras — (p. 467), Mary Baker Eddy escreve: “Dever-se-ia compreender bem que todos os homens têm uma só e a mesma Mente, um só Deus e Pai, uma só Vida, Verdade e Amor.” E ela prossegue: “O gênero humano tornar-se-á perfeito à proporção que êste fato ficar patente; as guerras cessarão e a verdadeira fraternidade do homem será estabelecida.”
Quando sorvemos o espírito do Cristo, nós alcançamos um senso espiritual de existência, isto é, nós substituímos um senso material de amizade para com o nosso próximo por um senso espiritual. Nós passamos a ter o nosso próximo na conta de irmão e nos apercebemos de que em nossas relações mútuas para com Deus como Pai nós partilhamos uma herança em comum. Segundo diz Mrs. Eddy (ibid., p. 518): “Os ricos em espírito ajudam os pobres numa grande fraternidade, em que todos têm o mesmo Princípio ou Pai; e abençoado é aquêle homem que vê a necessidade de seu irmão e a supre, encontrando o seu próprio bem no bem que proporciona a outrem.”
Cumprir a lei é amar a Deus supremamente e ao nosso próximo como a nós mesmos. Os raios revigoradores e iluminadores do Amor habilitam-nos a ver um próximo como êle realmente é, a saber, como filho de Deus. O Amor faz com que se revelem os potenciais espirituais de um próximo como realidades que ainda não foram claramente percebidas.
O Amor é um poderoso sanador, restaurador, redentor. “Se o Cientista alcança seu paciente através do Amor divino,” assim lemos em Science and Health (p. 365), “a obra de cura se realizará numa só visita e a moléstia se esvanecerá, voltando ao seu nada inicial, como o orvalho sob o sol da manhã.”
O Amor divino através do qual um Cientista Cristão se esforça por alcançar seu paciente não é expresso meramente num desejo humano de livrar o paciente de sua doença. Êle é expresso no desejo de reconhecer a natureza impecável do homem como uma manifestação da Alma, no desejo de discernir a verdade do ser real do homem e a liberdade bem como a perfeição do homem na Verdade, antes mesmo que a evidência dessa liberdade apareça humanamente.
O amor puro é o resultado natural da consagrada comunhão com Deus, a fonte de todo ser real. É o amor que não conhece mêdo porque sabe que, na realidade so ser, nada há que recear. É o amor que vê como irreal o pecado ou a doença que se manifesta em outra pessoa e vê que o homem não é contaminado pelo mal, porque o mal não é poder, nem influência, nem pessoa, nem coisa.
